quarta-feira, 27 de julho de 2016

[Resenha] Papa Mike + Entrevista com o Autor

Título Original: Papa Mike - A realidade do Policial Militar
Autor: Sargento Lago
Número de páginas: 236



Descobri que sabia muito pouco dos policiais militares. Não sabia por exemplo o porquê do título do livro. E aqui vai uma explicação: Papa Mike é como são chamamos no Brasil os policiais militares enquanto os civis são conhecidos como Charlie. 
Quando comecei a ler Papa Mike escrito pelo sargento reformado Samuel do Lago, me deparei com um mundo tão próximo mas ao mesmo tempo tão distante do meu. 
Após 30 anos servindo o sargento se aposenta e opta por ir  a fundo no que conhece bem: sua profissão. Prestes a se divorciar e querendo mostrar a todos como é a vida dos policiais ele viaja esse imenso Brasil conhecendo quartéis e colhendo depoimentos de policiais que já passaram por muitas coisas que ele conhece bem. 
Há um ponto em comum entre todos que ele destaca desde o início da leitura: a desglamourizarão da profissão. As mulheres podem até se encantar com homens fardados para namorar, mas  a sociedade e a mídia não param de rotular todos como corruptos. Generalizando toda uma classe e esquecendo de todos os atos nobres que fazem diariamente. Sabemos que são mal remunerados e treinados, mas esperamos deles que ajam como heróis, o que esquecemos é que mesmo armados eles tem sentimentos. Nesse livro o sargento mergulha de cabeça em sua história e na de muitos para nos mostrar que são durões quando necessário mas que também sofrem de coração partido. 
Julgamos o tempo todo sem pensar no que nos trazem de bom. Se nos dão segurança damos um obrigada tímido, mas se erram vão para capa dos jornais para todos serem encaixados no mesmo padrão, o de que se um não presta, ninguém presta. 
Como toda história real, é sempre interessante conhecer como é o dia a dia de quem se arrisca para que sejamos protegidos, é tão mais fácil culpar o policial do que os erros de corrupção de políticos engravatados...o que a maioria não enxerga é que para estarem ali abriram mão de muitas coisas, inclusive de momentos com as famílias, e como o tempo não volta, lhes resta recuperar posteriormente, mesmo sabendo que nunca serão reconhecidos pelos esforços feitos.
De homem da lei a apaixonado, de cantor - sim, o sargento tem até cd gravado!- a escritor, Lago nos mostra que não há limites para quem já se arriscou tanto, medo não parece ser parte do vocabulário, e para quem já dedicou tanto a uma profissão que se orgulha, mostrar o lado real dela é essencial.
Recomendo muito essa leitura, finalizei o livro querendo que mais pessoas lessem.


* Para que vocês conhecessem mais sobre o livro, fiz uma postagem completa ! Tem vídeo no Canal - que vocês podem assistir abaixo - , tem a resenha escrita acima e uma entrevista com o Sargento Lago. Espero que gostem ;) 

ENTREVISTA COM O AUTOR:
1-      Quando o senhor começou a escrever o livro pensou que alguns Departamentos da Polícia poderiam não gostar do conteúdo ?

Sargento Lago : Sim, imaginei que poderiam não gostar. mas avaliei que se fosse para escrever apenas o que eles gostariam não haveria necessidade de escrever o livro."

2-      Um dos pontos levantados diversas vezes no livro é que a profissão de policial militar não é reconhecida pela população. Qual influência o senhor acredita que a mídia tenha nessa visão distorcida de que todos os policiais são corruptos?

Sargento Lago: "Uma grande influência, para não generalizar e dizer que toda. Não interessa pra mídia falar das boas ações da PM, não dá ibope. A velha história: O que chama mais a atenção? Falar que o cachorro mordeu a mulher ou que a mulher mordeu o cachorro?
Não bastasse essa desproporção na divulgação dos acertos e erros da corporação, os programas de TV sempre apresentam policiais estereotipados.

3-      Sua vida pessoal é citada muitas vezes no livro inclusive quando o senhor menciona que a deixou de lado para se dedicar à profissão. Se pudesse voltar no tempo, ainda escolheria essa profissão?

Sargento Lago: "Se tivesse condições teria sido jornalista. Mas quando me formei já estava há 15 anos na PM. Em condições e oportunidades semelhantes seria policial militar novamente, com toda a certeza."  

4-      Se pudesse escolher o melhor e pior de seus 30 anos servindo a população, o que lhe vem à mente?

Sargento Lago: "Fiz uma canção com o título "Vocação", falando da minha profissão, em que o refrão diz: "A primavera já floriu e eu sorri - Mas o inverno vai me fazer chorar - Eu já perdi a conta de quanto sofri - Porque fui mais feliz e não deu pra contar"
Tive muitas alegrias e tristezas na profissão. Não saberia dizer qual foi o melhor momento porque foram muitos, mas o pior, sem sombra de dúvidas, foi quando tive que combater os maus policiais que trabalhavam comigo. Corri muito perigo.  



5-      A viagem que fez ao redor do Brasil para mostrar em seu livro  as dores e delícias do policial militar serve de exemplo para o leitor ter dimensão de quão a vida de quem escolhe a profissão não é fácil. Acredita que lendo seu livro você incentivará ou desmotivará aqueles que ainda estão em dúvida se devem optar pela profissão?
Sargento Lago: "Acredito que os vocacionados ficaram com o coração fervendo de vontade de ingressar logo na corporação para ter as próprias experiências. Os demais vão repensar a decisão. "


6-      Nesses 30 anos certamente o senhor passou por momentos de tensão, algum deles você chegou a achar que não sobreviveria para contar história?
Sargento Lago: "Muitos. No livro eu relato alguns deles."


7-      Ás vésperas dos Jogos Olímpicos pela primeira vez em um país da América Latina, nossos policiais são notícia por serem mal  renumerados e mal vistos pela população. Acredita que os jogos possam fazer com que as pessoas mudem a visão que tem atualmente da polícia militar do Brasil?

Sargento Lago: "Não será um evento curto como as olimpíadas que vai contribuir para essa mudança de opinião. Se der tudo certo ninguém vai lembrar da PM e ainda darão crédito às demais forças que estão envolvidas na segurança. Se der alguma coisa errada e for no setor de competência direta da PM... Já sabe, né? "


8-      Referente ao tema que mais estamos falando no momento: o terrorismo. Qual sua opinião sobre os riscos que sofremos? São Paulo que foi onde serviu também receberá os jogos através da Cidades do Futebol, acha que o terrorismo deve ser mais preocupante nessa época do que nossas preocupações diárias com a segurança tanto do Rio quanto de SP?

Sargento Lago: "Nosso problema com segurança é crítico em todas as épocas. Mas não podemos descartar a possibilidade de atos terroristas durante as olimpíadas, principalmente porque tem um monte de mente vazia que, independente de ideologia, pode querer fazer alguma besteira, pelo simples fato de querer reproduzir o que veem na mídia. Pode observar: toda vez que a imprensa noticia determinado crime logo aparece outro semelhante em local distante daquele. Parece que as pessoas que querem praticar o mal são municiadas com a sugestão."



9-      Para finalizar, gostaria de saber quais seus planos com o livro. Gostaria que virasse série ou filme? Pensou alguma vez que isso poderia acontecer?

Sargento Lago: "Meu desejo principal é que o conteúdo do livro chegue ao conhecimento do maior número possível de pessoas. Como relato situações da intimidade da corporação, acredito que tal conhecimento favorecerá para que as pessoas que gostam  de falar da e sobre a polícia militar tenham discussões mais embasadas sobre o tema e isto promoverá a evolução da profissão e contribuirá para que a sociedade tenha uma polícia ainda mais qualificada."

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Para conhecer mais sobre o autor clique aqui 


Vídeo Resenha Canal da Menina:


3 comentários:

  1. Este assunto "polícia"..é algo que nos traz profundos divagamentos. Tem realmente esse pré-conceito estipulado a todos nós, desde quando passamos a entender que polícia castiga, é do mal.
    "Corre pra dentro logo ou chamo a polícia". Que mãe nunca ameaçou assim? Tantas e tantas vezes criamos esta imagem. E fica complicado mesmo ao crescer, tirar essa imagem da cabeça, ainda mais quando ligamos a tv e nos deparamos com os crimes que eles comentem quase que diariamente.
    Estão todos cansados, mal humorados..e sei lá..é difícil não generalizar.
    Não sei se lerei...mas é um assunto que deve sim, ser abordado.
    Beijos

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  2. Uma pena que por causa de alguns corruptos todos levam a fama :(

    Beijos ^_^

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  3. Que legal a entrevista, parabéns Raffa!
    E fiquei muito curiosa pra ler o livro e conhecer mais da profissão, que realmente é mais mal falada que tudo.
    Quando eu precisei acionar a polícia, fui muito bem tratada, não posso reclamar, mas que eles muito xingados, isso são, até mais que bandidos!
    bjs

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