Menina que via Filmes: Uma Noite de 12 Anos [Crítica]

Título Original: La Noche de 12 Años
Título no Brasil: Uma Noite em 12 Anos
Data de lançamento 27 de setembro de 2018 (2h 02min)
Direção: Alvaro Brechner
Elenco: Antonio de la Torre, Chino Darín, Soledad Villamil mais
Gêneros Biografia, Drama

Nacionalidades Uruguai, Espanha, Argentina
#166

por Reinaldo Barros

Em tempos sombrios tendemos a sucumbir quando não mais enxergamos uma solução para nossos problemas. A racionalidade é empobrecida e logo abandonada, em seu lugar surgem o ódio e o medo que nos dão força para enfrentarmos o inimigo, o grande responsável pelos nossos problemas. Essa foi e ainda é a base que inúmeros governos ditatoriais implementaram para viabilizar sua existência. Eles chegam e apontam o dedo para seus desafetos, responsabilizando-os por tudo de errado e como solução sugerem a violência e o extermínio do mal (Os outros).

Uma Noite de 12 Anos nos conta a história de 3 homens que foram “esses outros”, tendo permanecido como reféns e não presos políticos, durante toda a ditadura uruguaia. O filme é baseado no livro Memorias del Calabozo de Mauricio Rosencof (Russo) e Eleuterio Fernández Huidobro (Ñato), ambos os escritores são os protagonistas desse filme ao lado de seu ilustre amigo José Mujica (Pepe). A ditadura no Uruguai foi instaurada com os pretextos de reformar a constituição para reafirmar os princípios democráticos, reorganizar o país moral e materialmente e trazer segurança para o desenvolvimento nacional. E como sabemos o país de fato só prosperou social e economicamente quando os militares deixaram o poder.

Depois desses longos parágrafos introdutórios falemos do filme! Antes de mais nada é importante saber que não se trata de uma ficção, muito pelo contrário, aqui é retratado como foi a vida de Pepe, Ñato e Russo durante o período em que foram reféns. Por que reféns e não presos? Porque a eles não era garantido os mesmos direitos que os presos comuns. O objetivo dos militares era enlouquecer os 3 e para isso os privavam de tudo, tudo mesmo. Eles por exemplo não podiam se exercitar dentro da cela ou da área demarcada, não podiam ver o sol, ou comunicar-se com os outros. Em um dos cativeiros Pepe apenas interagia com ratos, com quem compartilhava os restos de comida misturadas com guimbas de cigarro que recebia como alimentação.

O filme é duro e forte o tempo todo, é impossível não se comover com a situação dos três, impossível conter as lágrimas ao ver o esforço de uma mãe idosa para visitar seu filho. Em Uma Noite de 12 Anos vemos o definhamento de perto desses três seres humanos, que fazem de tudo para se manterem sãos, lutando contra a loucura advinda do confinamento e da tortura psicológica.

Não há o que reclamar, acrescentar ou retirar. Nem mesmo a trilha em inglês tira o brilho da obra, pois todo o resto é incrível e sem nenhum exagero. Os atores Antonio de la Torre (Mujica), Chino Darín (Russo) e Alfonso Tort (Ñato) estão impecáveis! Tente não fechar os olhos ou tapá-los com as mãos quando eles estiverem moribundos no chão, aí você terá entenderá o porquê da minha afirmação.

Minha única lamentação é que esse filme não chegará a todos que precisam assisti-lo para se conscientizar do que foi e do que sempre será uma ditadura.

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*Cabine de imprensa à convite da distribuidora

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Confiram minha crítica em vídeo:

por Raffa Fustagno

Trailer do Filme