terça-feira, 10 de março de 2020

Menina que via Filmes: O oficial e o espião [Crítica]



Título Original: J’accuse
Título no Brasil: O Oficial e o Espião
Lançamento: 12 de março de 2020 (2h 12min)
Gênero: Drama, Histórico, Suspense
Direção: Roman Polanski
Elenco: Jean Dujardin, Louis Garrel, Emmanuelle Seigner
Nacionalidades: França, Itália
por Gabriela Leão



‘O Oficial e o Espião’ apresenta a história real do caso de Alfred Dreyfus, capitão do exército francês e judeu, que foi injustamente acusado de alta traição no dia 22 de dezembro de 1884. Dreyfus é sentenciado à prisão perpétua em exílio, mas não é esquecido. Logo após, o Tenente-Coronel Picquart assume o escritório de inteligência do exército e, com novas informações, passa a questionar a condenação de Dreyfus e realizar a própria investigação, atrás do real traidor. 
Antes de tudo, vamos estabelecer que um filme de Polanski é sempre polêmico, algumas pessoas boicotarão o produto pelo simples envolvimento do diretor, e tudo bem. Vou escrever a crítica sem considerar fatores externos à obra, pode não ser ideal, mas é o que fico mais confortável em fazer. Para você do boicote, esse filme não é nenhum ‘O Pianista’, pode deixar passar tranquilamente. 

Partindo para uma análise imparcial do produto, ‘O Oficial e o Espião’ baseia-se em uma história verídica interessante, com todos os aspectos para resultar em um excelente filme, mas pecou ao tentar contar todos os mínimos detalhes do caso. O longa poderia ter aquela clássica meia hora a menos, já que alguns detalhes de procedimento do caso, ou burocracia interna do exército, são bem irrelevantes, em se tratando de uma obra de ficção. Algumas figuras poderiam ter sido unidas em um personagem só, algo do gênero. 

Mas a premissa é ótima, o sentimento de injustiça ao assistir a obra vem fácil. A condenação é forçada em cima de Dreyfus, aparentemente, apenas por ser judeu. Picquart sofre as mesmas acusações ao tentar defender o capitão preso injustamente, os oficiais de mais alto escalão do exército mentem descaradamente, abusam de autoridade para controlar julgamentos com base em provas fabricadas, que sequer mostram ao público, sempre por detrás da desculpa de “segurança nacional”. É o suficiente para um filme angustiante, que incomoda e faz o público torcer a todo o tempo para que Dreyfus seja inocentado, e Picquart consiga justiça. 
Limitando-se a isso, ao núcleo destes dois homens, o aspecto pessoal, acho que o longa funcionaria melhor. As cenas que me causaram maior estranhamento foram justamente as que mostram a reação da sociedade da época, não sei exatamente o motivo, apenas me pareceram deslocadas. Também alguns momentos em que surgiram umas músicas tensas, como se estivéssemos assistindo algo mais para o suspense do que para o drama – mas não tinha sentido a influência deste gênero até o momento. 
Uma coisa incrível, mas que não combinou, é a união de fotografia, cenário e figurino, em vários momentos parece que estamos vendo uma pintura. As cores, os detalhes, a luz do lampião refletindo no paralelepípedo da rua à noite. Vale lembrar que estamos tratando de uma época em que os uniformes dos exércitos ainda eram exuberantes, cores vivas, o azul e vermelho. A soma disso tudo apresenta algo lindo, no entanto, dentro de um drama (com suspense), puxou para o caricato. Acabou por me tirar do filme em alguns momentos, fiquei observando quantos homens na sala tinham o bigode igual, coisas assim. Comparando com pinturas na minha cabeça. Parecia de fato que estava assistindo à uma recriação da época, ao invés da época em si. 
De modo geral, o filme é balanceado. A excelente produção, em alguns momentos, nos distrai por si só e a perda de ritmo passa um pouco despercebida. Mas, para mim, este foi o maior problema do produto, a trama que se demora, e depois faz enormes cortes temporais para mostrar momentos específicos e espaçados no tempo. Perde o ritmo mesmo. No começo trás flashbacks, depois os abandona, apresenta uma única cena com um filtro sépia... Elementos desconexos, pelo excesso de informação que se tentou passar - este foi o pecado do filme, que fica escondido por detrás de uma pintura. 

2 comentários:

  1. Polanski é um ícone, mas ao mesmo tempo, tem isso do ser detestado..rs
    Mas vou fazer como você, ler a crítica, apenas isso. É o tipo de filme que assistiria fácil,seja pela parte histórica mesmo, seja pelo cinema francês que aprendi a admirar.
    Mesmo com isso das falhas no tempo, nos lapsos, digamos, eu ainda quero muito ter a oportunidade de conferir!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Tenho tanto a lhe agradecer por abrir meus olhos e coração ao cinema de outros países. Olha aí o cinema francês trazendo um longa que parece sim, ser bem agradável, mesmo que tenha alguns pontos que não bateram entre si.
    Mesmo com esse pecado cometido na história, é um filme que pretendo ver assim que possível!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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