quinta-feira, 25 de junho de 2015

[Resenha] Samba @EditoraParalela

Título Original : Samba pour la France
Título no Brasil : Samba
Autora : Delphine Coulin
Editora Paralela
Número de págs: 227






Para início de resenha quis muito saber mais a respeito de Máli, ou melhor, da República de Mali. Sabia muito pouco e ao ver que o protagonista saiu de seu país para tentar uma vida melhor na França quis entender os motivos.  Colonizado pela própria França o país é considerado um dos mais pobres do mundo, com média de salário anual de mil e quinhentos dólares por habitante. Anual! Ou seja, na moeda atual seria se cada pessoa recebesse em média mil reais por ano! Por doze meses! Sendo que tem pessoas que recebem abaixo disso, menos de 400 reais  por mês. 
Apesar do país ser o terceiro maior produtor de ouro da África, o dinheiro não é visto em investimentos para população. E o maliano que queria tanto a independência da França  - conseguida em 1960  - hoje tem como maior sonho conseguir um visto de residência para o país de François Hollande ( atual presidente da França). 
Samba conseguiu entrar ilegalmente no país há 10 anos atrás. Sua trajetória nos é contada em idas e vindas, mas o primeiro capítulo mostra o indo a um órgão de imigração do governo francês saber se seu pedido de visto de residência foi aprovado. Com o papel em mãos após enfrentar uma imensa fila ele é atendido , no que o policial lhe informa que seu pedido foi negado e que ele será preso por ter passado do prazo permitido de estadia no país . 
Começa aí seu desespero. Samba vivia nesses 10 anos com um tio que conseguiu depois de muitos anos se regularizar. Ao deixar sua família para trás sonhou em fazer dinheiro, mandar a eles e com o tempo conseguir ser legal no país para poder visitá-los. Na realidade não foi isso que aconteceu. Passados 10 anos ele somente trabalhou em serviços que o governo francês não considera como essenciais ao país para permitir que estrangeiros sem visto de residência possam continuar por lá. Ele sabe disso, mas mesmo trabalhando sem permissão, na clandestinidade, conseguiu pagar impostos e acha que por isso tem todo o direito de ter seu caso revisto. Para os brasileiros fica complicado entender, aqui no Brasil um ilegal não tem Carteira assinada, portanto , os impostos devidos não são recolhidos. Mas alguns países como EUA e França permitem que os impostos sejam pagos ao governo mesmo a pessoa sendo clandestina, ou seja, eles sabem que aquelas pessoas existem , mas se não forem pegos em " blitz" , continuarão por lá sem serem deportados.
Preso , e sem condições de recorrer , ele agora divide a cela com outros estrangeiros ilegais  - inclusive brasileiros travestis - e tenta de todas as formas se libertar.
A história de Samba é como a de muitos brasileiros no exterior, a de muitos haitianos no Brasil , e muitas outras nacionalidades que fugindo de guerras ou na tentativa de ganharem mais para ajudarem suas famílias entram nos países por matas, barcos irregulares, e muitas vezes nem chegam vivos ao destino final.
É assunto para muitos especialistas, já que muitos acham errado os governos permitirem que ilegais se regularizem - como é de praxe em nosso país, sempre fazem anistia e aí quem não tem ficha criminal se regulariza e pode trabalhar aqui pro resto da vida  - e outros acreditam que o correto é deportar, já que é um verdadeiro absurdo estrangeiros tomarem as vagas de emprego de nacionais. 
Também conhecemos duas voluntárias que fazem de tudo para defender o direito dos clandestinos e regulariza-los : Manu e Alice. 
No meio da ajuda, Alice acaba se encantando com Samba e com seu jeito. 
Fugindo sempre da imigração e agora solto, ele vai tentar encontrar trabalho em outros locais, mas sem autorização de serviço ele vai aceitar até mesmo se passar por seu tio anos mais velho.
Há também uma bonita amizade entre ele e Jonas, um carinho com o tio que sempre lhe ajudou e uma forma única de ver um lugar que não é sua terra natal como sendo parte de você, e assim considerar crime separar você dele.
Samba ama a França, de um jeito que quem vive lá legalmente pode nem perceber, as belezas do país, as coisas simples e o como certos territórios são abençoados.
A França tem tido muitos problemas com a tentativa de entrada de imigrantes ilegais, os casos tem sido noticiados até mesmo nos jornais, o livro veio na hora certa, com uma história comovente, mas por vezes triste, extremamente emocionante .
Contar mais dela seria um pecado, cabe ao leitor se deliciar com um novo mundo, com esse protagonista sofrido mas incrível e com suas descobertas. Louca para ver o filme. Que livro, que história! 

3 comentários:

  1. Estas histórias baseadas em realidade, sempre conseguem fazer com que paremos a leitura só para pensar em que mundo vivemos. Nesse lance de não poder ir onde se quer, trabalhar onde se deseja e para quem sonha mais alto ainda, viver em outros países. Penso eu, que deveria ser tudo aberto..livre. Onde todos tivessem autoridade sobre seus próprios pés. Mas...não é assim, infelizmente e vemos histórias como a de Samba todos os dias.
    Gosto muito dessa viagem na cultura, no aprendizado de outros países e suas leis e costumes.
    Lerei com certeza!!!!
    Beijo

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  2. Oi Rafa o livro e bem interessante refere a realidade que ainda vivemos, na minha cidade msm la em minas tem gnt que vive com 200 reais por mês, é um absurdo isso, fiquei com mto curiosidade para saber mais sobre o livro, e so pela a resenha ja gostei do personagem samba rsrsrs, bjos

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  3. Foi direto para a lista justamente porque é uma realidade diária, né? Pessoas estão nessas condições e buscam uma saída, mas não deve ser nada fácil. Não sabia do livro e nem do filme, mas tentarei fazer a leitura antes de assistir.

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