sábado, 22 de setembro de 2018

Menina que via Filmes: Vidas Secas [Especial Festival Remaster]

Título Original: Vidas Secas
Baseado na obra de Graciliano Ramos
Data de lançamento 4 de maio de 1964 (1h 43min)
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Elenco: Atila Iorio, Maria Ribeiro (II), Orlando Macedo mais
Gênero Drama
Nacionalidade Brasil







por Bianca Silveira

Vidas Secas e o Festival Remaster

Quarta foi dia de conferir a abertura do Festival Remaster que começou ontem (20) e vai até dia 26 de setembro onde você vai poder conferir grandes clássicos do cinema nacional remasterizados. Assim que cheguei ao evento todos eram recebidos drinques feitos na hora para aguardar o início da exibição do filme Vidas Secas (Meio contraditório, não?). Grandes clássicos como Assalto ao Trem Pagador de 1962 e Carmem Miranda: Banana Is My Business de 1995 serão exibidos durante o festival.

O filme de inauguração foi Vidas Secas do diretor Nelson Pereira dos Santos adaptado do grande clássico literário homônimo de Graciliano Ramos e foi exibido originalmente em 1964 a agora foi totalmente restaurado e será exibido para o grande público durante o festival. O longa retrata a vida de uma família de retirantes do sertão nordestino que tenta escapar da seca e vagam sem destino certo até finalmente encontrarem uma fazenda abandonada no meio do nada. Após um breve período de chuva o dono das terras retorna com seu gado e Fabiano (Atila Iorio), o pai da família, se oferece para trabalhar para ele. 

A família vive em condições subumanas e mesmo Fabiano tendo algo que ele chama de trabalho seu patrão lhe rouba e ainda o humilha constantemente. Seus filhos não estudam e seus pais também mal sabem falar, muitas vezes suas reações são grunhidos ao invés de falas por pura dificuldade de se comunicar com clareza. Na cidade Fabiano se sente inferior e é tratado como tal, já Sinhá Vitória (Maria Ribeiro), a mãe, vive na esperança de “virar gente” e conseguir uma cama de couro e viver com um mínimo de dignidade. Os filhos sem conseguir frequentar a escola não conseguem satisfazer suas curiosidades naturais de crianças pois seus pais não têm o conhecimento e estudo necessário para ensiná-los e se sentem frustrados.
O tempo vai passando e a seca vai voltando e com ela vem junto o sofrimento da família que alterna momentos de desespero, não vendo sentido em continuar vivendo e momentos de esperança e fé de que um dia irão encontrar um lugar melhor para morar, um lugar decente onde não exista seca e finalmente possam levar uma “vida de gente” de verdade.
O filme é um clássico do cinema brasileiro e retrata uma realidade que ainda existe no nosso país apesar de ter sido lançado em 1964. A seca no nordeste ainda é uma triste realidade e mais triste ainda é saber que pouca coisa mudou e que pouco foi feito. E foi um pouco desconfortável assistir à um retrato do sofrimento de um povo dentro de uma sala gelada de cinema em meio ao som do gelo de copinhos de drinques e imaginar o quanto esse povo sofreu e ainda sofre com a seca e também com a discriminação quando saem de suas terras em busca de uma vida mais digna.

**********

Sobre O Festival Remaster
Entre os dias 20 e 26 de setembro, acontece, simultaneamente em sete cidades do Brasil, o “Festival
Remaster, Clássicos do Cinema Brasileiro”. O evento, que leva às salas de cinema produções
clássicas da sétima arte brasileira remasterizadas, remonta a experiência de quando esses filmes
estrearam, numa rara oportunidade de rever – ou até mesmo assistir pela primeira vez – na tela
grande, filmes altamente significativos para a nossa cultura, valorizando o cinema, a nossa memória
e nossa história.
Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos; O Homem da Capa Preta (1986), de Sergio Resende; República dos Assassinos (1979), de Miguel Farias Jr; Luz Del Fuego (1982), de David Neves; Vai Trabalhar Vagabundo (1973), de Hugo Carvana; O Assalto Ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias; e os documentários Os Doces Bárbaros (1977), de Jom Tob Azulay; e Carmem Miranda: Banana Is My Business (1995), de Helena Solberg são os filmes que serão exibidos em oito salas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Salvador.
Preservação, acervo, memória e cultura brasileira. Uma discussão sobre a vasta qualidade do cinema nacional a partir da apresentação de diversos títulos agora remasterizados com qualidade digital e de volta às salas espalhadas pelo Brasil. Uma homenagem aos cineastas brasileiros em toda a força de sua vitalidade original. É disso que trata o Festival Remaster” explica Alexandre Rocha, um
dos realizadores do Remaster.
Filmes que marcaram época, foram premiados e aclamados pelo público, levaram milhares de pessoas ao cinema, emocionaram, instigaram, fazem parte do nosso imaginário coletivo - e são referência para várias gerações. “O processo de poder termos, de volta aos cinemas, filmes que marcaram época e que nos contam muito de nossa história é fundamental e tem que ser contínuo.
Esse é um movimento que deveria ser mundial, pois não podemos perder nossa memória. Em 2018, iniciamos uma nova onda com o Festival Remaster, que é apenas o começo, e que representa um projeto bem mais amplo”, antecipa Marcelo Pedrazzi, um dos produtores do Festival.
"É um orgulho realizar o Festival Remaster e ele já começar em diversas cidades. Estar envolvida na produção deste projeto relevante para a memória do cinema nacional é cuidar da preservação da nossa cultura. Que seja a primeira de muitas edições” comenta Cristiana Cunha, produtora do projeto.
A produção cinematográfica brasileira ao longo de todo o século XX nos presenteou com algumas obras primas. No entanto, os filmes produzidos até o início do século XXI, quando a revolução digital chegou ao cinema, em sua enorme maioria, não possuem uma master apta a ser exibida nos projetores modernos. O Festival Remaster nasce para encontrar o público e para somar ao caminho necessário para promover a preservação, a história, o legado do cinema brasileiro e a importante ação de formação de plateia. “A programação do Festival resgata a memória do nosso cinema, conversa com nossa história, fala da nossa sociedade, na ficção e em documentários. E também do legado cinematográfico até aqui. Mas não é somente isso. Pensamos o Festival como uma forma em que o espectador reencontre nos ícones do cinema brasileiro, toda a força da produção nacional, quando falamos de sétima arte. Queremos dar caráter de nova estreia a estes filmes, ao revistarmos títulos tão relevantes. É uma nova experiência na sala de cinema”, conta Vitor Brasil que produz o Festival Remaster.
Serão sete dias corridos, como projeções que a imensa maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de ver na tela dos cinemas. Um evento com filmes premiados em diversos festivais nacionais e internacionais, clássicos do cinema brasileiro com qualidade exemplar, agora oferecidos ao grande público. Valorizar a sétima arte produzida no Brasil, mostrando a importância e a riqueza da nossa cultura, este é o principal objetivo do Festival Remaster.
E ainda vale registrar, a partir de 8 de outubro, o Festival Remaster continua na grade do Canal Brasil, que exibirá, sempre às segundas e terças, à 0h15, películas que fazem parte do festival, em uma faixa especial no Canal Brasil.
Idealizado pelos produtores Alexandre Rocha, Cristiana Cunha, Marcelo Pedrazzi e Vitor Brasil, o Festival Remaster conta com diversos apoiadores essenciais à sua realização como a Globo Filmes (TV GLOBO), o Canal Brasil (GLOBOSAT) e a Rádio Globo como sua rádio oficial. Tem apoio promocional do Adoro Cinema e apoio institucional da Academia Brasileira de Cinema. A Espaço Z é sua agência e é realizado através da parceria exclusiva com os Cinemas Espaço Itaú de Cinema e Cinearte Petrobras. O Festival Remaster é uma produção da Afinal Filmes.
SOBRE O EVENTO:
Abertura: 19 de setembro (quarta-feira), no cinema Espaço Itaú de Cinema (Praia de Botafogo, 316), com a exibição do longa Vidas Secas.
Período do Festival: de 20 a 26 de setembro.
A PROGRAMAÇÃO
VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos
O HOMEM DA CAPA PRETA, de Sergio Resende
OS DOCES BÁRBAROS (doc), de Jom Tob Azulay
REPÚBLICA DOS ASSASSINOS, de Miguel Farias Jr.
LUZ DEL FUEGO, de David Neves
CARMEM MIRANDA: BANANA IS MY BUSINESS (doc), de Helena Solberg
VAI TRABALHAR VAGABUNDO, de Hugo Carvana
O ASSALTO AO TREM PAGADOR, de Roberto Farias 
Locais: 7 cidades e um total de 8 cinemas:
RJ – Espaço Itaú Botafogo
SP – (2 salas)– Espaço Itaú Augusta e Cinearte Petrobras
Curitiba – Espaço Itaú
Porto Alegre – Espaço Itaú
Brasília  - Espaço Itaú
Belo Horizonte – Cine Belas Artes
Salvador – Espaço Itaú Glauber Rocha 

Acompanhe mais e saiba da programação no facebook do
Festival Remaster:  https://www.facebook.com/festivalremaster

3 comentários:

  1. Uau, esse festival parece ser incrível. Já li "Vidas Secas", mas nunca vi o filme, deve ser muito legal ter essa experiência!!

    ResponderExcluir
  2. Sem sombra de dúvidas que para quem pode participar de eventos assim, deve ser algo sem explicação.
    Vidas Secas não é somente um clássico. É algo que vai muito além, pois toda a dor mostrada no filme,contrastando com a esperança, é algo tão real até os dias de hoje, principalmente no Nordeste e norte de Minas Gerais.
    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Oii!
    Que bacana esse festival...Nunca li Vidas Secas...
    Seria bacana a leitura, ouço flar bem desse clássico, quem sabe consigo ler...
    Bjs!

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito importante para mim! Me diga o que achou dessa postagem e se quiser que eu visite seu blog, informe o abaixo de sua assinatura ;)