segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Abertura de Ópera na Tela no Rio de Janeiro


























Começou nesse fim de semana a quinta edição do Ópera na Tela, aqui no Rio de Janeiro o evento acontece pelo quarto ano no Parque Lage, no Jardim Botânico. Quando ouvimos a palavra ópera logo imaginamos um ambiente altamente sofisticado e restrito a nata da sociedade. De fato, seus maiores admiradores pertencem a um grupo privilegiado em diversos aspectos, principalmente o econômico. Contudo, esse evento visa romper com esse paradigma e tornar acessível para um maior número de pessoas e de diferentes classes sociais a literatura cantada e encenada, mais conhecida como ópera.

A Ópera pode não ser o estilo musical mais popular entre os cariocas, porém, o Ópera na Tela traz preços realmente populares se compararmos com outros eventos do universo pop, rock, sertanejo e até mesmo do futebol. Quando que você terá acesso a cultura por um baixo preço e conforto ao mesmo tempo? Claro que existem exposições e outros eventos gratuitos e o Ópera na Tela também faz isso, só que para um grupo muito especial, o de crianças e jovens da rede pública de ensino e os que são atendidos por ONGs e projetos sociais. Tudo com a supervisão educacional de um maestro que force material explicando o universo operístico.

Na noite de sexta-feira tive o meu primeiro contato com a ópera e fiquei impressionado. Apesar do nome ser bem sugestivo, a apresentação não ficou só na tela. Depois de nos apresentarem um pouco daquilo que será exibido para o público tive o prazer de assistir ao vivo, e bem de perto, o talento de três grandes musicistas.
Primeiro conheci a enorme potência vocal do baixo-barítono Lício Bruno, que se apresentou por mais de uma vez sem descanso. Se me impressionei? Sim e muito, pois ali estava vendo de perto, vendo cada detalhe daquela apresentação. A ópera está longe de ser algo simples, onde se coloca uma pessoa para cantar com uma letra produzida por outra. Para estar ali precisa de muito talento. Isso vocês poderão confirmar assistindo qualquer apresentação, a tela é enorme e a filmagem muito boa. Dá para ver os detalhes daqueles que se apresentam. A dramatização faz toda a diferença, faz com que você sinta a música viva e expandida para além do corpo do músico e dos instrumentos. Fiquei feliz por ver a apresentação do Lício Bruno, um brasileiro, bem ali na minha frente e fiquei mais ainda por conhecer outro talentosíssimo e reconhecido nesse meio, o tenor paraense Atalla Ayan.



Além do nosso compatriota tivemos a apresentação de duas outras celebridades, as convidadas internacionais dessa edição que foram a soprano franco-italiana Nathalie Manfrino e a pianista georgiana Nino Pavnelichvili. A dupla se apresentou sozinha e também dividiu o palco com Lício Bruno em “números” encantadores, com direito a valsa e tudo. Se você nunca teve a oportunidade de assistir e tem interesse, essa é a hora, aproveite! 
O Ópera na Tela me surpreendeu positivamente por essa iniciativa, a ação educativa que citei no começo e que você pode entender melhor depois aqui com a gente, ou na página deles (http://operanatela.com/2018/acoes-educativas/). Além disso quando cheguei ao Parque Lage, sexta-feira à noite, fui muito bem recebido pela assessoria do evento e não pude deixar de notar no zelo que a organização teve com seus convidados e também na montagem da estrutura, que o público terá acesso.
O acesso à cultura deve ser universal e é fundamental que preservemos esse direito. Cultura não é apenas entretenimento, não está restrito a um filme, música ou uma peça. Cultura é aquilo do qual somos formados e quanto mais plural melhor, quanto mais diferenças absorvemos melhor entendemos o mundo ao nosso redor. Eu queria encerrar esse texto com o discurso de abertura do diretor do evento, Christian Boudier, que fala um pouco sobre a preocupação que talvez teremos nos próximos anos...

DISCURSO:

Não estava previsto que eu falasse, já que a Emmanuelle faz isso muito melhor. Porém a Emmanuelle é francesa e eu sou Brasileiro e achamos importante fazer esse breve "prelúdio". 
Através da programação ou das ações de democratização, o festival OPERA NA TELA sempre defendeu uma ópera ligada com o mundo, capaz de ter um olhar sobre a realidade e também de se conectar com públicos novos. Temos a convicção de que a ópera não pode ser apenas um museu ou uma pura diversão, confinada numa bolha elitista. 
Portanto não podíamos organizar essa linda noite como se nada acontecesse fora do Parque Lage. Mas podem relaxar, não vamos falar de política aqui, até porque achamos importante respeitar a diversidade de opiniões. Mas sim, queremos defender com força a importância da cultura, porque temos a convicção de que a cultura é a melhor forma de promover o diálogo, a tolerância, a compreensão do outro e a liberdade de expressão. O ser humano precisa de cultura. E a cultura não pode existir sem apoio público, isso é uma regra mundial. No Brasil, o principal mecanismo é a Lei Rouanet. Durante a campanha foi mencionado o fim da Lei Rouanet: isso significa o fim da programação cultural do Teatro Municipal, da Sala Cecilia Meireles, do Museu do Amanhã, do CCBB, do MAR, do Festival do Rio, do festival Opera na Tela, etc, etc. 
Essa lei pode ser aperfeiçoada, claro! Como todas as leis... Mas é uma lei eficiente que representa apenas 0,5 % de todos os incentivos fiscais no pais, e que permite a cultura brasileira responder por 2,6 % do PIB brasileiro, 250.000 empresas, milhares de empregos e que permite distribuir mais de 100 milhões de ingressos gratuitos para eventos culturais em todo Brasil! Aliás é a lei mais transparente do Brasil: qualquer projeto pode ser consultado no site do ministério da Cultura. Tudo que o Brasil não precisa é do fim da Lei Rouanet. Contamos com vocês para espalhar essa realidade e defender a cultura no Brasil!

por Reinaldo Barros

3 comentários:

  1. Um dos gêneros mais lindos da arte! Sinceramente não entendo como se pode ouvir alguém dizer que não gosta de um espetáculo assim.Eu acredito que seja por não deixar a alma abrir a estas sensações!
    Mesmo não tendo assistido nenhuma ópera ao vivo, sempre faço questão de dar uma olhada na internet em algum vídeo e fico babando.
    Uma que é todo chic né?rs
    Que esta arte alcance cada vez mais pessoas e que estas pessoas se abram ao belo!!!
    Beijo

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  2. Nunca fui a ópera, não sei se no final gostaria ou não, mas deve ser incrível a sensação pela primeira vez...

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  3. Gosto muito dos figurinos e das encenações, mas o estilo musical eu não curto muito...

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