Menina que via Filmes: Por Trás Dos Seus Olhos [Crítica]

Título no Brasil: Por Trás dos Seus olhos
Título original: All I See Is You
Data de lançamento: 22 de Março de 2018
Direção Marc Foster
Elenco: Blake Lively, Jason Clarke, Wes Chatham, Danny Huston, Ahna O'Reily, e mais.
Gênero: Drama
Nacionalidade: Tailândia e USA

por Cecilia Mouta

O filme começa com uma cena de sexo entre Gina e James. Logo no ínico da história já podemos perceber o tom de intimidade na qual seremos conduzidos. Na cena seguinte, o casal vai ao oftalmologista. Gina é uma mulher cega e descobre, nos primeiros minutos de filme, que terá a oportunidade de fazer um transplante de córnea e voltar a enxergar. A notícia anima o casal, que também está tentando engravidar. Na volta para casa, animados, vemos muitos gestos e planos cinematográficos que evidenciam o quanto um zela pelo outro. 

Agora, aguardando a chamada da lista de espera para o transplante, eles voltam para suas rotinas. Gina faz natação e toca violão com uma menina de uns dez anos, e James trabalha fora. Após uma saída à noite que termina em briga, Gina recebe a ligação do hospital. Enquanto está na mesa de cirurgia, nos é dado uma dica do que aconteceu com Gina para ela ficar cega, mas nada fica muito claro ainda.

Feito o transplante, Gina quer ver o mundo. James, então, marca uma viagem para os dois voltarem para o mesmo local da lua de mel e logo depois iriam para a Espanha visitar Carla, a irmã de Gina. Com sua visão do olho direito recuperada, Gina começa a se descobrir como uma nova pessoa, começa a descobrir também seus interesses sexuais, seus fetiches. Mas ela e James não estão na mesma sintonia e o casal começa a ter atritos.

A viagem para a casa de Carla ajuda a esclarecer sobre o passado e o motivo da cegueira é revelado numa cena que tinha um grande potencial dramático, mas deixou a desejar.

De volta à casa, as mudanças continuam. O ponto alto da história, o turning point, acontece numa mesa de jantar, quando Gina pergunta a James se ele a amava mais quando ela era cega. E ele pergunta a mesma coisa. Dali em diante, as atitudes dos personagens parecem se confrontarem constantemente com esse questionamento até o desenrolar de um final interessante e minimamente satisfatório. 

A direção é a melhor parte do filme: muitas cenas com efeitos ópticos, imagens borradas e distorcidas. Em algumas transições de cena, Foster usa uma tela completamente fosca, em que o espectador não consegue ver nada (assim como a personagem) e nós nos sentimos perdidos (geograficamente) na história, ouvindo apenas vozes. São muitos planos detalhes e o som de coisas cotidianas, como uma água caindo do chuveiro, o mover de um móvel, tudo isso estava mais elevado (assim como na audição de um cego). 

Com um roteiro fraco, que falha muitas vezes ao criar conflitos rasos, e atuações medianas, o que salva Por Trás de Seus Olhos  de ser um filme ruim é a ótima direção de Marc Foster, que consegue trazer, com maestria, para os sentidos do espectador a realidade da personagem principal.

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