quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Menina que via Filmes: Brinquedo Assassino [Crítica]

Título Original: Child´s Play
Título no Brasil: Brinquedo Assassino
Roteiro: Tyler Burton Smith
Direção: Lars Klevberg
Trilha sonora original: The buddi song
Distribuidora: Imagem filmes
Elenco: Aubrey Plaza, Gabriel Bateman, Brian Tyree Henry, Mark Hamill
País: EUA
Ano: 2019
#190
por Larissa Rumiantzeff

Reboot do original é muito black mirror (e isso é bom). 

Quando eu tinha uns 5, 6 anos, minha tia tinha uma locadora. Sempre que eu brincava lá, um poster em especial me assustava. Nele, o Chucky segurava uma tesoura de jardim na cabeça de um brinquedo. Nem preciso dizer que só fui ter coragem (e permissão) para ver esse filme muitos anos depois. Acontece que, com o passar dos anos, o Chucky foi ficando mais tosco, o roteiro mais absurdo, com mulher, filho, e se tornou mais uma comédia do que qualquer coisa. 

No remake de Brinquedo assassino, o Chucky volta às suas origens de terror, só que melhorado. Vamos à sinopse:
Aqui, Andy Barclay é um adolescente que se muda com sua mãe para outra cidade. Aparentemente, o garoto tem dificuldade de fazer novos amigos e a mãe trabalha em uma grande loja de departamentos. Depois de receber uma devolução do boneco Buddi, ela dá um jeito de pegar o boneco defeituoso e caríssimo, para dar de presente de aniversário para o Andy. 
Buddi é um boneco inteligente da marca Kaslan. Ele se conecta a todos os objetos da marca, que aparentemente domina o mundo, porque todos os eletrodomésticos ostentam a logo. Têm até um aplicativo de carros, estilo Uber. Ele aprende tudo sobre o dono e sobre o mundo ao seu redor. 
Mãe e filho esperavam um tilt ou outro, talvez mau contato, mas não um defeito de programação proposital em Chucky. O que ninguém sabe é que um funcionário da montadora do brinquedo no Vietnã, exausto com os maus tratos e a exploração que sofre, remove todos os controles de conduta e de linguagem desse boneco em especial, e depois se mata. Ele basicamente cria um psicopata obcecado em ser o melhor amigo do Andy. Tipo um irmão gêmeo perverso do Woody, de Toy Story. Vai dar certinho sim. 

Todas as alterações feitas em detalhes do filme original foram coerentes com o resultado. Um brinquedo desse tipo talvez fizesse mais sucesso com crianças, mas quem melhor para ensinar um brinquedo a quebrar regras do que um adolescente? Quem mais ligado em inovações tecnológicas, e mais apto a navegar por aplicativos do que esse público?  
Ao atribuir o comportamento do Chucky a uma falha de programação, criou-se ainda uma explicação plausível e atual para a pergunta principal do filme. Se nos anos 80 um ritual de vodu e uma transferência de almas parecia viável, hoje não causaria medo em ninguém. Bugs e aparelhos defeituosos controlando todos os aspectos da nossa vida, no entanto, é um medo tão atual que, como eu disse acima, se encaixaria direitinho em um episódio de Black Mirror. Pareceu, inclusive, com um episódio da quinta temporada da série, com um brinquedo que tinha a consciência de uma cantora famosa. Aqui entre nós, o filme acertou muito mais. 
Na nova versão, não falta humor sarcástico. Em alguns momentos, eu não sabia se ria ou se fechava os olhos de agonia. Isso aumenta o suspense. Você não sabe de onde virá o terror. A comédia vem de referências a outros filmes, como uma piscadinha para o espectador. E vem do bizarro, com o reconhecimento da esquisitice do boneco ao cantar uma música. 
Em termos técnicos, aliás, achei perfeito. Os movimentos do boneco estão mais orgânicos, consistentes com os dias de hoje. 
Achei interessante a questão de um personagem principal deficiente auditivo. Gabriel Bateman, no papel de Andy, aliás, já tem experiência no gênero terror, e transita com facilidade entre o humor negro e o terror. Para quem não sabe, ele também atuou em “Quando as luzes se apagam”. Outros autores dignos de nota são Aubrey Plaza, no papel de Karen Barclay, a mãe do Andy, e Mark Hamill como a voz de Chucky. Para quem acha incrível a participação do eterno Luke Skywalker como Chucky, este último foi o dublador do Chucky também em Robot Chicken. 

Adorei, e recomendo muito o filme para os fãs do gênero de qualquer idade. Os mais novos, por serem capazes de entender com mais facilidade, e os mais antigos, porque esta versão é ainda melhor do que a original. Inclusive, verei mais vezes. 

Confira a crítica em vídeo de Raffa Fustagno

4 comentários:

  1. Confesso que estava morrendo de medo desta nova versão. Sei lá, medo de estragarem o original, o primeiro filme é um ícone para os amantes de cinema e foi uma pena terem fodido as sequências.
    Agora lendo esta primeira crítica, até respirei aliviada.
    Esperar chegar aqui em Lost e partiu cinema!!!!!
    Beijo

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  2. Olá! Eu não gosto de terror de jeito nenhum kkkk! Nunca gostei dos filmes do Chucky, por isso acho que não assistiria esse novo filme, provavelmente eu nem teria coragem para isso kkkk.
    Que bom que essa versão consegue ser ainda melhor que a original, os fãs com certeza vão adorar esse reboot, que parece ter sido muito bem feito.
    Beijos! ♡

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  3. Oiii ❤ Apesar de saber de cor a história do Chucky, nunca assisti o filme, no máximo algumas cenas aleatórias, pois filmes sobre bonecos assassinos me dão muito medo.
    Mas, fiquei bastante curiosa com essa nova versão, já que ela tem um boneco mais condizente com os dias atuais. Isso de o boneco conseguir absorver as ações humanas é bem bizarro.
    Uma coisa que sempre me deixa intrigada nesse tipo de filme é o porquê as pessoas compram bonecos tão feios para dar de presente, mesmo que o boneco não fosse assassino, ainda assim, pra quê dar ele de presente?!
    Achei legal esse remake, mas ainda assim, não tenho coragem suficiente para assistir.
    Beijos ❤

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  4. Do Chucky eu só assisti mesmo aos filmes com a noiva e o filho, o primeiro já devo ter visto uma cena ou outra, mas achei interessante essa mudança, o erro de programação e a tecnologia para o boneco aprender os habitos da família, pq como a Larissa falou, o medo de muitos ultimamente é ligado a vazamento de dados né

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