quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Menina que via filmes: Legalidade [Crítica]

Título: Legalidade
país: Brasil
Ano: 2019
Direção: Zeca Brito 
Roteiro:  Zeca Brito e Leo Garcia 
Elenco: Leonardo Machado, Cleo, Fernando Alves Pinto, José Henrique Ligabue, Letícia Sabatella
Duração: 2h 02min
Gênero: Drama
por Paulo Mauricio Costa


Cecília Ruiz, uma correspondente do jornal americano The Washington Post (Cleo, que não assina mais como Cleo Pires), cuja verdadeira identidade será colocada à prova, chega a Porto Alegre no coração da crise gerada pela renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República, em 1961. Enquanto apura, ou finge apurar, os desdobramentos do terremoto político, durante o qual o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (Leonardo Machado, falecido ano passado, de câncer, aos 42 anos), luta para garantir a posse do então vice-presidente João Goulart, evitando assim um golpe militar, a ousada e misteriosa repórter envolve-se com o fotojornalista Tonho (José Henrique Ligabue), irmão de seu antigo amor, o antropólogo Luis Carlos (Fernando Alves Pinto), comunista próximo ao guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara.
Em “Legalidade”, o diretor e também roteirista Zeca Brito tem o mérito de jogar luzes sobre o curto período da história nacional compreendido entre a saída de Jânio e a tomada do poder pelos militares, em 1964 – um recorte pouco explorado pelos nossos
cineastas de ficção. Nessa empreitada, cerca-se de interessante aparato técnico, entregando bons figurinos, direção de arte, fotografia. Contudo, depois de 40 minutos iniciais que sustentam a atenção do espectador, guiado pelo competente trabalho de Leonardo Machado, lamentavelmente o diretor se perde ao infiltrar na trama um triângulo amoroso ficcional e nada convincente.
No lugar de seguir a cartilha ortodoxa de filmes históricos/biográficos recentes, como “Getúlio” (de João Jardim, 2014), Zeca Brito parece desacreditar o potencial da reconstituição de episódios reais da política brasileira em favor de uma dramatização acidentada do percurso de Cecília Ruiz. Principalmente em sua segunda metade, “Legalidade” confere excessivo destaque à relação da jornalista com Luis Carlos, explorando a natural sensualidade e a nudez de Cleo em sequências que, aos poucos, vão diluindo os alicerces do fundo histórico construídos na primeira hora de exibição.

Em nada ajuda a subtrama na qual a personagem de Letícia Sabatella, filha de Cecilia Ruiz, procura desvendar o passado da mãe ao revirar jornais da época. Os três fios narrativos não convergem de forma sólida e anulam completamente as intenções desenhadas no princípio do longa-metragem.­

4 comentários:

  1. Uma época da história que parece que não foi bem retratada no filme né? E olha, se tivesse seguido certinho, o enredo tinha tudo para dar certo.
    Não é muito meu estilo de filme, mas como gosto de aprender sempre, assim que puder, vou dar uma conferida sim!!!
    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Nossa, eu estava gostando dessa parte histórica, principalmente por ser sobre uma época em que não temos muitas coisas documentadas em filme. Até aí estava amando. Mas o diretor tinha que partir para o romance e o nudismo exagerado pra poder vender bilheteria, e deixou a história de lado. Aí pra mim perdeu o sentido.

    ResponderExcluir
  3. O filme poderia ser bom em trazer uma época da história do Brasil que não conta com muito representatividade no cinema, mas se perdeu feio em, uma pena

    ResponderExcluir
  4. Paulo!
    Uma época tão rica de maneira histórica, ser tão subdesenvolvida nessa trama, dá até uma tristeza, mesmo com todo 'furor' que é a Cleo. Inclusive vi a entrevista dela no Pedro Bial e achei que seria um bom filme, que pena.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito importante para mim! Me diga o que achou dessa postagem e se quiser que eu visite seu blog, informe o abaixo de sua assinatura ;)