quarta-feira, 10 de abril de 2019

Menina que via Filmes: Superação - O Milagre da Fé [Crítica]


Título Original: Breaktrough
Título no Brasil: Superação - o milagre da fé
Direção: Roxann Dawson
Distribuidora: Fox Film do Brasil
País; EUA
Lançamento no Brasil: 11 de abril de 2019
Elenco: Marcel Ruiz, Chrissy Metz, Mike Colter, Topher Grace, Josh Lucas, Dennis Haysbert, Rebecca Staab.
por Larissa Rumiantzeff

Ao começar a assistir a esse filme, imaginei que eu não era o público alvo. Afinal, não fui criada em religião e não frequento igreja. Portanto, assistir a um filme cristão realmente não seria a minha escolha inicial.
Superação, o milagre da fé é uma história inspirada em fatos reais e adaptação do livro The impossible (O impossível), de Joyce Smith, do mesmo produtor de Milagres do paraíso, DeVon Franklin. Em janeiro de 2015, em uma tarde com os amigos, o jovem John Smith cai em um rio congelado, o lago Saint Louis. Os amigos acabam sendo resgatados, mas John fica muito tempo submerso e tudo indica que não sobreviverá. Sem apresentar sinais vitais por 45 minutos após ser resgatado, ele finalmente começa a responder quando a mãe aparece no hospital e reza com muito fervor. Daí em diante, inicia-se uma corrida contra o tempo, pois quanto mais ele fica em coma, menores são as esperanças de ele escapar com vida.

Antes disso, somos apresentados à vida de John Smith e de seus pais, Joyce e Brian, antes do incidente. A família vive em Saint Louis, nos Estados Unidos. John Smith é querido na escola cristã onde estuda, é um excelente jogador de basquete, e um adolescente típico. Meio folgado, fanfarrão, é apaixonado por uma menina da sala. Como um adolescente, ele também não tem muita consideração pelos pais, principalmente pela mãe, a cristã fervorosa Joyce. Inicialmente um ótimo aluno, suas notas começam a cair, e sabemos que ele tem questões mal resolvidas com o fato de ser filho adotivo.
Joyce Smith controla tudo em sua casa, desde a comida, os passatempos, as atividades da igreja. Ela implica com o novo pastor, um rapaz da Califórnia que pretende atrair mais jovens para a congregação usando gírias e músicas mais modernas, inclusive rap. Ela começa a sofrer com o afastamento do filho à medida que ele desafia a sua autoridade. Após o incidente do filho, ela é a que fica sempre do seu lado, com a fé inabalável de que a sua saúde se restabelecerá.

A primeira parte do filme é essencial para nos emocionar.
A cena inicial é o prenúncio do que acontecerá. Os créditos rolam sobre um fundo azul, com o fundo do rio e o corpo afundando toda a vida.
A escolha de apresentar ao público os vários personagens foi inteligente. No jornalismo, é um recurso para fazer com que o público se comova com os “personagens” de uma notícia. Aqui, não foi diferente. Assim quando há a transição para a segunda parte do filme, estamos prontos para torcer por John.
Interessante notar que, em trabalhos com um viés mais religioso, a escolha de atores que se identifiquem com o roteiro é importante para que eles passem verdade, e faz toda a diferença.
O ator porto-riquenho Marcel Ruiz interpreta John Smith, mas não é iniciante. Ele faz o papel de Alex Alvarez na série recentemente extinta da Netflix, One day at a time. Chrissy Metz se tornou conhecida do público por seu trabalho em This is us, com indicações para o Emmy de Melhor atriz Coadjuvante, e defende o papel de Joyce Smith. Topher Grace deu vida ao personagem Eric Forman, em That’s 70’s show. Josh Lucas é meu crush desde Doce Lar e aqui interpreta o papel do pai de John, Brian Smith. Todos, sem exceção, fizeram um ótimo trabalho.
Acredito que um dos pontos mais fortes do filme foi a multiplicidade de enfoques. Em vez de dizer que apenas Deus foi o responsável por salvar a vida do garoto, vemos uma imensidade de pessoas envolvidas, sejam elas amigas, bombeiros ou profissionais de saúde. Em vez de promover um embate entre ciência e religião, temos a nítida impressão que a intenção do filme é mostrar um milagre do ponto de vista da ciência e dos leigos, e nenhuma das partes rejeita a outra, mas vem para complementar. Como diria Einstein, existe um momento em que a ciência não consegue mais explicar os fenômenos naturais. Não se tratava de um erro médico, todas as partes envolvidas fizeram o que cabia a elas, mesmo sem perspectiva de sucesso.
Há ainda um terceiro elemento em foco aqui. Mais do que a força de uma mulher cristã, aqui vemos a força do amor de uma mãe pelo filho, independente dos laços de sangue. Impossível não se emocionar diante da devoção de Joyce ao filho, e da sua dor ao ver as pessoas duvidarem da melhora dele. Se eu fosse religiosa, faria uma analogia com Maria e Jesus, como no filme, em que a mãe entrega o filho para Deus e cede o controle sobre os acontecimentos.
A jornada pela qual Joyce passa não é exclusiva a quem tem uma religião. Fé não se resume a Deus ou a qualquer divindade. Nada mais é do que a compreensão de que não temos controle sobre todos os aspectos da nossa vida, que certas adversidades vêm para nos ensinar alguma coisa e que o resultado certo vai vir, independente da nossa vontade. Esse tipo de ensinamento você recebe na igreja ou no consultório do psicólogo. Só que quando não temos uma entidade a quem atribuir os acontecimentos, ceder o controle ao universo se torna um pouco mais difícil.
Da mesma forma, como não questionar o porquê de sobrevivermos a um assalto a mão armada, a uma enchente, a um massacre ou a uma doença, enquanto outra pessoa perece em condições tão parecidas? A quem atribuímos a sorte de sairmos com vida, seja por questão de segundos ou por uma série de coincidências?
Esse tema também é apresentado em A cabana (outro filme que acabou comigo). Se me perguntarem, é o ponto principal para atrair qualquer tipo de público. Apelar para noções universais de amor, compaixão e questionamentos. Uma questão colocada ali é: Por que umas pessoas, e não outras? Porque uns sobrevivem, mesmo contra todas as expectativas, e outros morrem de uma hora para a outra?
A única coisa que lamento é a tradução do título, feita pela equipe de marketing (e não pelos tradutores, gente). Em vez de breakthrough, um título mais neutro, a tradução acaba restringindo mais o público-alvo.
Tendo dito isso, eu saí da sala de cinema com o rosto vermelho e molhado de tanto chorar, sentindo uma gratidão enorme por todas as vezes em que a minha mãe lutou por mim. Isso porque, apesar do título em português, o filme não é voltado apenas para cristãos. Se você gostou de “A cabana”, se, apesar do ceticismo, se interessa pelo desconhecido, se curte dramas médicos ou se tem uma história de superação, certamente ele vai te tocar.
Só não se esqueça de levar o lencinho.

*Cabine de imprensa à convite da distribuidora
*Nossos colunistas são voluntários, os textos assinados por eles são originais de suas autorias. 


7 comentários:

  1. Eu sou religiosa e tenho lutado arduamente para melhorar isso ainda mais. Sempre busquei paz interior e a encontrei!
    Namoro este filme desde que começaram as divulgações e infelizmente não chegou no cinema daqui em Lost ainda. Mas creio que para a próxima semana, chegará!
    E este eu irei ver com todo o prazer do mundo(aliás, estamos eu e uma amiga na espera) rs
    Ah..sou apaixonada pelo trabalho da Chrissy em This Is Us(uma das minhas séries favoritas)
    Verei e com certeza, sairei do cinema como você, toda desidratada..rs
    Beijo

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  2. Quando assisti o trailer chorei, mas não e meu tipo de filme...

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  3. Larissa!
    Mesmo sendo criada na religiosidade e acreditando em milagres, porque já tive muitos em minha vida, acredito que a ideia nem é tanto sobre a religiosidade e sim sobre a fé, sobre acreditar na cura e ter muitas pessoas envolvidas na mesma sintonia.
    Quero assistir com toda certeza e me emocionar.
    cheirinhos
    Rudy

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  4. Olá!
    Eu vi o trailer desse filme e tem uma historia muito comovente, não sei se irei assistir mas espero poder ter uma oportunidade de ver.. A trama realmente traz uma coisa que devemos ter milagres em varias situações.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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