domingo, 10 de janeiro de 2021

Menina que via filmes: Atravessa a vida

 


Título Original: Atravessa a vida
País: Brasil
Data de lançamento: 14 de janeiro de 2021
Direção: João Jardim
Elenco: professores e alunos do Centro de Excelência Dr. Milton Dortas
Duração: 1h23mins
Gênero: Documentário
#11 de filmes vistos em 2021
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Certamente, você assim como eu tem recordações de como foi prestar o vestibular, na verdade, se prestou ou não, ou se for mais novo é comum usar o nome ENEM. A escolha do diretor João Jardim em mostrar uma turma do 3º ano do ensino médio que se prepara para o exame mais aguardado por jovens no último ano da escola, chega em um momento onde vários pais tentam que mais uma vez o exame seja adiado por causa da pandemia.
Não precisa ser nenhum especialista em Educação Nacional para saber de nossas diferenças. Se estudou em escola privada a vida inteira assim como eu, sabe que mesmo nas pagas há muita diferença social, porque temos bolsistas e porque quem tem mais grana as vezes age como se pudesse ser dono do mundo, ou acredita que seus pais sejam superiores a outros que recebem menos. 
Tendo aulas on-line, esses jovens no ano que passou lutaram para terem acesso a internet e a um computador que suportasse os acessos e pesquisas que precisavam. É injusto comparar com quem tem tudo em casa.
Nesse documentário especificamente a questão que sempre ouvimos de que "é o aluno quem faz a escola" pode ser uma verdade ou não, reconhecer privilégios é digno de qualquer um, e esses alunos tem a chance de terem aulas em uma escola pública que pelo que é apresentado no documentário nem sempre lhe dá todos os meios para que possam fazer sua parte, e lutarem pela vaga que almejam. Em qualquer lugar, até mesmo nas escolas mais caras, há quem não esteja muito interessado em estudar, quem ainda não definiu o que quer ser, e isso é totalmente normal, já que independente de sua classe social, eles tem idade para se questionarem e terem dúvidas sobre qual profissão seguir.
Há logo no início uma aluna mais inquieta, é visível o como ela não solta o celular  por mais que não o apareça usando, ela gira na cadeira e responde ao professor que quer ser engenheira para mandar no namorado, por ética certamente ele não pode responder o que pensa, mas aqui no alto da minha experiência eu gostaria de pedir a ela que estude o que ela quiser, seja a melhor sempre não por causa de um homem, mas por causa de você, que é muito mais importante. Ainda que entenda que ela quis brincar com um discurso empoderado de que ela quem manda no relacionamento, esse seria ouro tópico, já que relacionamentos saudáveis não há quem mande e sim há respeito mútuo. 


Nem toda fala é nesse tom, o que certamente deixa o professor e eu assistindo extremamente feliz de ver quem por exemplo sonha se formar para ajudar a família, quem não quer um emprego bom e poder retribuir quem tanto fez pela gente?
A pressão é imensa, mas a vida inteira será, estamos sempre sendo testados, até mesmo quando já estamos empregados. 
Ao longo da projeção vamos observando as dificuldades da escola, mesmo sendo considerada uma das melhores. Os professores que faltam e não há substitutos. Os alunos se sentem prejudicados e a diretora desabafa com eles pela falta de uma equipe completa.
As aulas à noite são ainda mais "problemáticas" vide a quantidade de alunos que comparece às aulas. O próprio professor chega atrasado, um comportamento que sabemos que em escolas privadas é inadmissível. 
Fatores pessoais como divórcio dos pais, são mostrados como razões que abalam os estudos desses jovens. 


Temas gerais e importantes são abordados, como o papel fundamental da família no apoio a esses jovens. Os professores tocam em alguns deles durante esse documentário através de músicas ou debates, e com isso vemos suas visões sobre suicídio, crescimento profissional e até mesmo pena de morte.
Há relatos emocionantes, o retrato de boa parte de nossa juventude aparece nesse documentário filmado na cidade de Simão Dias no estado de  Sergipe durante o ano de 2018 - isso fica claro quando há a eleição do atual presidente. 

Há uma obra na escola que serve de fundo para mostrar o como o barulho atrapalha quem precisa se concentrar e faz com a própria diretora precise tomar a frente da coordenação das obras deixando de lado algumas atribuições suas.

Adorei o formato em que foi filmado, é muito real e os jovens são tão sinceros em seus anseios que fazem desse um excelente documentário para entender melhor o que eles pensam no ano mais esperado da vida deles.

*Filme assistido através de cabine on-line em parceria com a Primeira Plano


3 comentários:

  1. Como eu ainda não conhecia este documentário, fiquei muito feliz com o tema abordado.
    Tá, já passei da idade de vestibular, enem e tudo mais. Mas ontem mesmo estava acompanhando uma matéria em um jornal onde se falava da dificuldade sobre um vestibular hoje, em meio a uma pandemia!
    Adorei e se puder, vou ver com certeza!!!
    Beijo

    Angela Cunha

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  2. Raffa!
    Acho importante filmes como esse que mostram a verdadeira realidade dos alunos e professores, principalmente em relação ao ENEM.
    São tantos problemas que os não tão favorecidos passam que é uma realidade dolorosa e quando um deles, acaba por se destacar, é algo a ser comemorado e servir de exemplo.
    Tenho uma opinião diferente da maioria sobre as unni veersidades e faculdades públicas, deveriam ser quase que exclusivamente para quem não tem condições de pagar por uma particular e caso sobrassem vagas, aí sim, poderiam ser entregues a quem teve condição de estudar em escola particular.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Lembrei do meu terceiro ano do ensino médio lendo a resenha, fiquei curiosa para assistir esse documentário.

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