sexta-feira, 20 de março de 2015

[Resenha] Suicidas

Título Original : Suicidas
Autor : Raphael Montes
Editora Benvirá
Número de págs : 487











Andei com o livro por dois dias para os mais diferentes lugares enquanto o lia. Metrô, trabalho, restaurante, dentista, elevador, etc  Todas as vezes curiosos olhavam a capa como quem pergunta " Sobre o que é esse livro?". Um mais íntimo chegou a criticar que o livro era "para baixo", um estranho no metrô depois de perguntar se era bom me entregou um papel da igreja dele onde uma das perguntas era " Suicídio? Nós te ajudamos!" . A verdade é que o tema não é fácil, para os mais religiosos é uma afronta achar que mais alguém ,fora Deus, possa lhe tirar  a vida. Para os céticos, o direito é nosso e para os depressivos, fica a inveja dos que tiveram coragem.
Zak e Alessandro estudam na Faculdade de Direito, moram no Rio de Janeiro e são amigos desde a infância. A diferença primordial é que a família do primeiro é milionária e a do segundo é somente classe média. Claro, há também a diferença nos rapazes , Zak é o gostosão da onde vai e não curte muito estudar, Alessandro sabe tudo sobre Foucault e enquanto ajuda Zak nos trabalhos o amigo lhe retribui apresentando meninas, sua especialidade.
Ao redor dos dois há um mundo de pessoas que facilmente se tornam coadjuvantes quando conhecemos pela versão do Alessandro o que se passa naquela amizade. Paixão, admiração...não conseguimos exatamente medir a dimensão daqueles dois , sabemos que em breve estarão mortos.
 Sim, o livro desde o inicio já nos informa que 9 jovens se mataram em uma roleta russa. Alessandro e Zak estavam entre eles.
Ao sermos apresentados as anotações de Alessandro  nos envolvemos em um mundo absurdamente fantástico e ao mesmo tempo assustador. Como? Bom, suicídio é algo que interessa, que desperta curiosidade das massas e que faz com que o mundo se pergunte "porque"? 
Sete mães nos são apresentadas também, haviam entre eles dois irmãos e também ao longo do relato sabemos que Zak perde seus pais, ou seja, o que então nos faz que conheçamos as mães de todos os suicidas. 
Nove : Alessandro, Zak , Noel, Otto , Ritinha, Waléria, Danilo, Lucas e Maria João . Nove vidas que já sabemos o que lhes aconteceu, mas não porque aconteceu. E é isso que a delegada Diana quer descobrir, no interrogatório após 1 ano do acontecimento os nervos ainda estão a flor da pele, as mães defendem suas crias e acusam os filhos dos outros de serem os culpados. Um deles, Danilo, tinha síndrome de Down, ao puxar o gatilho não o faz sabendo o que acontecerá mas sim porque vê em Zak um ídolo, se ele manda, ele obedece. E é exatamente esse o personagem que mais nos intriga. Rico, bonito e poderoso, ele parece exercer uma liderança entre os demais e já ter dormido com todas as meninas ( e meninos?). Uma relação de amor e ódio se instala entre os nove, ou melhor, os oito, já que Danilo não tem consciência do que está prestes a acontecer. 
As mães ouvem tudo , cada detalhe de como os filhos perderam suas vidas, parece cruel, e é. O autor não nos permite julgamentos, quem já teve depressão e quis se matar vai se reconhecer em um daqueles jovens, porque mesmo continuar a viver quando perdemos um ente querido? Ou quando levamos um pé na bunda do homem de nossa vida? Diria o psicólogo mais próximo que devemos ser fortes que tudo isso é muito pequeno. Mas é mesmo? Quem decide isso? Quem consegue mensurar se o que é insignificante para você não tenha muito sentido para mim?
Não sabemos, não podemos, não conseguimos. E é assim que quando vi não conseguia mais largar o livro, um exemplar de 487 páginas, mas quando se tem qualidade, quando vemos que a escrita nos ganha, como fechar sem saber o final? Como resistir ao que já está ali escrito mas ainda não sabemos?
Em uma casa fechada, esses 9 jovens vão brincar com a vida, ou melhor, se despedir dela. Presos em certo momento em um porão depois de terem usado todas as drogas que podiam eles se perdem, não tem mais limites e nesse ponto me lembrou as melhores histórias de Stephen King. Quando não se há julgamentos, leis, quem mesmo tem poder? A que ponto o egoísmo do ser humano pode ser controlado? 
Limite! Existe? Não para eles, há momentos que chamam o que irão fazer e o que estão vivendo de democracia, mas até onde podemos realmente estar cientes de nossas escolhas? 
Me intrigou, me instigou, me fez fechar o livro pensando : " Putz, não acredito!". Sabem porque? Porque me surpreendeu, não imaginei aquele final, pude prever algumas coisas, mas tão poucas que me senti a pior detetive do mundo.

E aqui confesso: ainda estou abalada e pensando em seus personagens, e na última página...até agora. Leiam!

8 comentários:

  1. Raffa, conheci esse livro em quando fui no Jedicon o autor estava em uma das palestras. Ri aqui quando você comenta que recebeu um papel de Igreja porque estava lendo esse livro. RSRrs Este ainda não está na minha estante, mas depois dessa resenha batei A curiosidade para ler e saber esse final.
    Bjs

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  2. Raffa, conheço o Raphael dos eventos literários e do Face, mas ainda não tive o prazer de ler nenhuma de suas obras, mas tenho certeza que irei amar, pelo o que ele fala nos eventos e em suas entrevistas.
    Infelizmente o assunto suicídio faz parte de minha vida, perdi um grande amigo pra ele e a sensação de impotência nos persegue por um bom tempo. É aquele "e se" que gruda na gente e passa anos até a gente entender que "e se" não poderíamos fazer nada, porque quem quer se matar, se mata.
    Vou ler, com certeza, e irei providenciar logo.
    Beijo, beijo!
    She

    PS: Ahhhhh claro que ri aqui contigo, né?! Óbvio! :P

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  3. Desde a resenha de Dias Perfeitos tenho procurado saber mais sobre o trabalho do autor e agora você me aparece com uma resenha assim de outro livro do moço?
    Judiação..rs
    Tenho um pensamento estranho sobre suicídio..Já fui uma adolescente rebelde sem causa..e ainda me recordo o dia que saí para caminhar, no auge dos meus 20 anos, disposta a entrar na frente de um caminhão..e um papel voou no meu joelho..claro, peguei o papel..e nele dizia que Suicídio era para fracos..um alerta dos espíritas sobre este ato.
    Não sei se tenho este papel guardado até hoje, talvez esteja..mas isso me marcou demais.
    Mas é complicado julgar este ato..O desespero, o medo, a fraqueza..ou a coragem de deixar tudo pra trás e simplesmente, dar um fim? A religião, as crenças..a família..até que ponto isso influi?
    Sei que preciso do livro urgente!rs
    Beijo

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  4. Rafa, eu tenho o outro livro do Raphael, ainda não li esse, mas pretendo.
    E eu amei muito a sua resenha, já li outras resenhas sua, mas nesse eu realmente senti o quanto o livro mexeu com você, o quanto te tocou a história.
    Pelo que vejo é uma trama que prende e instiga o leitor, cheia de mistérios. Eu gosto muito desses componentes. Espero muito em breve, ter o meu para poder ler.

    Beijinhos
    Jaque - Meus Livros, Meu Mundo.

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  5. Sabia desse livro, mas essa é a primeira resenha que leio sobre ele. O tema é complicado, gera dúvidas, dilemas e polêmicas. A capa está ótima e a sua resenha também. Não estava com vontade de fazer a leitura, mas agora ela foi para a minha lista também. Ela sempre aumenta quando passo por aqui. kkkk

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  6. O tema suicídio é muito complicado e complexo de se falar ... Gostei do enredo porque desde já sabemos quem morreu , e tem suspense sobre o que aconteceu realmente com as 9 vitimas ... Espero ler em breve !!!
    beijos

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  7. Nooossa, preciso desse livro!!!
    Claro que sou contra o suicídio. Mas seria hipócrita se dissesse que nunca passei pela fase triste da vida de querer morrer também.
    É por isso que acho superválido ler livros com este tema, para conhecer mais as pessoas, nos prevenir até dos problemas que podem causar / ferir a alma a ponto de darmos um fim em nós mesmos.
    bjoos

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  8. Faço minha as palavras da Ana Mercury.
    Quero comprar o livro ainda mais depois de conhecer o Raphael.
    Muito bem escrita a resenha.
    Irei ler em breve. Beijos

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