Dicas: 5 livros para distrair na quarentena

 

1 – A Paciente Silenciosa, de Alex Michaelides

Olhando de fora, a vida de Alicia Berenson parecia perfeita: pintora de sucesso, feliz em seu casamento com o fotógrafo Gabriel. Mas, certo dia, Gabriel chega em casa para receber de Alicia cinco tiros no rosto. Após ser presa, ela nunca mais profere uma só palavra. Anos depois o psicoterapeuta Theo Faber inicia um tratamento com Alicia, determinado a fazê-la falar e revelar o mistério de por que atirou em seu marido.  

A narrativa é dividia entre os diários de Alicia e anotações de Theo, muito bem construída nessa mistura. Sabe aquele livro que, quando você finalmente encaixa as peças, você chega a mandar um ‘nãaaao’ chocado em voz alta? Foi assim comigo em ‘A Paciente Silenciosa’, ainda fiquei achando que estava tudo ali na minha cara desde o início e eu não consegui enxergar. Para mim, é o melhor tipo de livro de suspense, aquele que dá vontade de reler para identificar todas as (muitas) pistas que o autor te deu, e você mesmo assim não pescou nada.

 

2 – ‘Uma Mulher no Escuro, de Raphael Montes

Vinte anos atrás, a família de Victoria sofreu um ataque brutal do qual ela foi a única sobrevivente. Ela tinha quatro anos quando sua casa foi invadida e toda sua família morta. Agora, vivendo isolada, Victoria evita criar laços e prefere assistir o mundo de sua janela. Mas o passado se recusa a deixá-la em paz, o assassino de sua família se aproxima, deixando mensagens e ameaças. Victoria tem poucas pessoas em sua vida, um amigo que conheceu na internet, um psiquiatra e um novo conhecido com potencial para um romance. Seria um dos três o homem que lhe tirou a família e volta a ameaçá-la?

Nessa lista que podia ter vários livros de Raphael Montes, resolvi colocar o mais recente. O motivo: eu li de uma vez só. Peguei em um domingo no fim do dia e só parei as quatro da manhã, estragando minha segunda-feira. Não é algo que eu costumo fazer com frequência, mostra como o livro te prende de jeito. Você fica numa loucura tentando adivinhar qual dos três homens é o culpado, cada hora mudando de opinião.

 

3 – A Última Festa, de Lucy Foley

Um grupo de nove amigos da faculdade mantém a tradição de passar juntos a virada do ano-novo. Dessa vez, decidem por se hospedar em um hotel isolado numa ilha da Escócia, um paraíso que fica completamente isolado do mundo em caso de fortes chuvas. E, no dia seguinte ao réveillon, quando um corpo é encontrado, uma forte nevasca impede qualquer pessoa de entrar na ilha, ou de sair – incluindo o assassino.

Lucy Foley tem uma técnica de narrativa que prende do início ao fim: ela não te conta quem morreu, nem como, só te diz que existe um corpo e vai te apresentando o porquê do crime enquanto caminha para responder as duas primeiras perguntas. Bem parecido com ‘Pequenas Grandes Mentiras’ da Liane Moriarty (no qual se baseia a série ‘Big Little Lies’). Gostei ainda mais do suspense mais recente da autora, ‘The Guest List’, mas acho que ainda não foi traduzido para o português, então deixo o ‘A Última Festa’ nessa lista, que também é uma delícia de ler. Ela apresenta a perspectiva de cada personagem, desenvolvendo todas as tretas desse grupo de amigos que era para ser tão unido.

 

4 – Sangue no Inverno, de Mons Kallentoft.

Em um dos invernos mais frios dos últimos anos, um homem é encontrado morto pendurado em uma árvore, nas proximidades de Linköping, na Suécia. O estado do corpo faz lembrar tradições ritualísticas de uma antiga religião viking, teria sido esse crime uma espécie de oferenda? Uma voz se faz ouvir, ela quer passar uma mensagem e só a detetive Malin Fors parece escutá-la.

Esse livro não é recente, mas me dê qualquer espaço para falar de livros de suspense e eu vou enfiar Mons Kallentoft no meio. Sangue no Inverno é o primeiro de uma série, mas funciona muito bem sozinho. A narrativa do autor sueco é incrível, ele traz essas vozes misteriosas que conversam com o leitor, com a detetive, e você não tem ideia se acontece mesmo ou não. De todos os muitos livros de mistério que já li, é um dos que mais me marcou.

 

5 – Outsider, de Stephen King.

Após o assassinato brutal de um menino de onze anos, o assassino é rapidamente detido. Terry Maitland parece o culpado óbvio após seu DNA ser encontrado pela perícia, mesmo que seja chocante para a pequena cidade o envolvimento do treinador da liga infantil de beisebol com qualquer aspecto do crime. O problema é que, mesmo com testemunhas e provas físicas da culpa de Maitland no homicídio, ele também tem um álibi irrefutável. A investigação se desenvolve e o detetive Ralph Anderson entra em uma montanha russa de tensão e suspense, buscando uma explicação para o caso.

Para quem gosta da pitada (ou um pouco mais que isso) do sobrenatural. Outsider é um dos livros recentes de Stephen King que tem uma narrativa muito mais puxada para o thriller do que o terror. Claro que, sendo de King, a história vai para o lado do fantasioso, mas é basicamente um livro de romance policial. Inspirou uma série da HBO, que também vale a pena. 

Gabriela Leão é carioca e advogada, mas sua maior afinidade com o mundo das histórias fez com que se afastasse da profissão para estudar Literatura e técnicas de produção de roteiros. Escritora, tem dois romances policiais publicados: ‘A Mulher no Lago’ e ‘Tentativa’. Participou de diversas antologias no gênero do terror e, por ser incapaz de se prender a um gênero, publicou histórias de fantasia no Wattpad.