terça-feira, 29 de outubro de 2019

[Resenha] Livre para Recomeçar @planetalivrosBR
























Livre para recomeçar 
Ficha Técnica
Autora- Paola Aleksandra
Número de páginas: 400
Data de lançamento: 30 de agosto de 2019
Editora: Planeta (Essência)

Gênero: Romance histórico



Eu confesso que o gênero romance não me atrai muito. De época então, eu tinha medo de nem conseguir engatar na leitura. Trauma de ler livros clássicos na escola, só pode. 
A boa, aliás, ótima notícia é que eu estava errada. E como!
Para começar, Paola Aleksandra, que comanda o Blog livros e fuxicos, é uma simpatia, e super solícita para tirar fotos e dar autógrafos. Tive a oportunidade de conhece-la durante a Bienal, na sessão de imprensa da Planeta. 
Livre para recomeçar conta a história de Anastácia, a condessa de Vienne, uma moça francesa presa em um casamento que não a faz feliz. O marido, Jardel, a trata como uma mulher emocional e mentalmente frágil, e responde com violência aos seus “humores”. A história começa 3 anos após o casamento. Ela já não ama Jardel. Ele escolhe até o estilo de penteado que ela usará, pois tem um papel importante. Naquela noite, irão conhecer o imperador Dom Pedro II, para convencê-lo a conceder a Jardel um trecho exclusivo para transporte de mercadorias no Brasil. O conde de Vienne tem planos de se mudar com sua família para cá e iniciar uma sociedade com o melhor amigo, Pierce. Em suma, nada pode dar errado. 

Nessa noite, Anastácia conhece um jovem que a livra de comer um petisco duvidoso. Os dois conversam. Fica claro, nessa primeira interação, que o rapaz é um jovem de bem, e a química é evidente. Porém, é a última noite em que se verão. Ao fugir dos sentimentos que o rapaz invoca em si, Anastácia flagra uma conversa suspeita entre Jardel e Pierce, revelando seus verdadeiros planos para a mudança. O escândalo que se segue é tudo o que ele precisava para fazer o que sempre quis: interná-la como louca. 
Três anos se passam. Anastásia se encontra em um hospício no Rio de Janeiro. Tem uma grande amiga em Marcília, uma mulher negra alforriada que foi internada logo depois de liberta. Marta é a funcionária do sanatório que fica amiga das duas, e faz vista grossa quando transgridem algumas regras. No dia de seu aniversário de 22 anos, Anastácia recebe uma notícia que mudará sua vida, e possivelmente lhe dará a liberdade, dos grilhões do casamento e da instituição. 
Somos também apresentadas a Benício, o empreiteiro que conhecera Anastácia anos antes na festa dada para o Imperador. Ele, filho de índia com um barão do café, e irmão de um ex escravo, rejeita sua identidade como filho do barão, mas a alta sociedade o cobiça ainda mais por isso. 
Algo acontece repentinamente. Anastácia e Benício se reencontram quando ele é contratado para trabalhar em uma propriedade herdada por ela. E acompanhamos os passos dos dois, à medida que, cada qual à sua maneira, lutam pela própria liberdade. 
O segundo romance escrito por Paola é narrado em primeira pessoa, alternando pontos de vista entre ela e Benício, o que nos dá uma visão aprofundada de cada personagem. Adorei o fato de ler um romance de época que se passa no Brasil. A sensação que se tem é de estar vendo um filme. Aliás, já estou torcendo desde já para vê-lo nas telonas. Não deve nada para os mais aclamados filmes de época, com uma personagem lutadora e envolvente, e bem mais madura e simpática do que a Scarlett O’hara (fica a dica).
Vemos o Rio de Janeiro, de antigamente e, para quem conhece a região e os pontos turísticos reais retratados, a sensação é a de estar em uma máquina do tempo. 
O diferencial da história de Paola é o apreço pelos detalhes. Ela faz um verdadeiro estudo da época, dos costumes, da língua portuguesa na época e da indumentária para construir o romance. Insere personagens fictícios em meio a personalidades históricas, e isso torna o enredo rico e divertidíssimo. E mesmo com o português mais rebuscado, com expressões contemporâneas aos personagens, a gente se acostuma rápido e a leitura flui em um ritmo legal. 
Livre para recomeçar emociona, mesmo antes de chegarmos na parte romântica. Ao explorar temas atuais e universais, como a mulher, relacionamentos abusivos, racismo, identidade e feminismo, com uma roupagem de época, faz com que o leitor crie empatia pelos personagens. Não entendemos de brocados e penteados, mas é fácil entender a indignação com violência e exploração da mulher. Termos como gaslighting podem ter sido cunhados recentemente, mas o medo de estar maluca e a manipulação sempre existiram. Principalmente, a relação da sociedade diante de mulheres que ousam desafiar os padrões. 

As partes que mais me tocaram foram todas em que Anastácia tinha medo por sua segurança ou duvidava de sua própria sanidade. Nenhum dos personagens se cura milagrosamente pelo amor: vemos as sequelas dos abusos no casamento de Anastácia e na criação de Benício. 
Paola cria personagens envolventes, com riqueza de detalhes. Eu me importei com cada um dos personagens, me emocionei, torci por eles e ri em diversas passagens. A vontade que dava era de abraçar Anastácia e dizer que tudo ia ficar bem. O bom é que ela conta com várias amigas para isso. A relação de Benício e de seu irmão, Samuel, também era impagável. 
Cada um dos personagens introduzidos por Paola em Livre para recomeçar tem uma personalidade própria e uma importância para a narrativa. A sensação é que sairão das folhas de papel, tamanho o realismo. E o melhor, quando achamos que a história está tranquila, acontece algo para dar uma sacudida. 
Como eu não era fã de romances de época e adorei, recomendo até para quem não é fã do gênero. É perfeito para quem quer aprender um pouco sobre a história do Brasil no século XIX. Só indicaria que para quem não esteja familiarizado com o gênero, leia aos poucos, capítulo por capítulo. Não precisa terminar de uma vez só, e ainda proporciona uma imersão maior.  
Livre para recomeçar pertence ao selo Essência da editora Planeta, escrito por mulheres e voltado para mulheres. Mas garanto que não é um romance bobinho. É meu tipo de história de amor preferido, em que os personagens não se completam, mas se dão tempo para crescer antes do felizes para sempre. 
Virei fã, e já espero pelos próximos livros da autora. 


por Larissa Rumiantzeff

6 comentários:

  1. Ao contrário de você, eu amo um bom romance e se for de época, mais gostoso ele se torna!!!
    As letras da autora, apesar de eu ainda não ter lido, são elogiadas demais e não falo somente pela simpatia da moça não, mas por talento mesmo e isso tudo está retratado na resenha acima.
    Ela construiu não somente personagens fundamentados, mas cenários também, com bases reais e isso é maravilhoso!!!
    Espero de coração ter a oportunidade de conferir este livro o quanto antes!!!!
    Beijo

    Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Larissa!
    Já acompanho o Blog da Pah há muitos anos e fiquei tão feliz quando ela lançou o primeiro livro, embora ainda não tenha lido, mas como amo romances de época, já estou curiosa, ainda mais para ver como é a escrita da autora, já que falou tão bem.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Olá! ♡ Acompanho a Paola faz anos, mas ainda não li nenhum nenhum dos seus livros, até agora só conheço a Paola Booktuber, mas quero muito conhecer seu trabalho como escritora ♡
    A premissa desse livro chamou demais minha atenção, esse livro está na minha lista de desejados.
    Eu amo romance de época e não vejo a hora de fazer essa leitura, a Paola parece ter feito um trabalho incrível!
    Adorei a resenha! Beijos! ♡

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  4. Eu amo romance de época e tenho o livro "Volte para mim" da autora, ainda não li, mas sempre escuto muitos elogios, vou ler o quanto antes, para depois poder conferir esse tbm

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  5. Oiii ❤ Quero muito ler Livre pra Recomeçar, já que li Volte para Mim ano passado e gostei bastante da escrita da Paola. Ela é tão talentosa escrevendo como sendo Booktuber.
    Gostei muito que a Paola mais uma vez tratou de temas importantes no livro.
    Minhas expectativas estão muito altas para essa livro, espero poder fazer sua leitura em breve.
    Beijos ❤

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  6. Esse livro é tudo, e sim o gaslighting é uma sequela enorme da Anastácia e eu sofro. Kkkk

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