terça-feira, 27 de janeiro de 2015

[Resenha] O Irmão Alemão @cialetras

Título Original: O Irmão Alemão
Autor : Chico Buarque
Editora Companhia das Letras
Número de págs: 231









Pela primeira vez li um livro de Chico Buarque. Ouço suas músicas desde que nasci, fui a shows, vi filme inspirado em livro... mas nunca havia lido um livro seu. Estranhei ao notar isso já que leio muito e sempre gostei muito de Chico. Mas gosto pelas outras artes, a de compositor, a de músico...e agora completo : gosto como autor.
O Irmão Alemão não é um livro simples, pelo contrário, Chico nos remete ao seu passado e todo momento brinca com a realidade e com a ficção, e confesso que ali me perdi , mas me perdi deliciosamente entre as palavras de um brasileiro que tem o dom delas e que só por isso me encantou ao chegar no final. 
Chico nos conta que descobriu que tinha um irmão, seu pai Sergio de Holanda morou pouco mais de 1 ano na Alemanha antes da guerra e lá fez um filho. Seu pai nunca o conheceu, Chico nem imaginava essa história, e entre a busca pelo passado da família ele cria personagens, ele imagina coisas que esse irmão fez ou faz , seu pai vira Sergio de Hollander, seu irmão alemão é Sergio Ernst e ele é Francisco de Hollander.
Criado entre milhares de livros ele sabia bem a importância deles, é no meio de alguns que encontra cartas trocadas , é entre eles que cresceu admirando o dom da escrita e de ler. Seu pai tinha uma das maiores bibliotecas particulares do Brasil , Chico mexia nos livros com admiração e medo. Se estragasse algum? Passeava os dedos entre as lombadas, observava a barata transitar por eles e deixava. Eram tantos, eram muito...e o menino perdido ali entre palavras que nem sempre ele entendia, entre o que seu pai mais amava e ele apreciava. Mas queria, sempre quis que o pai tivesse mais contato com ele, mais carinho, mais assunto.
A narrativa é descrita em pensamentos, e em cartas. São cartas muito velhas em alemão onde o pai se comunica com o governo alemão , querendo dar apoio aquele filho, depois se faz entender por elas que no meio da guerra o filho foi adotado, e era importante saber se havia algum vestígio de judeu no menino, do contrário seu destino seria outro. O irmão alemão nunca veio ao Brasil, nunca sentiu os braços do pai que não conheceu. No livro o papel da mãe de Chico é aceitar, é se calar, é entender, como toda mãe da época. 

Ciccio - como é chamado no livro como Francisco de Hollander - vaga pela imaginação e nos confunde , explica o que aconteceu mas viaja em certos pontos, e a graça do livro é exatamente se deixar levar pelo " achismo" de Chico, por aquilo que poderia ter acontecido ou pelo que jamais aconteceu, saber separar o que é real e o que não é vira perda de tempo, quando o importante na leitura é se deixar levar pelo jogo de palavras, pelas descobertas de um irmão existente, pela genialidade de Chico Buarque... e deliciar saber mais um pouco da história do compositor que no momento escritor nos presenteia com um livro nã tão perfeito quanto suas músicas, mas no mesmo caminho para se fazer pensar e apreciar. Recomendo. 

6 comentários:

  1. Nunca li nada do Chico.
    Gostei bastante da resenha ela me leva a querer ler esse livro e viajar junto com essa história.
    Beijos Raffa

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  2. Puxa, não conhecia esse lado do Chico..apesar de amar as letras das canções dele e o quanto a inteligência lhe é peculiar.
    Fiquei super curiosa para ler o livro e ver no papel o dom das palavras que esse Mestre sempre teve!!!
    Beijo

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  3. O livro parece ser bem legal. Gostei dessa coisa dele misturar o real com o imaginário, da um toque a mais na história.

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  4. Não sabia desse livro e mesmo sem ter lido nada dele me encantei com a estória,com certeza já está na minha listinha desse ano \o/

    http://livroaoavesso.blogspot.com.br

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  5. Primeira resenha que vejo do Chico Buarque rsrsrs e tbm nao li nda dele, a historia e incrivel, gostei bastante da resenha fiquei com vontade de ler.. bjos

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  6. Nunca li nada do Chico , mas adorei o enredo , porque você viaja na historia pelo fato dele não ter conhecido esse irmão alemão e imaginar o que poderia ter acontecido ...
    beijos

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