terça-feira, 12 de novembro de 2019

Menina que via Filmes: Dora e a Cidade Perdida [Crítca]


Título original: Dora and the lost city of gold
Título no Brasil: Dora e a cidade perdida
Roteiro: Nicholas Stoller, Mathew Robinson
Autor da obra original: Chris Gifford, Valerie Walsh, Eric Weiner
Distribuidora: Paramount
Elenco: Isabela Merced, Michael Peña, Eva Longoria, Adriana Barraza, Temuera Morrison, Jeffrey Wahlberg, Nicholas Coombe, Madeleine Madden, Q'Orianka Kilcher, Eugenio Derbez, Christopher Kirby, Danny Trejo, Benicio Del Toro, Madelyn Miranda, Malachi Barton.
Data de lançamento no Brasil:  14 de novembro de 2019
por Larissa Rumiantzeff

Imagina se fizessem um filme de super-herói com os Teletubbies. Ou um live-action de ação com “O mundo da Luna”. De repente, “Amigãozão” com animais em CGI. Tão louco que chega até a ser meio bom, né? No mínimo te desperta uma curiosidade do que vai dar. Esta foi a sensação que eu tive ao ver o trailer de “Dora e a cidade perdida” um filme live-action feito a partir do desenho infantil educativo “Dora a aventureira”, que lembra muito Indiana Jones. 

Começarei minha resenha ao contrário, dando minha opinião antes de falar do enredo, como sempre. “Dora e a cidade perdida” foi a maior surpresa que eu tive este ano. Eu chorei de rir o filme INTEIRO.  Isso porque o longa não se leva a sério e zoa o desenho original, ao mesmo tempo que faz referências a ele em meio a um contexto completamente diferente. Não sei se fez sentido, mas vamos à resenha. Vocês conseguem dizer “resenha”?

O longa metragem infanto juvenil de ação, escrito por Nicholas Stoller e dirigido por James Bobin, começa com a música do desenho. Somos apresentados a elementos da obra original, como Dora, seu primo Diego, seu macaquinho de estimação Botas e a raposa Swiper, a grande vilã da série, que sempre tenta roubar a mochila da Dora. É estabelecido que a protagonista e seu primo moram em uma casa no meio da selva peruana com seus pais e são melhores amigos, até que ele se muda para a cidade grande. Sabemos também que os pais de Dora são exploradores cujo objetivo é aprender sobre os lugares, e não ganhar riquezas. Por acaso, eles estão atrás da cidade perdida de Parapata, algo que Dora também busca. 
10 anos se passam. A menina, agora uma adolescente, embarca em mais uma missão com o macaquinho Botas. Quando ela se coloca em risco por não ter informado aos pais antes de sair, eles decidem que ela não está pronta para embarcar em uma missão, e a enviam para a cidade, para morar com os tios e o primo. E agora, sua maior aventura será o Ensino Médio. A escola é um território inóspito, repleto de criaturas hostis, dentre elas a Sammy, sua maior rival acadêmica. Dora luta para se encaixar, mas com suas músicas, seus modos e falta de noção, ela sempre se destaca da pior forma. Mas quando ela perde a localização dos pais e é capturada por uma gangue de bandidos que também procuram Parapata, Dora mostrará aos seus amigos, seus pais e a si mesma, do que é feita. 

O filme conta com várias atuações conhecidas. Eva Longoria, Michael Peña, Benicio del Toro como a voz de Swiper, e Danny Trejo como a voz de Botas, são apenas alguns dos nomes. Mas é Isabella Merced que se destaca. A atriz e cantora da Nickelodeon, que tem em seu currículo filmes como Transformers, apresenta uma animação psicótica e um ar infantil que dão a Dora o ar de maluquice que ela precisa para ser fiel ao desenho. Os momentos insanos em que ela canta, dança na escola, se fantasia, estão entre os melhores. Então ela entra no modo eficiente na selva e assume um ar sério. Madelaine Madden não rivaliza com ela apenas no filme. As duas formam a melhor dupla cômica de rivais que se tornam amigas. E se você não conhece o sobrinho de Mark Wahlberg, Jeffrey Wahlberg, deveria conhecer. Ele mostra a que veio, tem simpatia e atua muito bem. 
Outro mérito do longa foi ter escalado atores latinos para fazer os papéis dos personagens. A própria Isabella Merced é peruana, minha gente. Vocês conseguem dizer “Avanço”, pessoal? Não teve 
Não falarei aqui da previsibilidade do enredo porque é óbvio que ele não se propõe a ser diferente de filmes do gênero aventura, com elementos em comum com “Indiana Jones”, “O tesouro perdido”, e o próprio Código DaVinci. A inovação está na premissa do filme, ao dar a uma personagem de desenhos educativos um caráter de exploradora mirim. 
As piadas são geniais. Cada um dos momentos de humor é causado pelo estranhamento das pessoas ditas normais frente à piscuila feliz. Logo de cara, ao experimentar uma comida e dizer, em espanhol, “Delicioso”, ela quebra a quarta parede e pergunta para o público se ele consegue repetir, para o espanto de todos na cena, que não entende com quem raios está falando. Mais tarde, Dora pede para o público repetir um nome científico de um sapo venenoso. Isso é apenas um dos exemplos de como o filme apela para a percepção dos pais que assistem ao desenho original com seus filhos. Vários dos momentos de humor visual são proporcionados pela interação de Isabella Merced com Madelaine Madden. Há outros momentos inusitados, mas não quero entrar mais nesse mérito porque, em um filme cujo final é esperado, as piadas são o diferencial. Mas prestem atenção na trilha sonora. 
Em termos de desenvolvimento de personagem e enredo, o filme foi bem feito também. Dora, Sammy, Randy e Diego passam por transformações ao longo do filme: cada um tem a oportunidade de usar suas habilidades para ajudar o grupo, fazendo com que os colegas que, no início não tinham nada em comum, se tornem amigos no final. O longa tem mensagens claras sobre a ambição dos homens, sobre autoestima e respeito às diferenças, sem ser didático. Por fim, a personagem cumpre o objetivo e prova seu valor. A jornada do herói está amarradinha aqui. 
Meu único problema foi com a atuação dos adultos, que ficou um pouco mais idiotizada do que o esperado. 
Acredito que, passando por cima do preconceito com a ideia de um personagem originalmente infantil, “Dora e a cidade perdida”. agradará a quase todo o tipo de público, não apenas a crianças. Dá para levar os filhos, os sobrinhos, os vizinhos. Você pode ir também com um amigo mais irônico, ou sozinho, para aproveitar as piadas. Porém, por ser uma sátira do original, pode ser que não agrade a crianças muito novinhas. Eu diria que crianças a partir de 6 anos, que tenham assistido ao desenho, para ter as referências, mas que entendam as piadas mais bobinhas e não estranharão o live action, aproveitarão bem mais. 
Só fiquei com vontade de ver o original em inglês para saber como ficou com as vozes de Danny Trejo e Benicio del Toro. Novamente, não prejudica a experiência, e só me dá motivos para ir ao cinema mais vezes. 



4 comentários:

  1. Eu admito sem vergonha alguma que odeio a Dora..rsrsrsrs
    Puxa, sou obrigada a ver essa meleca todos os dias com minha neta que ama a personagem e que solta algumas palavrinhas em inglês que me enlouquecem.rs
    Por isso, jurei a mim que este seria um filme que não veria nem a pau, Juvenal..mas o que fazer depois de ler uma crítica assim?
    Dizendo das piadas e do rir gostoso?
    Com certeza depois dessa, verei né?rsrsrs
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Larissa!
    Ai que filme mais fofo e envolvente.
    Adoro filmes no estilo e ver que usaram atores latinos, é fenomenal.
    Não conhecia a personagem, mas fiquei com vontade de assistir.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Eu nunca assisti ao desenho, já vi alguma acena aqui ou ali em forma de memes, mas nunca sentei para assistir. O filme deve agradar a quem acompanhava e as vezes é bom assistir esses filmes que você sabe onde a história esta indo, mas o que vai te divertir é realmente o caminho até lá, que mesmo simples, te arranca risadas...

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