terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

[Resenha] Diário de Berlim Ocupada 1945 - 1948

Título Original: 
Battleground Berlin Diaries - 1945-1948
Título no Brasil: Diário de Berlim Ocupada - 1945-1948
Autora : Ruth Andreas Friederich
Editora Globo
Número de págs: 306
Formato lido : ebook
Aparelho : Kindle





Não sei ainda o que mais me impressionou nesse livro, na busca por saber mais sobre a Segunda Guerra Mundial descobri histórias do pós guerra não somente dos judeus que sofreram tanto na mesma, mas também do povo alemão que obrigados a seguirem Adolf Hitler foram colocados em um pacote onde o mundo não gostava mais deles, sevia com desconfiança pessoas dessa nacionalidade pois eram o mesmo que se dizerem nazista, virou sinônimo. No relato emocionante da jornalista Ruth Andreas- Friederich desvendamos esse outro lado, conhecemos todas os lados da moeda, sabemos que nem todos os alemães eram a favor do fuhrer, que durante a Guerra também se sentiam amedrontados e eram obrigados a fingir que concordavam com o regime, nos diários da jornalista conhecemos o dia a dia após a ocupação russa, uma Alemanha desconhecia por muitos, onde o povo sofreu muito mesmo os que ajudaram a esconder judeus, ali não havia distinção, como a própria autora fala diversas vezes, os alemães haviam feito os russos morrerem, então mereciam serem pagos na mesma moeda de acordo com o regime da União Soviética.
As andanças da jornalista com um grupo de amigos e sua filha Heike em busca de abrigo e fugindo dos soviéticos é um dos melhores relatos que já li pois há riqueza de detalhes e explicação da história a fundo para os mais leigos, muitos dos fatos eu mesmo desconhecia e gostei da explicação dada por ela.
O gigante número de estupros assusta, em uma época onde mais da metade da população feminina era estuprada por soviéticos e onde o medo prevalecia mais uma vez, notamos na narração de Andreas que o fato de terem acabado com os 12 anos de poder nazista de nada diminuiu o sistema de escravidão a um governo onde não se sabia o que era democracia, onde decidiam o que eles deveriam pensar ou não. Um dos fatos mais marcantes para mim dos 3 anos relatados no livro é o fato de terem considerado crime o aborto mesmo sabendo que  o número de mulheres com filhos de estupradores era altíssimo , ela relata que se a taxa de natalidade subisse seria como na China iriam coibir os nascimentos e culpar os pais mas como a taxa de mortalidade de alemães era altíssima no pós guerra mulheres com mais de cinco filhos chegaram a ganhar medalhas, mesmo não tendo direito o que dar de comer aos mesmos.
Ah sim, o relato dos cartões de racionamento são tristes, além de não terem onde morar os alemães se depararam com cotas baixíssimas de pão, de banha! Sim, até sabonetes de americanos eram vendidos no mercado negro onde podiam custar muitos marcos. 
No início do livro - e lembrando a capa - as bicicletas eram artigos de luxo e eram confiscadas pelos soviéticos a todo instante , como se não bastassem fugirem dessa ameaça o frio de Berlim em nada ajudava e claro que as roupas que eles tinham e a comida nunca era o suficiente, tinham mães que para economizar calorias e darem sua cota para os filhos ficavam deitadas na cama, assim não se sentiam fracas e viam seus filhos um pouco mais nutridos.
Tudo no relato espanta, a raiva que o mundo teve do país onde ela mesma se espanta da Áustria ter virado as costas a Alemanha lembrando que Hitler era austríaco e não alemão!
Na morte de um de seus amigos por um tiro disparado a luta para encontrar um lugar para dormir tudo é contado em detalhes preciosos o que fazem desse livro uma importante ferramenta de estudo da época. 
Andreas é minuciosa nos detalhes que vão até a Alemanha dividida e no alto índice de inflação onde as pessoas se acostumaram a estocar produtos e revenderem. 
Não havia distinção para as profissões, médicos , professores, todos eram tratados igualmente pelos soviéticos que pareciam somente quererem se vingar do que os nazistas haviam feito durante a guerra, esquecendo que ali diante deles havia um povo onde muitos eram tão vítimas quanto os judeus, e em momento algum estavam a favor do nazismo, mas por medo e impotência fizeram até onde dava para ser feito, uma prova de relato que pagar na mesma moeda só é válido se fosse Hitler sofrendo tudo aquilo que sofreram, longe de ter qualquer justificativa para o quanto o povo germânico sofreu no pós guerra.

Um livro maravilhoso!

6 comentários:

  1. Parece um livro maravilhoso sim, mas por outro lado triste também. Essas histórias sempre me deixam fascinadas, saber um pouco mais do que aconteceu e de um ponto de vista diferente é lindo.

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    1. Aline

      é muito triste sim, certas partes até um pouco melancólico :(

      beijos

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  2. Gosto muito de livros assim que fatos históricos,são fortes...
    Sua resenha me deixou curiosa e ao mesmo tempo com receio de ler esse livro por conta da violência,os estupros...não sei explicar,acho que não estou num bom momento para esse tipo de leitura...

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    1. Oi Eva

      soube depois de ler esse que há uma primeira parte que também foi lançada aqui nos relatos da mesma jornalista mas durante a guerra , vou procurar, o livro é triste mas ao mesmo tempo lindo, pela força dela.

      beijos

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    2. e quando você achar vai resenhar pra nós,né?!Bjão.

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  3. Já li alguns livros sobre esse tema é triste mas é a realidade né...esse em particular nunca li..nem conhecia e é muito bom saber de mais livros sobre esse tema.

    http://livroaoavesso.blogspot.com.br/

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