quarta-feira, 18 de março de 2015

Menina que via Filmes : Timbuktu [Crítica]

Título Original: Timbuktu
Dirigido por Abderrahmane Sissako
Com Ibrahim Ahmed dit Pino, Abel Jafri, Hichem Yacoubi mais
Gênero Drama

Nacionalidade França , Mauritânia



























Não fazia a menor ideia de onde ficava Timbuktu antes do filme ser um dos candidatos ao Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano. Mesmo não ganhando ele se manteve nos cinemas - mesmo em poucas salas - com as sessões lotadas e o sucesso é merecido.
Não espere um filme fácil de ser digerido, Timbuktu é tudo, menos um filme agradável de ser visto. Cidade de Mali, o nome que não foi traduzido em português na verdade é Tombucto, na África. 
A cidade é um verdadeiro deserto onde jihadistas tomaram conta com suas leis e em nome de um Alá que nem mesmo os muçulmanos reconhecem . Logo no início já sabemos que por lá não é permitido mulheres saírem de casa sem cobrirem a cabeça, corpo e também mãos e pés, ou seja, faz se obrigatório o uso de luvas e meias, por mais que seja um calor tenebroso.
Falado boa parte no dialeto local e com algumas falas em francês o filme é lento e na medida exata para nos mostrar como vivem pessoas que não podem nem ouvir música. É crime. Quem o faz leva chibatadas. Mesmo que cante músicas reverenciando Alá. 
Um pouco afastados das casas do Centro vive uma família aparentemente feliz , o pai passa o dia na sombra enquanto sua filha de 12 anos ajuda com o gado , ela e mais um amigo que ficou órfão trabalham , assim como a esposa que sem querer muito da vida penteia os cabelos e corta batatas, não necessariamente ao mesmo tempo mas em cenas que nos levam a crer que ela passa metade dos seus dias com essas atividades. O que vai acontecer com aquela família não terá final feliz. 
Não sabemos de onde vem o dinheiro para roupas e nem onde os jihadistas abastecem seus carros zero. 















Em um mundo sem televisão ou jornais o que se sabe é o que se ouve no boca a boca, um guerrilheiro diz ao outro que a França nunca ganhou a Copa , o que outro diz que claro que ganhou em cima do Brasil e que Zidane é o melhor jogador que ele já viu jogar. O outro ri e mesmo em uma pobreza muito pior que a nossa diz que a França só ganhou a Copa porque o Brasil é muito pobre e nos compraram com um navio lotado de arroz.
Para rir ou para chorar? Olhamos sem ação e nem sabemos se sentimos raiva ou pena de um povo que não faz as próprias escolhas, que é punido se estiver fora de casa sem motivo aparente para isso. 
Mas o diretor nos deixa ver que mesmo o juiz jihadista esconde seus segredos : ele paquera uma mulher casada, fuma muito e gosta de dançar ballet quando ninguém está vendo.
Filme incrível e com uma direção acertada, merece ser visto. 

5 comentários:

  1. Eu so fiquei sabendo do filme pela indicação ao Oscar , porque aqui ele ainda não foi lançado ... Fiquei impressionada com a falta de liberdade que essas pessoas tem , não se pode ate ouvir musica ! Não e permitido saber das noticias , muito triste essa realidade ....
    beijos

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  2. Puxa, não me recordava deste filme. Talvez seja pelo nome complicado..ou eu que tenha deixado passar despercebido realmente.
    Mesmo achando filmes nesse estilo bem tristes, sempre é bom conhecer outras culturas e outras maneiras, mesmo que diferenciem demais do que somos ou estamos acostumados a ver e sentir.
    Piadas sobre o Brasil?rs Não é novidade..e também não sei se é de rir ou chorar..Nos dias atuais, anda complicado..aliás, sempre foi complicado.
    Adorei a crítica e com certeza, verei este filme!!!
    Beijo

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  3. Não lembro desse filme. Acho que por conta do nome, acabei não dando a devida importância. Sempre fico triste vendo esse tipo de filme, mas não dá para negar essa realidade existe, né? E nem dá para fechar os olhos para ela. Adorei a crítica e pretendo vê-lo.

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  4. Muito diferente hein!! Mas não me interessei muito. Parece ser aqueles filmes que mostram sim, uma realidade, no entanto, uma realidade tão triste e miserável que prefiro nem ver (não to no momento).

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  5. Se não tivesse visto a resenha nem saberia da existência desse filme.
    Infelizmente esse filme retrata uma história verídica que nos assusta pois não passamos nem a metade que esse pobre povo passa.

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