domingo, 12 de junho de 2016

[Resenha] Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca Foi @edvalentina

Título Original: Wann wird es endlich wieder so, wie es nie war
Título no Brasil: Quando Finalmente Voltará a Ser como Nunca Foi- A Loucura está do Lado de Dentro ou de Fora? 
Autor: Joachim Meyerhoff
Editora Valentina
Número de págs: 348
Tradução: Karina Jannini


Recentemente ouvi em uma entrevista com um diretor que tinha feito um filme sobre um hospício que a sociedade não aceita os loucos porque eles não produzem. Parei muito para pensar e é verdade, fugimos deles, nos encondemos quando temos alguém da família desse jeito e sentimos vergonha se a loucura está em nós mesmos, é difícil para o ser humano aceitar e reconhecer que a loucura pode fazer parte de nós mas que existem limites em que podemos conviver com ela e quando eles passam do aceitável precisam e devem ser tratados.
Em Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca foi - A Loucura está do lado de dentro ou de fora? o autor alemão Joachim Meyerhoff mergulha no ambiente de uma família nada comum. A capa do livro lembra de outro sensacional Precisamos Falar Sobre Kevin mas aqui o vilão não é o protagonista. A loucura em outra medida e tratada e aceita por uma família que aprendeu a conviver com ela.
O pai de Joachim ( o autor empresta seu nome ao personagem) é diretor do hospital psquiátrico com mais de 1200 pacientes com deficiências mentais e físicas, acostumado a conviver com esses pacientes o menino tem dificuldade para saber o que é normal e o que não é, já que volta e meia almoça com os doentes mentais e passa as tardes com eles inclusive se acostumando a dormir com os gritos destes.
O livro começa com o protagonista aos 7 anos indo para escola pela primeira vez sozinho e se deparando com um homem morto, o que poderia causar um trauma em muitas crianças para ele acabou virando lugar comum, afinal nada na sua vida era como na casa das outras crianças. Sempre acompanhado de seus outros 2 irmãos, a família convivia entre o surreal e o normal, deixando com que a atenção que o pai deveria dispensar em casa fosse recompensada com horas de terapias eternas mais tarde. Sem perceber o como era ausente para seus filhos e excelente para seus pacientes, o pai vai levando a vida enquanto a mãe é cúmplice e aceita que a casa seja apenas um anexo do trabalho dele. A impressão que temos é que o hospital está sempre em primeiro lugar e os filhos em segundo, Joachim passa sua vida e vai crescendo com personagens que não acrescentam ensinamentos mas sim o perturbam sem que haja uma explicação e uma atenção maior da onde é comum d forma que agem e da onde estão passando dos limites.
Exemplo disso é quando seus pais aceitam hospedar em sua casa uma menina que tentou se matar, a garota em nada ajuda os, pelo contrário, ela os contagia com sua baixa energia e sua vontade de dizer adeus ao mundo. Parece e o é incrível que um pai tão por dentro da mente humana esqueça de aplicar o que aprendeu em sua própria casa. 
Ao vermos a família crescendo e o tempo passando o leitor tem certeza que os fantasmas da loucura vão fazendo vítimas a como - por exemplo- cada vez que Joachim tem ataques de cólera sem motivo. Ou teriam motivos sim, guardados a sete chaves mas que precisam ser tratados e o pai não dá a menor atenção aos sintomas.
O filho mais velho é um belo exemplo de que as coisas não andam bem na casa, já é repetente 3 vezes e aos 20 anos ainda está na escola, mas não parece haver cobranças nesse quesito. Soa bizarro e é.

O autor nos leva ao mundo da família onde como espectadores temo certeza de que faltou não somente atenção mas também amor às filhos que tentam se adaptar à realidade que os colocaram. Com o passar do tempo o perfeccionismo da relação do pai com a mãe cai por água abaixo e o que resta é que se separarem, cada um vai para  o seu lado e os filhos já grandes saem de casa.
Quando Joachim vai para os EUA e recebe uma ligação sobre a morte de alguém da família faz com que ele retorne urgente tentando reatar laços que nunca foram bem construídos.
De todas as formas o livro mexeu comigo, a loucura é algo escondido e não revelado e quando temos alguém próximo que a tem a escondemos de todos, de certa forma temos vergonha e culpa quando isso acontece e só quem passa por isso consegue entender o como sofremos calados antes de procurarmos ajuda especializada.


Terminei a leitura impressionada no como o autor mergulha no mundo diferente da loucura e nos coloca em uma situação de repensar no como temos lidado com isso. Tão delicado quanto forte, tão insano quanto real esse livro merece ser lido, não é romance com final feliz, é realidade e como sabemos fora da ficção nem tudo são flores, sensacional esse livro.  

4 comentários:

  1. Desde que a editora lançou o livro fiquei com vontade de ler, agora quero ler mais ainda ^_^

    Beijos :)

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  2. Quando você mostrou que estava lendo esse livro, o título me chamou muito a atenção e fui procurar sobre o que se tratava. E claro que fiquei impressionada.
    Não é um roteiro comum, utilizado em livros. Lembra sim, Kelvin..mas só lembra. Por que de fato, a história é totalmente inversa. A loucura não é somente presente em um personagem..é no contexto inteiro.Desde o hospital até na vida de cada um dos personagens..Loucuras diferentes, mas que mostram o que o ser humano traz de mais escondido e negro.
    Lista de desejados com certeza!!
    Beijo

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  3. Ainda me surpreendo com suas resenhas! Sempre fico com vontade de ler mais e mais, gente é simplesmente fantástico a forma como você narra o que sente ao ler os livros. É um dom, não tenho dúvidas, Parabéns. Em relação ao livro, ainda não li, mas fiquei curiosa pela leitura. Me parece que a loucura se tornou algo rotineiro e cotidiano para a família e o descaso do pai pela família é algo que tem sido vivenciado pela sociedade. Acho que está ai uma leitura que deveria ser lida e ensinada a toda a sociedade, não apenas aos leitores vorazes como nós.

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  4. Esse vai pro topo da lista...sua resenha tá expressando o quão impressionada vc ficou com a leitura,gosto de livro assim forte e real.
    Bj.

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