segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A partir do dia 19, o TEMPO_FESTIVAL está PRESENTE! da Praia de Copacabana às ruínas do Teatro Villa-Lobos


























Um dos mais importantes festivais internacionais do país, e o principal de artes cênicas do Rio de Janeiro, o TEMPO_FESTIVAL chega em 2018 à sua 9ª edição, de 19 a 28 de outubro. Neste ano, os curadores Bia Junqueira, Cesar Augusto e Márcia Dias apresentam trabalhos que espelham o AGORA, como ato de reflexão sobre permanecer presente na frágil cena cultural do Rio de Janeiro. Com participantes de nove países (Brasil, França, Uruguai, México, Colômbia, Polônia, Croácia, Suíça e Alemanha), o festival ativa o foco curatorial TEMPO_FESTIVAL: PRESENTE! Os cariocas serão convidados a vivenciar e construir uma relação poética com a cidade, interagindo com uma instalação-performance na praia de Copacabana, participando de residências artísticas e atividades formativas, assistindo a peças teatrais, processos, performances nacionais e internacionais que têm se destacado ao redor do mundo.

“Neste campo de instabilidade e luta, o TEMPO_FESTIVAL permanece PRESENTE. Em um jogo constante de forças, busca expandir-se, superar-se e juntar-se a outras forças, ocupando territórios de experimentação, de liberdade, de incerteza e de transformação”, diz Márcia Dias. Bia Junqueira completa: “O público vai entrar em contato com territórios subjetivos, simbólicos e espaciais. E, assim, constatar e pensar o presente - que contém passado e futuro. Obras que representam nossas dualidades: desejos e anseios obscuros, assim como nossa necessidade de afeto, de expansão, de equilíbrio, de diálogo. O TEMPO da escolha, do movimento, é o PRESENTE.”
Cesar Augusto ressalta que “apesar de a cultura estar extremamente fragilizada, o festival conseguiu apoios e parcerias de fundos internacionais. Assim, conseguimos engajar muitas pessoas e trazer uma programação internacional de qualidade, de diversos países, com três espetáculos da América Latina. Vamos apresentar no Studio Cabaret Voltaire mais de 20 projetos artísticos do RJ, SP e MG,  além de 2 artistas suíços convidados. Transformamos o TEMPO_FESTIVAL presente, potente, criando possibilidades para um futuro melhor, mais promissor, apesar de todo esse cenário político-cultural que estamos atravessando.”
“Abrir o Festival Internacional da Cidade do Rio de Janeiro num dos pontos turísticos mais famosos do mundo, a praia de Copacabana, e encerrar nas ruínas do Teatro Villa-Lobos, no dia das eleições do segundo turno, é fazer o TEMPO_FESTIVAL: Presente! O espetáculo a única coisa que necessita uma grande atriz é uma grande obra e vontade de vencer, do México, nos diz que a única saída aparente é o teatro, e assim damos luz e foco ao Teatro Villa Lobos, com o objetivo de torná-lo ‘vivo’ para que possa ser devolvido para a nossa cidade. Com a instalação-performance a praia e o tempo, criamos uma ponte entre Brasil e a França, e o TEMPO_FESTIVAL estará presente na França em 2019”, diz Márcia Dias.

O TEMPO_FESTIVAL acontece em oito diferentes espaços: Praia de Copacabana, Oi Futuro, EAV - Parque Lage, Casa FIRJAN, SESC Copacabana, Sede das Cias, Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto e as ruínas do Teatro Villa-Lobos, que está desativado desde que pegou fogo, em 2011.

 ABERTURA - PRAIA DE COPACABANA

A abertura do TEMPO_FESTIVAL 2018, no dia 19 de outubro, vai transformar as areias de Copacabana em palco e elemento cenográfico, com sua primeira instalação urbana, a praia e o tempo, do premiado arquiteto e artista carioca Pedro Varella. A instalação acontece a partir da inserção de uma grande estrutura quadrilátera de 30 x 30 metros e 50 cm de altura, que demarcará a área de trabalho.  “A praia é o lugar de ócio, de trabalho, de encontros, da sexualidade, da repressão, do sono, do jogo, do sol e de mais. Território da instabilidade, da transformação e da incerteza. Seu solo de areia fina se forma e deforma ao gosto do tempo e em função dos desejos. Uma pessoa ou várias? O cruzamento das pegadas nos confunde, indica múltiplas possibilidades, hipóteses que ocupam o imaginário e desafiam a previsão. Passa o dia, o vento e a maré para que, ao amanhecer, o território se faça disponível novamente, sempre aberto ao que virá. A praia faz pensar sobre o tempo, sobre uma forma de ser e deixar de ser”, diz Varella.
A partir do movimento da areia e da água – que, reposicionadas, farão surgir uma nova paisagem topográfica – um novo cenário que se transformará gradualmente ao longo do festival, servindo também como plataforma para a intervenção da coreógrafa francesa Julie Desprairies. A artista apresenta uma performance especialmente criada para interagir com a obra. Pedro Varella e Julie Desprairies participam do Programa Residência Artística Cruzada, do Instituto Francês do Brasil, que acontece em 2018 durante o TEMPO_FESTIVAL, e em 2019 na França. 

 STUDIO CABARET VOLTAIRE

Um dos destaques desta edição é o Studio Cabaret Voltaire, inspirado na casa homônima de Zurique, na Suíça, que foi berço Dadaísmo nos anos 1920. A atmosfera criativa do famoso espaço será a inspiração para o evento que ocupará o teatro, na varanda e no café do Centro Cultural Oi Futuro, com peças performativas de artistas brasileiros e suíços. Para colocar tais peças em estado de diálogo, Jefferson Miranda, diretor da Cia Teatro Autônomo (em atividade de 1989 a 2013), coordenou o período de imersão criadora com 19 artistas de diferentes áreas – artes visuais, dança, performance, poesia, música e teatro – selecionados a partir de uma convocatória feita pelo TEMPO.

“O Studio Cabaret acontece declaradamente como uma celebração à vida, quando tudo parece atentar contra ela. Uma celebração que não vem apontar soluções, caminhos; mas, como no Cabaret Voltaire dadaísta, diz sim de uma urgência: nascer. Concordemos com Waly Salomão: nascer não é antes!”, declara Jefferson Miranda, que mora em Londres e vem ao Brasil especialmente para o TEMPO_FESTIVAL.

Conduzido pelas provocações de Jefferson Miranda, o Studio Cabaret Voltaire apresenta as propostas individuais de trabalho de cada artista, em clima de cabaré filosófico e de celebração. O diretor do Cabaret Voltaire na Suíça, Adrian Notz, já confirmou presença no TEMPO_FESTIVAL. Produzido com identidade própria, o conteúdo audiovisual elaborado a partir das apresentações ficará disponível na internet, após o festival, na plataforma TEMPO_CONTÍNUO.

“O Studio Cabaret Voltaire faz um paralelo - em relação a valores e comportamento - entre a época em que vivemos e a época do surgimento do Dadaísmo e de outros movimentos que se seguiram, que buscavam novas formas potentes de expressão, de falar e de lidar com a realidade daquele momento.”, explica Bia Junqueira.



FOCO - SERGIO BLANCO

No dia 20, a pré-estreia carioca do monólogo A ira de Narciso – com Gilberto Gawronski em cena e direção de Yara de Novaes – no teatro do Oi Futuro é um dos três espetáculos que o festival apresenta com texto do consagrado dramaturgo e diretor franco-uruguaio Sergio Blanco. O público começa como ouvinte de uma palestra sobre violência e literatura. Na medida em que o espetáculo avança, a plateia percebe que a conferência vai além do tema em si, apresentando a forma íntima com que o autor tem vivido a violência literária, padecendo de sua dor e tormento, e ao mesmo tempo experimentando-a com deleite. Gawronski foi indicado como Melhor Ator nos prêmios Shell e Aplauso Brasil pela peça, que teve indicações em outras categorias.

Também são de Sergio Blanco Kassandra, na montagem do grupo colombiano La Maldita Vanidad, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, e As flores do mal ou a celebração da violência, seu mais recente texto – um espetáculo-conferência no qual Blanco se coloca em cena, no SESC Copacabana.

O ponto de partida de Kassandra é a personagem (interpretada pela atriz Ella Becerra), que na mitologia grega foi uma princesa de Troia que recebeu de Apolo o dom da profecia e depois amaldiçoada e condenada a jamais ter suas previsões acreditadas por qualquer pessoa, por rejeitar o seu amor. O texto, que traz a história de Cassandra para os tempos atuais, foi escrito num inglês rudimentar próprio aos imigrantes – e é encenado obrigatoriamente neste “idioma”, uma linguagem de sobrevivência. A peça já teve diversas montagens, sendo esta da companhia La Maldita Vanidad considerada uma das melhores e a preferida do autor. 

Sergio Blanco escreveu, dirige e atua em As flores do mal ou a celebração da violência, de 2018, que segue a linha de autoficção sobre a qual o dramaturgo vem se debruçando. Circulando por um ambiente que evoca um escritório, ele está em cena, sozinho, em um espetáculo concebido em forma de conferência, no qual aborda a relação entre a violência e a literatura.



MOSTRA IBERESCENA

Selecionado pelo programa de cooperação íbero-americana para as artes cênicas IBERESCENA, o TEMPO_FESTIVAL apresenta, como parte da programação deste ano, a Mostra IBERESCENA que, além de Kassandra e As flores do mal ou a celebração da violência (ambas de autoria de Sergio Blanco) inclui o espetáculo de encerramento do festival, A única coisa que necessita uma grande atriz é uma grande obra e vontade de vencer, da companhia mexicana Vaca 35 Teatro en Grupo. Inspirada no clássico As criadas, de Jean Genet, a peça será encenada nos dias 26, 27 e 28 (dia das eleições do segundo turno) nas ruínas do desativado Teatro Villa-Lobos.



CAVEMUSIC - Discotecagem somática para pessoas horizontais

Cavemusic é uma performance musical que será conduzida e realizada ao vivo por Baba Electronica – alterego da artista plástica, Daniela Bershan (Alemanha), na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em busca de um diálogo com o público e de um exercício de intimidade e afeto coletivos, a performance da artista e DJ investiga e trabalha a coletividade. O público é convidado a ficar na horizontal – em colchões e travesseiros – para, confortavelmente, experimentar encontros afetivos e processos sensoriais durante a performance, sempre ligada a “práticas não-sexuais”, como define a artista. A pista de dança é uma forma de observar e compreender os corpos em movimento, em transição, em constante trânsito entre gêneros, expressões e formas. Sampleando e sendo sampleada, ela disseca coreografias e partituras sonoras para, assim, tornar tangível o modo como elas operam. A performance percorre toda a noite e, depois de dormir, o público se reúne para um café da manhã.



ESPAÇO CULTURAL MUNICIPAL SÉRGIO PORTO

Além do espetáculo Kassandra, o espaço no Humaitá será palco de três processos nacionais: Vácuo (do Coletivo Køsmos), Três maneiras de tocar no assunto (com texto e atuação de Leonardo Netto e direção de Fabiano de Freitas) e Versão demo (com texto e atuação de Tairone Vale e direção de Rodrigo Portella). O público também poderá assistir aos vídeos inéditos da segunda temporada do projeto Ato e efeito – do jornalista e crítico teatral Rafael Teixeira e dos filmmakers Fernando Neumayer e Luís Martino) – que exalta as artes cênicas em uma abordagem audiovisual. Diante das câmeras, atores e atrizes interpretam personagens emblemáticos, tendo por base apenas a leitura de trechos do próprio texto, diretamente do papel: Adassa Martins (Prometeu, de Prometeu Acorrentado, de Ésquilo), Bianca Byington (Mabel Chiltern, de O Marido Ideal, de Oscar Wilde), Bruce Gomlevsky (Shylock, de O Mercador de Veneza, de Shakespeare), Cesar Augusto (Dr. Stockmann, de O Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen), Débora Falabella (Trofimov, de O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov), Fabio Porchat (Piótr Ivánovitch Bóbtchinski, de O Inspetor Geral, de Nicolai Gógol), Gilberto Gawronski (Hêmon, de Antígona, de Sófocles), Inez Viana (Medeia, de Medeia, de Eurípedes), Kelzy Ecard (Nina, de A Gaivota, de Anton Tchekhov), Lázaro Ramos (Iago, de Otelo, de Shakespeare) e Marcos Caruso (Teteriev, de Pequeno-Burgueses, de Máximo Gorki).



PAINEL IBERESCENA

O programa íbero-americano também é assunto de um painel no Sérgio Porto, que contará com a participação de Marcelo Allasino, presidente do conselho intergovernamental do IBERESCENA, de Fabiano Carneiro, responsável pelo programa na FUNARTE e de um representante do Núcleo de Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.



INTERNACIONALIZAÇÃO DAS ARTES CÊNICAS

Promover a internacionalização das artes cênicas brasileiras é uma das metas do TEMPO_FESTIVAL, que busca inovar através da partilha de técnicas de análise dos possíveis mercados, mapeamento de festivais e de caminhos e estratégias para chegar a produtores e programadores estrangeiros e, consequentemente, a plateias internacionais. Neste ano, o festival recebe a diretora de teatro croata Iva Horvat, fundadora da agência Art Republic, voltada para gestão na área artística. Especializada em capacitar artistas, produtores, empreendedores e curadores a desenvolver planos de internacionalização para espetáculos, ela apresenta, gratuitamente,  no dia 22 de outubro, uma conferência inovadora, na qual compartilha com o público o seu olhar sobre planos de internacionalização das artes cênicas. Em seguida, de 23 a 27, ela ministra uma oficina, sob seleção prévia, via convocatória no site do festival, na qual pretende desenvolver um plano estratégico personalizado para cada participante, relacionado à internacionalização de seu projeto e sua projeção no mercado.



RESIDÊNCIA ARTÍSTICA – ANNA KARASIŃSKA

A diretora, cineasta, roteirista e filósofa polonesa Anna Karasińska retorna ao TEMPO_FESTIVAL dois anos depois da apresentação da aclamada peça Ewelina´s crying. Agora, vai conduzir uma residência artística, entre 14 e 23 de outubro, e uma apresentação do resultado aberta ao público, no dia 24 de outubro, na Sede das Cias, na Lapa. Para a residência, Anna propõe a quebra de ideias pré-formatadas, em um processo com ações de improvisação e tarefas coreográficas que reunirá artistas do teatro e da dança. Tendo em consideração o momento em que se desenrola a residência artística, pode-se esperar que o material surgido durante a oficina ou resultante dela se refira à situação política e cultural atual. “A mim interessa muito investigar a forma como os brasileiros, histórica e atualmente, percebem a si próprios através de narrativas que vêm de fora, tanto no sentido territorial quanto cultural, e como isso condiciona suas decisões e capacidades”, diz a artista. Ou, também segundo ela, pode ser que a apresentação resulte em uma história sobre a própria residência.



ESPAÇOS E ATRAÇÕES DO TEMPO_FESTIVAL 2018:

Praia de Copacabana (Posto 2) - A praia e o tempo

Oi Futuro (Rua Dois de Dezembro, 63 - Flamengo) - A ira de Narciso e Studio Cabaret Voltaire

EAV Parque Lage (Rua Jardim Botânico, 414 - Jardim Botânico) - Cavemusic

Casa FIRJAN (Rua Guilhermina Guinle, 211 - Botafogo) - Internacionalização de Projetos Artísticos e Culturais

SESC Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160 - Copacabana) - As flores do mal ou a celebração da violência / Las flores del mal o la celebración de la violencia

Sede das Cias (Rua Manoel Carneiro, 12 - Lapa - Escadaria do Selarón) - Residência Artística com Anna Karasińska

Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (Rua Humaitá, 163 - Humaitá) - Ato e Efeito, Painel Iberescena, Kassandra e processos nacionais: Vácuo, Três Maneiras de Tocar no Assunto e Versão Demo

Teatro Villa-Lobos – Espaço I (Avenida Princesa Isabel, 440 - Copacabana) - A única coisa que necessita uma grande atriz é uma grande obra e vontade de vencer / Lo unico que necesita una gran actriz es una gran obra y las ganas de triunfar



SERVIÇO COMPLETO – TEMPO_FESTIVAL 2018

Praia de Copacabana

A PRAIA E O TEMPO

Praia de Copacabana

Endereço: Posto 2

De 19 a 28 de outubro

2 comentários:

  1. Caramba!!!Cultura do começo ao fim!!!
    E vou torcer muito para que tenha uma cobertura deste festival, já que aqui em Lost??Máximo que temos é show de comédia de vez em nunca!rs
    Beijo

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