domingo, 25 de março de 2018

Menina que ia ao Teatro: O Topo da Montanha [Crítica]

Título Original: The Mountaintop
Título no Brasil: O Topo da Montanha
Autora: Katori Hall
Direção: Lázaro Ramos
Elenco: Lázaro Ramos e Taís Araújo
Theatro NET Rio
em cartaz até dia 29 de abril











por Raffa Fustagno
Em 2009, Katori Hall assinava um texto baseado em seu livro para a peça de teatro em Londres onde Martin Luther King conversava com uma camareira no hotel no último dia de vida. É ficção mas parte da história sabemos que ocorreu, King de fato foi assassinado na sacada do hotel que estava um dia antes de sua próxima marcha. 
A peça fez um sucesso tão grande que em 2011 na Broadway estreou uma nova montagem dessa vez trazendo dois ícones de Hollywood: Angela Basset no papel da camareira e Samuel L. Jakson como Martin.
Não assisti às montagens lá de fora mas arrisco dizer que a nossa não deixou nada a desejar.




Vale lembrar que Lázaro Ramos é um espetáculo à parte em cena, com uma atuação que faz  a plateia interromper uma das cenas para bater palmas.
Sozinho em seu quarto de hotel, King que viajava muito em prol de sua luta pelo fim da segregação racial de seu país, recebe a camareira interpretada por Taís Araújo. Bem no papel , ela faz uma atuação mais puxada para comédia, ainda que o drama exista e esteja presente em muitas coisas que ela fala dos brancos.
Não poder frequentar certos lugares, usar banheiros diferentes, sentar apenas na parte detrás do ônibus, para Camae ( Araújo) tudo isso não será resolvido com marchas, para Martin isso é o início de uma causa que ele acredita que terá final feliz. Isso faz com que ele deixe esposa e filhos para se dedicar em viajar o país em nome dessa batalha.
Assim como aconteceu com Pantera Negra, a peça é um tapa na cara da sociedade branca, inclusive da brasileira. Entender e ter empatia com a dor de preconceito aos nossos semelhantes fica ainda mais visível em textos como esse, onde atores negros falam sobre tudo que sofrem apenas pela cor de sua pele.
O nome da peça é uma homenagem ao texto "I´ve been to the mountaintop" que Martin falou um dia antes de seu assassinato.
A carga de emoção é sentida muitas  e muitas vezes e se nenhuma das cenas te emocionar , calma...o final consegue.
Em homenagem à vereadora Marielle assassinada recentemente no Rio de Janeiro, o rosto dela aparece no palco, os atores se emocionam, a plateia aplaude de pé - e aqui deixo um comentário de que pela primeira vez vi a plateia metade branca e metade negra, fui separar nisso depois que a moça ao meu lado disse que se sentia orgulhosa por estar em um lugar com muitos de sua raça- e gritam "Presente". Símbolo da luta da falecida vereadora.
Deixo aqui minha recomendação para assistirem e uma frase de Viola Davis quando ganhou o Emmy: “A única coisa que separa mulheres de cor de qualquer outra pessoa é oportunidade. Você não pode vencer o Emmy por papeis que não existem”.
A Menina que comprava livros trabalha com verdades, e Viola é rainha por isso, as diz, doa a quem doer.

4 comentários:

  1. Bem, vamos por partes(Jack Picadinho agradece)
    Mas gosto demais do trabalho do Lázaro, tanto na parte de atuação, escritor e como pessoa, pois acho que ele tem um carisma próprio. Sem forçar em nada, ele agrada a todos(ou a quase todos)
    Já com sua nobre esposa, não consigo gostar ou admirar o trabalho dela. Nada pessoal, só não vejo naturalidade nela.
    Mas voltando à peça, como já disse, não tenho acesso a teatro na minha cidade, tem até um prédio lindo aqui, mas que só serve para exposições de arte e nunca peças de fato.
    Então, sou meio alienada neste assunto! Viola é maravilhosa e tais palavras claro não sairiam de outra pessoa. Só não entendi a parte da separação entre "raças".
    Ainda assusta ler ou ouvir comentários assim!
    Adorei tudo que vi e li.
    Beijo

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    Respostas
    1. Oi Angela

      Td bem? Obrigada por seu comentário, a peça se passa no ano de 1968 quando nos EUA os negros não tinha direito a muitas coisas. Por exemplo: os banheiros eram diferentes. Os negros não podiam usa o banheiro dos brancos. Nos Õnibus os últimos bancos eram destinados aos negros, eles não podiam sentar em nenhum outro.
      Absurdo demais,né? Bjs

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  2. Olá!
    Tenho ouvido flar mto dessa peça, não sou mto fã de teatro mas alguma peças sempre me chamam atenção e esta é uma delas, parece ser mto bacana ainda mais com os atores que curto.
    bjs!

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  3. Queria tanto ver a peça! Adoro o Lázaro e a Tais!!!

    Beijos ^_^

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