domingo, 20 de outubro de 2019

Menina que via Filmes: Os papéis de Aspern [Crítica]


Nome Original: The Aspern Papers
Nome do Brasil: Os papéis de Aspern
Data de lançamento: 23 de maio de 2019 (1h 27min)
Direção: Julien Landais
Elenco: Jonathan Rhys-Meyers, Vanessa Redgrave, Joely Richardson e mais
Gênero: Drama
Nacionalidade: Estados Unidos
por Gabriela Leão



A produção cinematográfica dos Papéis de Aspern, de 2018, se baseia especificamente na adaptação teatral feita pelo francês Jean Pavan do romance de mesmo nome de Henry James, que data de 1888. A narrativa gira ao redor de Morton Vint, um editor e biógrafo especialista no poeta Jeffrey Aspern. Morton dedicou boa parte de sua carreira aos estudos do artista, tanto de sua obra quanto de sua vida, e recentemente descobre que uma amante do há muito falecido poeta não só ainda vive, como, muito provavelmente, tem em sua posse um significativo número de cartas e papéis escritos por Jeffrey Aspern, nunca antes divulgados ao público.
Morton escreve para Juliana Bordereau, amiga e amante do poeta que tanto estudou, pedindo acesso aos papéis, e recebe uma veemente negativa. Em uma tentativa de ter acesso às cartas, Morton cria para si mesmo um pseudônimo e aparece na antiga e um tanto decadente mansão em Veneza, onde vivem Bordereau e sua sobrinha, Miss Tina. Alegando ser um estudioso buscando uma bela casa com um bom jardim para uma estadia na cidade, e aceitando uma exorbitante soma em aluguel demandada por Juliana Bordereau, Morton se estabelece na mansão. 

Percebendo que não irá conseguir simplesmente encontrar os papéis, Morton tenta seduzir e convencer Miss Tina à ajudá-lo, uma mulher reclusa, que há anos não sai da mansão, bastante influenciável e amedrontada, mas que vive em função da tia, Juliana Bordereau. 
O filme intercala cenas da busca de Morton, bem como os encontros que tem com Mrs. Prest, amiga que está na cidade e conhece seu plano, e acontecimentos no passado entre Bordereau, Aspern e um outro desconhecido jovem. Acontecimentos que Bordereau prefere que se mantenham privados. 

Teoricamente um drama, o filme tenta adquirir mais um caráter de thriller psicológico, sem ter em sua trama o suspense necessário para isso. O personagem de Morton, interpretado por Jonathan Rhys-Meyers, causa bastante estranheza, chegando a dar aflição. Ao invés de sedutor, em sua tentativa de conseguir as cartas tanto com Bordereau como com sua sobrinha, Morton tem a todo tempo uma atitude grosseira, quase assustadora. É um personagem estranho, que deveria causar certo medo nas mulheres – mas não há motivo específico para se ter medo dele, e o personagem só parece errado. Não é condizente com a história que se tem para narrar. Morton é um biógrafo inconveniente que veio bisbilhotar e tentar invadir a privacidade de Bordereau, e não um demônio que veio destruir sua vida, como ele parece ser retratado. 
Os três atores principais fazem um ótimo trabalho, o que infelizmente soma só para estranheza do longa. Enquanto não há problema em Bordereau ser uma idosa reclusa e estranha, mantendo seus jeitos e falando tudo o que pensa, nem é uma questão em específico Miss Tina ser um pouco tímida e sem jeito demais, medrosa do mundo exterior, unir essas duas figuras incomuns ao personagem de Morton Vint deixa tudo caricato em excesso. Isso sem contar Mrs. Prest e Signora Collona, que parecem figuras saídas de um filme steam punk, que foram catapultadas neste drama sem a menor necessidade. 
Este é um outro fator que deixa o filme fora do eixo, há um exagero nos figurinos, em criar uma peculiaridade nas roupas, que as deixam beirando o steam punk, ao invés de serem apenas vestimentas de época. Mrs. Prest então, nem se fala. Os cenários também não ajudam, o longa tem majoritariamente cenas internas, nas mansões, que remetem à época, mas ainda estão lá por Veneza hoje. Há pouquíssimas filmagens externas, e fica mais difícil de acreditar que a história se passa em um momento que não o atual. Como o filme se passa praticamente inteiro dentro da caixa, só as roupas atestam para o momento em que se dá a trama, e não o fazem muito bem. 
 Há uso exagerado do voice over, boa parte da trama é narrada pelo protagonista, sendo apresentada em tela, ou não. O filme peca em falar, e não mostrar. Muito é dito, e devemos acreditar, mas a atmosfera do longa não constrói. Não há motivo para o suspense que deveria ter, não há benefício para o roteiro na apresentação das amigas de Morton (fora a desculpa do protagonista ter de contar o que está acontecendo, e assim tentar de alguma forma informar o público), e não há razão para diversas pequenas cenas próprias de um thriller, e não o drama que temos em mão. Talvez na peça ou no romance existe uma maior ambientação para o suspense, mas o filme não conseguiu atingir esse ponto. 
É uma narrativa fraca, mal apresentada, com más escolhas de roteiro. Os diálogos são travados, e a boa atuação de Jonathan Rhys-Meyers não ajuda, pois o ator nos dá o Morton assustador e esquisito que a história gostaria de ter, mas que não cabe no filme. 

*Filme gentilmente cedido pela A2 filmes para publicação de nossa crítica 

5 comentários:

  1. Eita!!! Outro filme que não conhecia e lendo a crítica,nem deu muita vontade conhecer não!
    A falta de conteúdo dos personagens, o enredo meio vazio não me segurou.
    Passo bem de boa a vez!!!rs

    Rubro Rosa/O Vazio na flor

    ResponderExcluir
  2. Gabriela!
    Confesso que pelas roupas, achei que seria uma ambientação de época, mas pelo visto, foi mais um dos exageros do filme.
    Uma pena porque os atores são tão bons e ficam aquém em suas atuações no filme.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  3. Não sabia sobre esse filme e agora que sei vou passar bem longe...

    ResponderExcluir
  4. Olá! ♡ Eu adoro dramas, é uma pena que esse não foi bem desenvolvido, pois a premissa parecia interessante.
    O roteiro parece bem mal construído, bem fraco mesmo.
    Eu não assistiria esse filme.
    Beijos! ♡

    ResponderExcluir
  5. Oiii ❤ É admirável o interesse que Morton tem pelas obras de Jeffrey, mas já é um exagero o personagem fingir quem não é para ficar na mansão e ter acesso aos arquivos.
    Parece mesmo um filme cheio de problemas. Acho que o figurino de um filme é muito importante, então precisa ser de acordo com a época. É uma pena que a narrativa seja fraca.
    Beijos ❤

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito importante para mim! Me diga o que achou dessa postagem e se quiser que eu visite seu blog, informe o abaixo de sua assinatura ;)