quinta-feira, 28 de março de 2019

Menina que via Filmes: Vox Lux [Crítica]

Título Original: Vox Lux 
Título no Brasil: Vox Lux– O preço da fama
Lançamento no Brasil: 28 de março de 2019
Direção: Brady Corbet
Gênero: Drama
Distribuidora: Paris Filmes
Elenco: Natalie Portman, Jude Law, Stacy Martin, Raffey Cassidy, Jennifer Ehle, Maria Dizzia, Natasha Romanova,Daniel London


por Larissa Rumiantzeff

Alerta de spoilers e possível gatilho.
Às vezes a gente tem uma ideia que parece muito boa no papel. Certo dia, eu vi uma receita de biscoitos com marshmallow no micro-ondas. Na falta de marshmallows, tentei com bala Fini. O que poderia dar errado?
Ao ver o filme Vox Lux, fui lembrada da bagunça de gosma verde fluorescente que demorei a tirar por completo. O pior é que nessas horas você nem lembra do gosto. Só das partes confusas.
Celeste é uma garota que sempre foi destinada a ser famosa. Somos apresentados, por meio de uma coleção de filmes caseiros na abertura, a uma garota simples de classe média, possivelmente de origem hispânica, que adorava se apresentar para a família e compunha as próprias músicas. 

Em seguida, vemos Celeste (Raffey Cassidy) no ensino médio, em meados do ano 2000. Vítima de um massacre na escola, Celeste sobrevive. Quando, em meio a uma vigília pelos mortos, ela apresenta a música que compôs, sua vida dá uma reviravolta. A menina de 15 anos vira uma celebridade instantânea a partir da tragédia. Vemos uma sucessão de filmes mostrando o que acontece em seguida, em meio a gravações, contratos, aulas de dança, clipes estranhos, Jude Law como empresário, viagens e excessos, entre baladas e álcool com a irmã mais velha, Ellie. Sua marca registrada é uma gargantilha grossa no pescoço, que se supõe ser um cordão cervical chique. O tempo passa.
Celeste agora é uma diva pop de 31 anos (Natalie Portman), mal fala com Ellie e tem uma filha adolescente (Raffey Cassidy novamente, tal qual novelas da Globo), com quem tem uma relação complicada. Os motivos do rompimento entre as irmãs não ficam muito claros. Celeste está de volta à sua cidade natal, se preparando para a turnê do seu mais novo EP, Vox Lux, quando terroristas mascarados invadem uma praia no leste europeu e abrem fogo contra os banhistas, e ela tem que lidar com uma coletiva de imprensa. No fim, a irmã e a filha assistem a Celeste no palco, pelo que parece uma eternidade.
O filme é feito em formato de cine biografia, com atos, câmeras correndo e narração, como se fosse um documentário sobre a vida dessa celebridade com a qual devíamos nos importar. A cena do terrorismo foi impactante, principalmente em vista do massacre recente em Suzano. A ideia é mostrar os demônios que Celeste tem que enfrentar e acaba afogando nas bebidas, músicas pop com letras sem sentido e drogas. Em certa passagem, ela fala que gosta de músicas pop porque não quer que as pessoas tenham que pensar. Porque ela não quer pensar.
Com suas jaquetas laminadas, paetês e máscara de strass, ombreiras gigantes, impossível não traçar um paralelo com Madonna, Lady Gaga, Katy Perry e outras divas pop da atualidade. Em certo ponto, ela chama os fãs de angels, uma alusão clara aos little monsters da Lady Gaga. 

Vocês também sentiram a alfinetada? Nada sutil.
Natalie Portman, sempre divina, parecia uma estranha com a doença do Di Caprio. Ela exagera na atuação, nos trejeitos e no sotaque de Nova York, que nem estavam presentes na sua versão jovem. Teria Celeste mudado tanto assim? Entendo que a protagonista se torna desagradável, e que temos que colocar em perspectiva tudo o que ela passou (é o preço da fama, gente). Mas foi doloroso assistir ao terceiro ato do filme. Fica difícil acreditar que é a mesma atriz que fez sucessos do calibre de “O profissional” e “Cisne Negro”. Eu só pensava que ela tinha que pagar os boletos, porque é a única coisa que justifica ter aceitado esse roteiro.
Achei interessante o reencontro entre Natalie e Jude Law, que atuaram juntos em “Closer – Perto demais”. Mas só isso. O personagem dele não tem nome nesse filme. Faz apenas o papel de mentor, e mais tarde, amante, de Celeste.
Raffey Cassidy foi o verdadeiro destaque. A atriz inglesa que interpreta Celeste na primeira parte do filme, e Albertine na última parte, deu um show, e deveria estar no cartaz. É dela o filme.
As escolhas do diretor Brady Corbet são audaciosas, na melhor das hipóteses. O estilo é inovador, e fica perceptível a intenção de fazer uma crítica. Mas Corbet faltou à aula de roteiro que dizia: mostre, não conte. Menos narradores, mais coesão e coerência. O voice over se torna uma muleta para a falta de técnica e cansa rápido. A trilha sonora é assinada pela Sia, mas fica abafada com frequência. O resultado é um trabalho experimental demais, cheio de pontas soltas, com críticas rasas e sem uma intenção clara. Como uma criança precoce que usa palavras difíceis para sentar na mesa dos adultos. A criança não é brilhante, nem entende a conversa dos adultos, só tem um vocabulário rebuscado. Tal qual os adultos à mesa, o espectador fica preso à tela, à espera de algo que nunca chega a acontecer.

*Cabine de imprensa à convite da distribuidora
*Nossos colunistas são voluntários, os textos assinados por eles são originais de suas autorias.


7 comentários:

  1. Puxa, que ruim tudo isso. Tá, não completamente, afinal nem tudo que parece ser tão ruim, é de fato totalmente ruim.
    Ainda não tinha visto ou lido nenhuma crítica deste lançamento, mas sei que ele vem sendo aguardado demais, até por sim, trazer Natalie e Judie, dois grandes nomes do cinema mundial.
    Mas parece um enredo perdido...sem grandes atuações ou pontos altos.
    Verei sim..mas agora, sem muita expectativa!
    Beijo

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    1. Sim. Eu fiquei bem confusa ali. O filme teve elogios de alguns criticos, afinal cada um tem sua perspectiva. Eu sai incomodada, e n no bom sentido.

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  2. Eu vi o trailer umas semanas atrás e fiquei confusa, mas depois de ler consegui entender q a mesma atriz faz a Portman jovem e tbm a filha dela. Tinha ficado em dúvida se
    via ou não o filme, depois de ler não tenho mais vontade de ver o filme.
    Beijos 😊

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    1. Rs. Eu li que foi escolha do diretor que elas atuassem diferente. Então a culpa nem é da Natalie.

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  3. Larisa!
    Nossa! Fico sempre chocada quando vejo um filme com plot tão bom ser menos desenvolvido e aproveitado, e ainda tendo atores de peso...
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Pois é. Foi uma grande decepção pra mim. Ainda mais em se tratando da Natalie Portman!

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  4. Que confusão, esse filme eu vou passar bem longe kkkkkk

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