Título no Brasil: Herege
Título Original: Heretic
Ano: 2024
País: Estados Unidos
Diretor: Scott Beck, Bryan Woods
Roteirista: Scott Beck, Bryan Woods
Elenco: Hugh Grant, Sophie Thatcher, Chloe East
Nota: 3 /5
Por Amanda Gomes
Paxton e Barnes são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed, um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se.
Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes vêem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato.
Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.
Discutir religião nunca é simples, mas o terror parece ter nascido para isso. E “Herege” consegue explorar esse terreno espinhoso de forma brilhante. O longa mergulha fundo na fé e nos extremos a que as pessoas chegam por suas crenças. A premissa é simples, mas eficiente.
O que mais me chamou atenção foi a construção do universo. Cada diálogo é carregado de reflexões sobre a natureza da fé e o impacto das religiões na sociedade. Sem soar didático, o filme critica como a religião pode ser imposta e explorada como um comércio.
E, claro, Hugh Grant está simplesmente impecável. Ele entrega monólogos fascinantes, com um toque deliciosamente perverso que transforma Mr. Reed em um dos vilões mais memoráveis dos últimos anos. Mas o talento do elenco não para por aí. Sophie Thatcher é ótima, como já era de se esperar, mas quem me surpreendeu mesmo foi Chloe East. Ela rouba a cena com uma performance intensa e emocionante.
O terror psicológico domina os dois primeiros atos, criando uma tensão constante. Mas, infelizmente, o terceiro ato escorrega. As reviravoltas, que até então eram bem dosadas, começam a parecer exageradas e o desfecho perde um pouco do impacto. A resolução soa inflada, quase forçada, e deixa a sensação de que o filme não conseguiu manter o nível até o fim.
Ainda assim, “Herege” vale muito a pena. A jornada é instigante e te prende do início ao quase final. Mesmo que o destino não seja tão satisfatório quanto o esperado, a experiência até lá é repleta de tensão, reflexão e ótimas atuações. Um filme que, apesar dos tropeços, reafirma o talento da A24 em entregar histórias ousadas e provocativas.
Se você curte um terror que vai além dos sustos e não tem medo de questionar temas polêmicos, “Herege” é um prato cheio — ou melhor, uma torta de blueberry envenenada, deliciosa e letal.
Cabine de Imprensa à convite da assessoria
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