terça-feira, 2 de setembro de 2014

[ Resenha] O livro de Julieta @cialetras

Título Original : El Libro de Julieta
Título no Brasil  : O livro de Julieta
Autora : Cristina Sanchéz Andrade
Tradução: Rodrigo Peixoto
Editora Paralela
Número de págs: 149







Tem gente ingênua que acha que  a gente que escolhe o livro, mas eu acredito que muitas das vezes é o livro quem escolhe a gente. Afinal , dentre milhões no meio da Bienal do livro de SP eu me deparei com esse. Ao ver qual era o tema comprei 2, um para mim e outro para dar de presente. 
A história de uma mãe e de uma filha que é portadora da síndrome de down não era somente um assunto que me interessa,  mas também faz parte da minha vida há 3 anos .
Em O livro de Julieta, a jornalista Cristina Sánchez-Andrade nos conta como é ser mãe de alguém com a síndrome. Não admite que lhe digam que é um presente de Deus, porque para ela presente é ter um filho normal e ela teve dois mais velhos  antes de Julieta e uma menina depois do nascimento dela: Inéz. Aliás, é com a irmã mais nova que Julieta vive suas aventuras, mesmo com uma diferença de idade de 3 anos de uma para outra a síndrome faz com que a mais nova tenha o mesmo tamanho e aja como a mais velha.
Julieta tem os traços característicos de quem tem a síndrome, ela não é carinhosa como a maioria diz que eles são,ou como julgamos que eles sejam. Sua mãe não suporta que chamem quem tem a síndrome de " eles", tão pouco aceita que seja doença...mas confessa que não queria ter uma filha assim, que não sabe o que teria acontecido se tivesse descoberto tudo antes, se ela teria tirado ou não; a vida de Cristina virou de cabeça para baixo. Ela não só tem uma filha diferente mas também uma criança arteira na qual uma boa dose de paciência se faz necessária todos os dias. Ela faz xixi o tempo todo, ela fica nua no meio da casa, ela faz pirraça e ela não entende muita coisa, e as vezes entende tudo e finge que não .
Sua mãe sofre vendo que ela não é como as demais: ela não cresceu como as outras, ela nem sequer fala como elas e tudo em sua Julieta tem um delay.  Ela sabe o como é duro viver comparando-a com as outras mas não consegue evitar. 
A luta, o amor, a aceitação...tudo está no livro e não por acaso me emocionei, ri e terminei encantada ao saber que é quando estamos nos sentido fracas que encontramos nossa força para defender quem amamos. Julieta sempre será dependente. Mas ela tem deficiência mental e não emocional. Ela ri, chora e quer carinho. Ela sabe que se fizer o que pedem ganha presentes e ela o faz. Mas regride no dia seguinte.
O livro é lindo, é sincero e não teve como não me identificar . Não tenho filhos, mas há 3 anos atrás minha prima ganhou uma Julieta. A Julieta dela é minha afilhada e por mais que eu ou você não saibamos o como é ter um filho com síndrome, minha prima sabe . E acho ela uma vencedora. Porque ela não esconde a filha, porque ela trata como  o outro filho que não tem a síndrome, porque a Julieta dela é tão feliz que não deixa que a tristeza fique estampada no rosto de ninguém por muito tempo.

Não é o ideal , não é o que escolhemos, não é nem sequer o que sempre aceitamos, mas a vida nem sempre é feita de escolhas . Algumas coisas uma força superior escolhe para gente e como diz a Cristina que escreveu o livro não é porque você é especial , porque é uma boa pessoa ....ela mesmo diz que preferia não ser e Julieta ser normal. Mas é que uma coisa  a gente sabe: mãe de verdade não analisa o filho, não encontra defeitos e se o vê , disfarça e foca na qualidade. Por isso mães  são especiais. Fica minha admiração por essas guerreiras e um beijo imenso para todas as Julietas. 


Na foto ao lado apresento a vocês minha " Julieta" : Bia.
A Bia tem 3 anos e cada vez que a encontro é uma vitória ver que ela está se desenvolvendo do seu modo. Ela não é como as outras, mas minha mãe também sempre me disse " que eu não sou as outras" então acho que Bia tem direito de ser assim. Uma coisa ela é : muito feliz e não deixa ninguém que está ao lado dela triste. Seja sorrindo , fazendo careta ou querendo atacar chocolates ( sim, ela ama chocolates!) ela definitivamente é especial sim, para mim ela é a afilhada mais fofa , simpática e querida do mundo <3!
Essa resenha é para todas as Bias e Julietas que existem :) 

18 comentários:

  1. Que lindo, Raffa!
    Adorei a resenha e a Bia é linda! :)

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  2. Também acredito que certos livros nos escolham. Confesso que me emocionei na sua resenha. Sempre falo isso nos blogs que comento..que uma resenha boa, é aquela que te faz emocionar. Seja de maneira positiva, onde você deseje imensamente o livro resenhado..ou negativa, que faz você dizer: Este livro não lerei.
    Sentimento...letras com sentimentos!!!
    E aqui é tudo isso..sentimento puro e verdadeiro.
    Não conhecia o livro, mas vai pra lista de desejados.
    Felizes os que tem uma Julieta na vida...porque penso eu, foram escolhidos a dedo por Deus!!!
    Linda a "sua" Julieta!!!
    Beijo

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  3. Estou impressionada com a sinceridade dessa mãe em admitir q não sabe oq faria se soubesse da doença do bebê antes...
    Por mais q as mães de crianças especiais amem seus filhos, ela esta certa em dizer q tudo oq uma mãe quer é um filho normal e saudável. Requer muita coragem para expor esses pensamentos e não ter medo de ser julgada.

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    1. Mary você tocou num ponto muito importante. As pessoas hoje em dia estão muito preocupadas em julgar umas as outras. Acham que se a mulher expõe o que sente, principallmente quando relacionado a um filho, é porque ela não deseja o filho. E isso faz com que muitas não tenham coragem de demonstrar o que sentem. Acho que o livro dessa autora pode ser um exemplo para as mães que sufocam seus sentimentos e sofrem com isso.

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  4. Muito linda suas palavras e a iniciativa da autora, de escrever este livro tão emocionante,
    gostei muito do conteúdo do livro, isso nos da visão de que a síndrome de Dawo pode
    acontecer com qualquer pessoa, e a qualidade de vida da criança só depende de como enxergamos
    as coisas, A autora cristina mostrou que é humana como qualquer um, e que sentia vontade que a filha fosse sim como as outras, mas apesar disso a amava e apenas queria ser mãe de Julieta, tem pessoas que pensam que é uma doença e que a filha nunca poderá "viver"como as outras, claro que exigem mais cuidados, mas já vi pessoas com a síndrome trabalhando, andando sozinha nas rua, já fui até chamada de gatinha por um mocinho muito lindo e símpatico que tinha a síndrome rs, já vi atores e atrizes com síndrome, e muitas outras profissões, muito lindo este livro, e linda sua afilhada Bia. Abraços!

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  5. Que linda essa homenagem!!!!!
    Amei a resenha e quero muito ler esse livro. Fiquei emocionada :)

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  6. Raffa simplesmente amei sua resenha. É muito bonito você homenagear a Bia desse jeito aqui, e parabéns a sua prima também por ter essa menina linda!
    Quanto ao livro, pode ser meio chocante para alguns o que essa mãe fala, mas aposto que todas as mães de filhos assim já pensaram assim pelo menos uma vez. É triste. Não sou mãe e não sei como é cuidar de uma criança assim, não posso palpitar muito porque não consigo nem imaginar a situação, mas posso dizer que admiro as mães que se orgulham de seus filhos não importa como eles sejam.
    beijos

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  7. Amei a resenha... No final eu já tava emocionada!!! Achei muito bonito a sinceridade da autora de falar a respeito sobre o seu dia a dia com sua filha... Raffa, sua afilhada é linda!! :)
    beijos

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  8. Oi, Raffa!!!
    Amei seu texto! Não conheço de perto a síndrome de down, mas a minha irmã mais velha é autista e sei bem que não é nada fácil. Muitas vezes me peguei pensando e se a minha irmã fosse normal como seria? Se ela pudesse conversar de igual para igual comigo, quantos segredos dividiríamos, quanto nos ajudaríamos...mas a verdade, é que a minha outra irmã mais velha é tão na dela que mal sabemos o gosto uma da outra... Isso é muito triste porque sempre quis muito ter uma irmã de alma, sabe? Então, o que posso dizer é que as coisas são como são. Nem sempre é o que esperamos. Sua resenha tá perfeita e eu amei a autora ser tão verdadeira... Quanto a sua Julieta, ela é linda demais!
    Beeeeeeeeeeijos

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  9. Sua descrição da Bia me emocionou! Ela é linda. E sua resenha ficou ótima. Só fiquei com uma dúvida : esse livro é uma espécie de documentário? Ou tem o fluxo de um livro normal? Não sei se me fiz entender, mas quando falo documentário, me vem na cabeça uma formatação parecida com a do livro "Os Três ", não sei se você conhece...

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    1. Oi Lys

      Não, na verdade ela vai contando fatos da vida dela com a filha em capítulos, li os três sim não chega a ser documentário, é mais como uma biografia dela, pós Julieta. Vale muito a pena. Na Bienal estava custando apenas 8 reais. Não sei se tem para vender em conta assim fora da feira. Li "Os três "e não tem a ver não , é diferente.
      Prepare-se para se emocionar
      beijos

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  10. Oie...
    Fiquei muito emocionada tanto com a sua resenha, quanto pela descrição de sua afilhada!!
    Fiquei muito curiosa para ler o livro, pois gosto de saber como devo lidar com pessoas com tal síndrome!
    Estou fazendo licenciatura e morro de medo de me deparar com alguém que é portador da síndrome e não saber lidar com isso e acabar deixando-o triste, pois sei que eles são muito sensíveis e carinhosos!!

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  11. Não conhecia o livro e me encantei por ele..é um tema bem polêmico mas que muitas mães de "Julietas" deveria ler :)
    E sua "Julieta" é uma fofa ^^

    http://livroaoavesso.blogspot.com.br/

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  12. Amei a história!!!
    Sem sombra de dúvida,ser mãe especial é uma luta porque nossa sociedade é muito preconceituosa
    e não trata "as julietas" como deveria...e quanto ao comentário da sua mãe,nenhum de nós somos iguala outra pessoa...somos todos especiais.
    Sua resenha ficou show!!!

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  13. Oii Raffa,
    Nossa me emocionei com sua resenha, está ótima.
    Realmente tô sem palavras, uma história como essa é na verdade indescritível o sentimento, as alegrias e lembranças de ter uma Julieta é sensacional.
    Bjs

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  14. Eu já tinha lido outras resenhas desse livro, mas nenhuma foi tão tocante quanto a sua...a historia é linda, e nos mostra o quanto tem que haver de amor pra conviver com a síndrome...fiquei emocionada com seu relato sobre a Bia, ela é linda, e com certeza o amor faz toda a diferença!!!

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  15. Oiee Raffa!
    Linda resenha quando vi a capa do livro achei que se tratava de uma história de romance adolescente,é eu não tinha lido aquele enunciado na parte de baixo da capa.O livro deve ser muito emocionante de uma forma geral e mais ainda para quem tem pessoas assim na família.Consegui achar ele por um preço super em conta então pretendo ler em breve.

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  16. Raffa, hoje que li sua resenha. Obrigada por sua admiração e carinho. Minha "Julieta" não é fácil, mas muuuito amadaaaa.
    Beijões. Nanda

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