Coração de Lutador – The Smashing Machine

 

Título no Brasil: Coração de Lutador – The Smashing Machine

Título Original: The Smashing Machine 

Ano: 2025

Direção: Benny Safdie

Roteiro: Benny Safdie

Elenco: Dwayne Johnson, Emily Blunt, Lyndsey Gavin

Nota: 4/5

Por Amanda Gomes

Não é segredo que muitos filmes feitos para a temporada de premiações carregam aquela típica “cara de Oscar”. Histórias reais, dramas intensos, personagens que enfrentam forças maiores que eles mesmos. Às vezes, isso funciona, outras, fica com aquele cheiro de produção engessada, feita só para agradar votantes da Academia. Para minha surpresa, “Coração de Lutador” não cai nessa armadilha.

Aqui, acompanhamos a trajetória de Mark Kerr, interpretado por Dwayne Johnson, o nosso eterno The Rock, mas completamente diferente de qualquer coisa que ele já fez. Kerr foi um lutador de MMA que saiu do anonimato para se tornar um astro do esporte, enquanto lidava com dores físicas, vícios e uma relação conturbada com Dawn. O filme não tenta apenas glorificar o atleta, mas mergulhar nas suas contradições: a força no ringue e a fragilidade fora dele.

Dwayne Johnson realmente surpreende. Sempre carismático em blockbusters de ação, aqui ele aparece transformado, quase irreconhecível. Há uma vulnerabilidade em sua atuação que quebra totalmente a imagem de herói invencível que estamos acostumados a ver. Já Emily Blunt, como Dawn, é um espetáculo à parte. A química entre os dois dá peso emocional às cenas, e a forma como ela encarna as inseguranças e excessos da personagem é magnética.

Dirigido por Benny Safdie, o filme aposta em uma estética quase documental: câmera na mão, cortes abruptos, cores sóbrias. Parece que estamos espiando a vida de Kerr, sem filtros nem glamourizações. Esse estilo aproxima, mas às vezes também se alonga em repetições que cansam um pouco. Ainda assim, os momentos mais íntimos, como as crises de dor, a dependência de medicamentos ou os diálogos simples que revelam muito, são os que realmente ficam com a gente depois da sessão.

Não espere grandes lutas épicas à la Rocky. “Coração de Lutador” é menos sobre os ringues e mais sobre os bastidores: o preço da fama, a dor escondida atrás das vitórias e a busca desesperada por reconhecimento. No fim, o longa entrega exatamente isso, um retrato humano, frágil e intenso, sustentado por duas atuações que merecem ser lembradas.

Saí do cinema com a sensação de ter visto não apenas um filme sobre um lutador, mas sobre a luta de qualquer pessoa que precisa se provar para o mundo e para si mesma. E talvez esse seja o maior acerto da produção: transformar a história de Mark Kerr em algo que conversa diretamente com nossas próprias batalhas pessoais.