quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Menina que via Filmes: O Juízo [Crítica]

Título Original: O Juízo 
Data de lançamento: 5 de dezembro de 2019 (1h 30min)
Direção: Andrucha Waddington
Elenco: Felipe Camargo, Carol Castro, Joaquim Torres Waddington e mais
Gênero: Suspense
Nacionalidade: Brasil
por Gabriela Leão

 Com roteiro original de Fernanda Torres, em O Juízo, Augusto passa por um momento de dificuldades, sem emprego e com problemas no casamento, e resolve por se mudar com a esposa e filho para uma fazenda, isolada, que herdou de seu avô. Ao se estabelecer na antiga casa, acontecimentos estranhos levam Augusto a descobrir segredos de sua família, enquanto, aos poucos, se torna evidente que a fazenda carrega um passado de assombrações. 
Assim que saiu o trailer de O Juízo, a reação do público imediata foi apelidar o filme de ‘O Iluminado brasileiro’, e com certa razão. A trama foca justamente na loucura de um homem, que sofre com alcoolismo, ao se isolar em uma casa com a esposa e filho. E a fazenda do Raposo é digna do Hotel Overlook, um casarão colonial abandonado em um lindo vale, que trouxe bastante valor ao filme. As filmagens na casa e ao redor ficaram maravilhosas, e a ambientação do produto foi muito bem construída, levando o público rapidamente para o lugar do suspense, quase terror. 

Felipe Camargo está fazendo um excelente trabalho de atuação, Augusto não começa o filme bem, sua saúde mental não está nas melhores condições, e acompanhados uma queda ainda maior, um despencar para a paranoia e a fixação com uma ideia, uma esperança. A trama traz uma boa sacada com a questão dos diamantes, com a descoberta de Augusto que o pai acreditava existir uma fonte das pedras dentro o terreno do Raposo, alguma fortuna escondida da qual uns poucos diamantes se desgrudaram e desciam pelo rio, uma das quais Marinho, filho de Augusto e Tereza, encontra, pouco depois da mudança.
A loucura do protagonista foi construída ao redor de algo universal, o desejo do enriquecimento, de forma que o expectador compreende as atitudes de Augusto sem que seja necessário uma grande perda de tempo de tela para que acreditemos que ele poderia agir de tal forma. Reconhecemos que Augusto está ultrapassado as linhas da sanidade, mas a motivação criada torna essa loucura fácil de acreditar. O diamante é apresentado no filme como algo poderoso, quase assombrado, e com poucas cenas se passa a jogar com os limites de até onde o homem pode chegar para possuir uma fortuna. 
A parte sobrenatural do longa é bem trabalhada, a presença dos espíritos está em uma boa medida, e nunca utilizada para sustos desnecessários. O suspense é construído na ambientação, nas aparições sutis de início, que vão envolvendo os personagens cada vez mais. Couraça, personagem vivido por Criolo, vai aos poucos amarrando Augusto na loucura pelos diamantes, tendo um objetivo real muito mais sombrio. 
O final que deixa a desejar. Toda a tensão criada parece caminhar para um clímax, mas não se chega naquele momento de maior conflito. Não ficamos, de fato, com medo pelos personagens, e acredito que faltou tomar a decisão de levar Augusto a cometer atos piores em sua tentativa de conseguir o enriquecimento, que vê como a solução de todos os seus problemas. Como falei, é inevitável uma comparação com O Iluminado, e acabamos por esperar um pouco mais de ação por parte do protagonista ao se aproximar do final. Augusto fica muito passivo, esperando que coisas aconteçam, e há apenas indicações de que planeja fazer algo. Houve uma cena com a tentativa de aumentar a tensão, deixar o público com medo de Augusto, mas na minha opinião foi um erro grave, se utilizando de um tipo de violência que acredito que só deva ser trazida a qualquer produto audiovisual quando absolutamente necessária para contar a história. Não foi o caso e, apesar de ter sido rápida e não muito pesada, não me agradou nem um pouco. A tensão criada ali poderia ter sido feita de inúmeras outras formas. 
Dito isso, o filme estava ótimo até o momento da resolução final, que ficou um pouco fácil demais. Temos o desenrolar de um bom suspense, com boas atuações e participações especiais maravilhosas de Fernanda Montenegro e Lima Duarte. A produção está ótima – incrível mesmo - a trilha sonora adiciona à ambientação, e no geral o longa funciona muito bem. Para mim o maior mérito foi a construção do clima de suspense, o filme me levou rápido para esse lugar, e não me recordo de muitos produtos nacionais do gênero, principalmente que fazem bem esse trabalho. Fico um pouco tentada a dar quatro claquetes, o início é muito bom, mas o final, infelizmente, não me permite. Mas, mantenho que vale a pena assistir. 

5 comentários:

  1. Que elenco de peso e a história parece ser bem interessante (não assisti O iluminado), fiquei bem curiosa, mas pena o final não ter sido tão bom...

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  2. Oiii ❤ Não sou muito fã de filmes de terror, mas fiquei curiosa sobre esse filme já que ele foi comparado ao Iluminado.
    Esse filme parece ter alguns problemas no desenvolvimento, mas, ainda assim, parece valer a pena de ser conferido.
    Beijos ❤

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  3. Ruim quando um filme vai até que bem e peca lá no final.
    Aprendi a respeitar mais o cinema nacional pelas dicas do blog e admito que minha cabeça mudou demais em relação ao que é nosso.
    Primeira crítica que leio dessa obra e mesmo com essas falhas, eu pretendo sim, ter a oportunidade de conferir assim que for possível!!!
    Elenco de primeira constelação!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  4. Olá! ♡ Achei a premissa interessante, mas não sei se gostaria de assistir esse filme, não faz muito meu estilo.
    O filme parece bom e agradar os amantes do gênero, mas o final parece pecar um pouco por ser fácil demais.
    Gostei bastante do elenco!
    Beijos! ♡

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  5. Gabriela!
    Que família de peso, hein? Avó, filha e filho agora, sensacional.
    Como gosto desses filmes mais sobrenaturais, mesmo que o final tenha sido bem fácil, fiquei foi curiosa para ver ese enredo e as atuações.
    cheirinhos
    Rudy

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