Título no Brasil: Goat
Título Original: Him
Ano: 2025
Direção: Justin Tipping
Roteiro: Zack Akers, Skip Bronkie
Elenco: Tyriq Withers, Marlon Wayns, Julia Fox
Nota: 2/5
Por Amanda Gomes
O esporte sempre foi um terreno fértil para o cinema. É difícil resistir a uma boa história de superação, à adrenalina de uma virada improvável ou à emoção de uma vitória suada. “GOAT” parte exatamente desse fascínio, mas tenta adicionar uma camada sombria, misturando drama esportivo e terror psicológico. A combinação parece promissora, ainda mais com o nome de Jordan Peele estampado no pôster como produtor. Mas, apesar das boas intenções, o filme acaba tropeçando nas próprias ambições.
A história acompanha Cameron Cade, um jovem quarterback criado pelo pai para ser uma lenda do futebol americano. Quando uma lesão ameaça o sonho de se tornar profissional, ele recebe um convite de seu maior ídolo, Isaiah White, para passar uma semana em um centro de treinamento isolado no deserto. O que deveria ser uma chance de redenção se transforma em um pesadelo quando Cameron percebe que o “melhor de todos os tempos” talvez seja apenas mais um homem preso à própria obsessão.
Há algo de muito interessante na proposta de GOAT: falar sobre idolatria, masculinidade tóxica e o peso das expectativas, especialmente no universo do esporte, onde força e sucesso são tratados quase como religiões. O problema é que o filme parece querer abraçar todos esses temas ao mesmo tempo, sem saber muito bem o que fazer com eles. A estrutura dividida em capítulos, as metáforas visuais óbvias e os longos discursos de Isaiah soam mais como uma tentativa de soar profundo do que como reflexões genuínas.
Mesmo com o nome de Jordan Peele no projeto, “GOAT” está longe da sutileza e do senso de provocação que marcaram filmes como Corra! ou Nós. Aqui, tudo é literal demais, como se o roteiro não confiasse que o público seria capaz de entender o que está sendo dito. As críticas ao sistema esportivo e ao culto às celebridades estão lá, mas sem a força ou a ironia necessárias para deixar alguma marca.
Marlon Wayans, conhecido por papéis cômicos, até tenta mostrar um outro lado. Em alguns momentos, ele realmente convence, mas em outros parece preso às mesmas expressões e exageros de suas comédias. Tyriq Withers, por sua vez, carece do carisma necessário para sustentar o protagonismo. Falta peso, falta verdade e, com isso, falta emoção.
Esteticamente, “GOAT” até tem seus méritos: a fotografia fria, os enquadramentos fechados e o uso simbólico das cores criam uma atmosfera sufocante que combina com o tom da história. Mas, narrativamente, o filme é indeciso. Ora flerta com o misticismo, ora tenta ser uma crítica social, e em nenhum dos dois caminhos parece confortável.
No fim das contas, “GOAT” quer ser mais esperto do que realmente é. Ele tenta chocar, provocar e fazer pensar, mas acaba se perdendo em explicações e pretensões. Falta sutileza, aquela elegância que transforma um discurso forte em algo verdadeiramente marcante.
Saí da sessão com uma sensação estranha: o filme me prometeu uma grande revelação sobre ídolos, glória e identidade, mas o que entregou foi um amontoado de ideias que não se encaixam. “GOAT” é visualmente interessante e tem lampejos de boas intenções, mas carece de uma direção segura e de um olhar mais humano. Talvez esse seja o maior paradoxo do longa, querer falar sobre deuses do esporte sem nunca conseguir enxergar os homens por trás do mito.
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