Título no Brasil: Totto-Chan - A Menina na Janela
Título Original: Madogiwa no Totto-chan
Ano: 2025
Direção: Shinnosuke Yakuwa
Roteiro: Yusuke Suzuki, Shinnosuke Yakuwa
Elenco: Liliana Ôno. Koji Yakusho, Shun Oguri
Nota: 4/5
País Japão
Amanda Gomes
“Totto-chan: A Menina na Janela” é o tipo de filme que a gente assiste com um nó na garganta e um sorriso no rosto. A história acompanha Totto-chan, uma menina de sete anos expulsa da escola por ser “inquieta demais”. Até que ela encontra um novo lar na Tomoe Gakuen, uma escola diferente de tudo: as aulas acontecem dentro de antigos vagões de trem e a curiosidade é incentivada, não punida. Sob o olhar afetuoso do diretor Kobayashi, Totto descobre que cada criança aprende a seu tempo e que empatia é a verdadeira essência da educação.
Visualmente, o filme é um encanto. As cores vibrantes, o traço delicado e a atmosfera acolhedora criam um mundo quase palpável, onde cada detalhe parece feito para aquecer o coração. A trilha sonora, suave e envolvente, acompanha com sensibilidade as descobertas da protagonista e torna a experiência ainda mais imersiva.
Mas o grande trunfo é a forma como ele mistura poesia e realidade. Mesmo diante da sombra da Segunda Guerra Mundial, que aos poucos invade a rotina da escola e das famílias, o filme mantém o olhar infantil, curioso e esperançoso. Totto-chan vê o mundo com doçura, e é justamente essa pureza que torna tudo tão tocante.
A amizade entre Totto e Yasuaki, um garoto com poliomielite, é o coração pulsante da narrativa. É nesse vínculo que o filme revela sua mensagem mais bonita: a importância de olhar para o outro com gentileza. A relação dos dois é retratada com uma sinceridade que dispensa drama excessivo; é uma amizade que cura, ensina e transforma.
Sim, Totto-chan é um filme lento, mas é aquela lentidão que convida à contemplação. Ele não corre, não tenta apressar sentimentos. Vai construindo, aos poucos, um retrato da infância como tempo de descobertas e empatia. Quando Totto diz ao diretor: “Quando eu crescer, quero ser professora da escola”, é impossível não se emocionar. Essa cena resume o espírito de toda a obra: o poder transformador da educação quando ela nasce do afeto.
Mais do que um retrato nostálgico da infância, “Totto-chan: A Menina na Janela” é uma celebração da liberdade de ser e da beleza de aprender com o coração aberto. Um lembrete de que a verdadeira sabedoria está em permanecer curioso mesmo quando o mundo parece cinza.
O longa pode até não ter a grandiosidade visual de um Studio Ghibli, mas carrega o mesmo espírito: aquele que faz a gente sair do cinema mais leve, acreditando que gentileza ainda é uma força revolucionária. É um filme para assistir com calma, deixar entrar e ficar. Um abraço em forma de animação.
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