segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Menina que ia ao teatro: The Old Woman [Crítica]

Título Original : The Old Woman
Elenco : Mikhail Baryshnikov e Willem Dafoe
Local : Cidade das Artes
Sinopse:
 The Old Woman, criada por Robert Wilson em colaboração com seus intérpretes, o lendário dançarino e ator Mikhail Baryshnikov e o ator internacionalmente reconhecido Willem Dafoe é uma adaptação da obra homônima do autor russo Daniil Kharms e estreou na Inglaterra em 2013.
Nascido em São Petersburgo em 1905, Kharms sofreu sob o regime stalinista por boa parte de sua vida. Finalmente preso, foi morto por soldados soviéticos nos Gulags com apenas 36 anos de idade. A brevidade da vida de Kharms se assemelha à brevidade de seus escritos de caráter absurdo, alguns dos quais se estendem por pouco mais de um parágrafo. Uma exceção é THE OLD WOMAN, uma novela obscura, brilhante e sutilmente política, escrita em 1939. Carregando traços de Beckett e Ionesco em sua narrativa, que acompanha a história de um escritor em dificuldades que não consegue alcançar a paz consigo mesmo e é assombrado pela figura de uma velha mulher, este é talvez o melhor trabalho de um dos maiores autores russos de vanguarda.
Mikhail Baryshnikov e Willem Dafoe dão vida a seus personagens na encenação de Robert Wilson, caracterizados como uma dupla de palhaços, altamente estilizados, revelando o patetismo presente em cada um de seus bizarros encontros. Numa série de tableaux vivants costurados por números de excêntrico vaudeville, o cenário e iluminação marcantes de Robert Wilson, com móveis que flutuam no palco e monolitos de luz branca, fazem um rigoroso contraponto às figuras construídas por Baryshnikov e Dafoe. Quanto mais dementes são os personagens, mais preciso e austero se torna seu pano de fundo.
Isto é, acima de tudo, uma evocação da tirania stalinista, outro tipo de teatro do absurdo.


Não conhecia o teatro Cidade das Artes.  Chamado de elefante branco durante muito tempo o imenso complexo de teatros foi inaugurado as pressas pelo governo anterior e ficou anos sem ter nenhuma funcionalidade. Passado os anos algumas peças foram para lá e eu ainda não tinha ido a nenhuma por lá. 
Quando soube que Mikhail Baryshnikov e Willem Dafoe estariam fazendo a peça The Old Woman lá eu pirei, e comprei os ingressos no mesmo dia. Quem acompanha o blog viu minha felicidade em vê-los. 
Tinha chegado o dia, fiquei impressionada com o tamanho da Cidade das Artes por dentro, a peça estava com todos os dias e sessões esgotadas há mais de um mês atrás.
O friozinho carioca estava uma delícia, mas mesmo com muitas pessoas o local gigante não ficava cheio, fácil se perder por ali.
Nas imensas paredes o que mais gostei foi um quadro gigante com nosso querido Machado de Assis <3!
Mas vamos conhecer o interior do teatro?
Nosso lugar era na galeria Baixa onde a visão é lateral e comparado com outros teatros a visão é boa. O incômodo foram os atrasildos de sempre , eram 10 para as nove horas e muitos ainda não haviam entrado no teatro.
O palco mostrava o painel acima. Aproveitei para tirar muitas fotos . 



Depois de 3 toques, enfim foi a vez de começar a peça. 
Vou confessar que não achei nada fácil entendê-la e curti-la. Se por um lado me emocionei de ver mais uma vez Mikhail no palco a peça não era popular, nem na linguagem pois misturava inglês com russo  e tinha legendas , nem na história que durante o tempo todo apresentava os atores muito pintados , de terno e fazendo mímicas , o que poderia por um lado lembrar o magnífico Charles Chaplin.
Com muitas caras e bocas e diálogos repetidos intercalados com gritos, a peça do absurdo como muitos chamam pode impressionar os mais atentos a atuação no palco mas também pode afugentar quem esperava ver Willem em seus papéis de cinema e Mikhail dançando. Nada é comum.
Uma velha é morta. O cadáver está na casa do escritor. Ele não sabe o que fazer com o cadáver. Ele se questiona o tempo todo com algo que parece ser sua consciência, ou o outro ator em cena. Se tenho certeza? Não, não a tenho. Foi o que entendi.
Se discute porque o sete vem antes do oito , na verdade ele nem lembra se antes vem o oito ou o sete. E vem gritos, e barulhos quando anda  , há o exagero, há o absurdo... e metade da plateia parece encantada, outros bocejam.



A legenda não é fácil de se enxergar. Acima do palco quem usa óculos vê a luz do palco ofuscando. O palco se transforma de acordo com o jogo de luzes e é sensacional.
Entre caras e bocas os dois encenam, por ter lido antes sei que a peça é de um russo da época stalinista, mas não que isso fique claro em algum momento . 




Nada é simples, tudo é exagerado e ainda assim é perfeito. Porque ali estão dois grandes atores, um dos melhores bailarinos que o mundo já viu. 

Fiz um vídeo nos agradecimentos. Mais uma vez me encantei com algo único, difícil de analisar, fácil de se envolver. E que valeu cada minuto.

11 comentários:

  1. Flor, que riqueza de teatro!!!Fiquei encantada com as imagens. É realmente um lugar majestoso, lindíssimo!
    Bom de cidade grande é isso. Na minha cidade, há um teatro super pequeno, confortável..mas muito pequeno..que serve mais para palestras do que para peças...Quando foi construído, todo mundo já sabia disso..mas confesso que dá uma pontinha de tristeza em ver que cultura aqui não é levada a sério.
    Dafoe é espetacular!!!Amo os trabalhos que ele faz e Mickail dispensa comentários!
    Aposto que foi um dia único, repleto de emoções!!!!!
    Beijo

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  2. Lindo, lindo, lindo!
    Só você para nos presentear desse jeito. Amei esse post.

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  3. Nossa, o teatro é lindo!! Tinha lido uma matéria sobre The Old Woman na Veja e tinha achado muito interessante.... E com esse post eu achei mais incrível ainda .... :)
    Beijos

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  4. Que teatro lindo! Uma pena ter ficado sem uso tanto tempo.
    Nunca assisti a uma peça de teatro, provavelmente eu ia ser das que bocejam rs :/ Mas parece ser bem legal, que bom que você curtiu!

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  5. Que peeerfeiiitooooooooooooooooooooo!!!!!!!!! Adorei esse teatro!

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  6. Gostei muito deste teatro Raffa!
    Mas acho que não assistiria esta peça pelo fato de você ter mencionado a mistura de falas.

    Beijos

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  7. Olá Raffa
    Achei o teatro lindo demais pelas fotos, mas não me empolguei em ver pelas misturas de linguagens e dificuldade na leitura das legendas.
    Beijos

    As Leituras da Mila

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  8. Que teatro magnífico! Imenso não??!! rsrsrs
    Adoro teatro, mas pelo que vc descreveu dessa peça, não me empolguei muito não para conhecê-la! rsrsrsrs
    Amo russo e pretendo um dia aprender o idioma e talvez só por isso tenha me interessado um pouquinho!

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  9. Oi, Raffa!!!
    Primeiro amiga, eu amei o teatro!
    Segundo... que alegria conferir de perto o trabalho dos dois. Eu aaaaaaaaaamo muito muito muito mesmo o Dafoe! Mikhail também é maravilhoso nas duas áreas, dançando e atuando... mas a última referência que tenho dele foi a participação dele na sexta temporada de Sex and the City e eu odieeeeeeeeeeeei o personagem que ele fez. Odiei ele ter feito a Carrie sofrer tanto... embora (admito) ele estivesse mega sedutor ;) rsrsrs
    Fico tao feliz quando você traz essas novidades pra gente!
    Obrigada sua linda!
    Beeeeeeeeeeeeeijo

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  10. Nossa!!!!Pra mim já teria sido válido só pelo teatro,é simplesmente lindo!Magnifico!Encantador etc...
    Quanta a peça,eu não estaria nem na parte que boceja e nem na que está encantada,me encacharia na parte que está confusa....

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  11. Que lugar lindo, me admira ter ficado tanto tempo sem utilidade, é imenso! E eu só olhando as fotos e o vídeo pequenino que voce fez, me encantei com a peça, não entendendo muito, mas fiquei encantada, acho que a atmosfera do teatro traz todo esse encantamento né, adoraria ver! Amei as fotos!

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