quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Menina que via Filmes: Encontros [Crítica]



Título original: Deux Moi
Título no Brasil: Encontros
Direção: Cédric Klapisch
Roteiro: Cédric Klapisch
Elenco: Ana Gigardot, François Civil, François Bérleand, Eye Haidara, Rebecca Marder
País: França
Ano de Lançamento (2019)
por Jéssica de Aguiar

Duas histórias sobre busca por amor no século XXI
Encontros é uma comédia dramática que retrata o espírito de uma geração. Dois jovens parisienses vivem cercados de pessoas mas ao mesmo tempo são solitários. Mélanie (Ana Girardot) e Rémi (François Civil), têm empregos em áreas distintas, ela trabalha em um laboratório, enquanto ele em uma fábrica, mas possuem em comum a ausência de afeto, ambos moram no mesmo bairro, se cruzam com frequencia mas não se encontram. 
Mélanie tem dificuldade para superar a ausência deixada pelo seu último relacionamento, e busca em aplicativos de encontro uma forma de preencher o vazio, sem muito sucesso. Enquanto Rémi possui medo de se relacionar, por baixa autoconfiança e traumas não superados, sente culpa até pela demissão de seus colegas de trabalho. 

A ausência de afeto e má elaboração de emoções deixadas por relações anteriores levou os dois para um quadro depressivo, e na busca por ajuda Rémi e Mélaine passaram a frequentar divãs de terapeutas. Com esse passo em direção à cura emocional, ambos começam a trazer à tona emoções adormecidas e começam a procurar novas formas de se relacionar, em meio a “cidade luz”. 
Paris serve como pano de fundo para esta busca por si e redescoberta do amor, que passa pela necessidade de reaprender que ambos são merecedores desse sentimeno. Mas a cidade é retratada de uma forma diferente nesta obra, sem o saudosismo clássico, Paris é mostrada de maneira atual, como uma grande capital, caótica e lotada, tendo como integrantes personagens imigrantes árabes que hoje compõem uma parcela da população. 
Ao público que for assistir  “Encontros”, recomendo não esperar um romance francês, pois esta não é uma história de amor clichê. A obra se aprofunda muito mais na trajetória que é percorrida por duas pessoas para se tornarem capazes de estabelecer relações reais, em um cenário cada vez mais superficial, passando pelo uso de ferramentas virtuais e as frustrações que acontecem no caminho. 
O roteiro de Cédric Klapisch traz personagens cativantes, com os quais a audiência consegue estabelecer uma relação. São figuras comuns, com questões emocionais passíveis de identificação, afinal, quem nunca desejou ser amado? Ambos buscam entender como redescobrir o amor próprio, e assim criar um solo fértil para que o amor floresça. 

A parte técnica do filme não se sobressai ao primeiro momento, mas para um olhar mais atento, pode ser considerada impecável, pois cria a ambientação adequada para que o roteiro se destaque. Tanto a fotografia, quanto a escolha de locações, o figurino e a trilha sonora (que possui boleros dramáticos, e músicas brasileiras, que dão o tom das emoções dos personagens) conseguem trazer atmosfera emocional de cada personagem para o espectador, de forma visual e auditiva.

“Esta é a história de um amor, eterno e banal
Isso traz todos os dias todo o bem todo o mal
Com o tempo onde se abraça, aquela em que nos despedimos
Com noites de angústia e manhãs maravilhosas”
(Trecho da música “L’histoire d’un amour” – Dalida)


Destaque para a interpretação de François Cilvi, que já contracenou com Juliette Binoche em “Quem você pensa que eu sou” e teve espaço para mostrar habilidades no âmbito da comédia. François também consegue transmitir a letargia de uma pessoa com quadro depressivo, por meio do aspecto insone. Ana Gigardot se mostra capaz de alcançar também os dois exremos, da comédia ao drama interpretando uma jovem com anseios comuns e atitudes impulsivas no que cabe ao coração. 

“Encontros” é uma obra primorosa sobre emoções e o distanciamento sentido pelos moradores de grandes metrópoles. Traz a abordagem da depressão de uma forma leve e natural, não enfatizando na doença e sim na causa e a busca pela solução. Mesmo tratando de assuntos sérios, não sucumbe à aura melancólica e mostra ao público que a vida pode possuir lágrimas mas também tem gargalhadas ao longo do caminho. 





5 comentários:

  1. Não estava sabendo de filme, mas achei bem interessante, uma história real, que qualquer um pode se identificar com os personagens! Adorei a resenha, parabéns!! :)

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  2. Outro filme que estou no aguardo, não somente pelo peso do elenco,mas por trazer também essa sutileza em abordar a solidão e a depressão, por mais que se esteja rodeado de pessoas!
    E por tudo que li acima, ficou um conjunto bonito e até poético.
    A vida é esse mar de alegrias, dores e tristeza.
    Verei com certeza!!!
    Beijo

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  3. Jéssica!
    Os filmes franceses tem um certo glamour, ainda mais se estão relacionados ao amor, concorda?
    Gosto quando há essa mistura de romance, drama, humor e ainda mostra um lado mais psicológico das personagens.
    cheirinhos
    Rudy

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  4. Olá! ♡ Ainda não conhecia o filme, mas já quero assisti-lo, essa premissa chamou demais minha atenção!
    Achei interessante que nesse filme Paris não é retratada da maneira clichê como geralmente acontece, mas sim como a grande capital que é.
    Os personagens parecem bem cativantes e conseguimos nos identificar com eles com facilidade.
    Gostei da mensagem do filme de que por mais que passamos por momentos difíceis em nossa vida, podemos sim ser felizes, amar e ser amados.
    Obrigada pela indicação! Beijos! ♡

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  5. Oiii ❤ Gostei da premissa desse filme, que dois jovens que tiveram problemas com relacionamentos vão buscar a cura emocional, para se sentirem merecedores de amor.
    Estou curiosa para saber quais são os traumas de Rémi e o que aconteceu no relacionamento anterior de Mélanie.
    Gostei bastante que a depressão é tratada de forma leve e que a obra mostra Paris dos dias atuais, já que todo filme sempre mostra a cidade de uma forma bem romantizada, como se fosse perfeita.
    Vou anotar esse filme para assistir em breve.
    Beijos ❤

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