sábado, 23 de maio de 2015

Menina que via Filmes : Últimas Conversas [Crítica]

Título Original : Últimas Conversas
Dirigido por Eduardo Coutinho
Com atores desconhecidos
Gênero Documentário

Nacionalidade Brasil















O documentário em questão era para ser mais uma obra-prima do mestre Eduardo Coutinho, renomado diretor que ficou mais famoso ainda depois do sucesso Edifício Master , mas por uma infelicidade do destino, quis que esse ficasse marcado como o último feito por ele, ano passado seu filho  o matou dentro da própria casa. 
Fica então aquele ar saudoso de quando ele aparece na tela e depois de assistir por inteiro você pensa " como pode um filho matar o próprio pai?" . Na ausência de respostas, com o documentário começado resta ao espectador se deliciar com o que eram para ser relatos de adolescentes de escola pública com média de 16 a 19 anos contando um pouco sobre o dia-a-dia.
Devo informar que após sair na metade do primeiro filme, a chance de ver esse era pequena, mas então encontrei a Raíssa que é uma amiga crítica do Almanaque Virtual e voltei para o cinema para ver esse maravilhoso relato, devo mil agradecimentos a ela .
No início ele conta a produtora que o acompanha - e faz isso na frente das câmeras - que seu sonho era fazer um filme com crianças, mas que o governo já havia dado patrocínio para esse então ele tinha que finalizar, em 1 semana o documentário. De acordo com Coutinho o adolescente tem pouca memória e já vem moldado, a melhor coisa são crianças porque elas agem como acham que devem agir.
Assim sendo entra a primeira entrevistada - e não vou lembrar  o nome de todos, desculpe  - uma menina de cabelos encaracolados, poucos gestos e nenhum sorriso. Ela informa que seu pai é porteiro e que sua mãe trabalha na igreja, que são católicos mas ela é ateia. Quando achamos que não há nada de emocionante para acontecer Coutinho nos ganha, pedindo para que ela leia seu diário ela diz que prefere que ele leia, e então vem a melhor parte, assustados com o que ele lê os dois se despedem. A menina que diz ter sofrido bullying e que não quer namorar ninguém vai embora.
Muitos deles são marcantes, outros nem tanto, é o caso de minha xará Rafaela, a moça sorri quando diz que tem um namorado mas chora quando lembra da falta da mãe que saía para trabalhar cedo e nunca lhe deixou faltar nada material mas nunca deu amor. Também é forte o relato de que ela foi abusada pelo padrasto. 
Entre depoimentos engraçados e tensos Coutinho faz toda a diferença ao saber entrevistar e tirar de cada um o que pensa. E principalmente : o que espera da vida ao terminar  o ensino médio?
Pâmela Luana é uma paulista que veio morar no Rio, a moça simpática conta que sofreu preconceito e que teve que aprender a conviver com isso. Do nada ela mostra as músicas que gosta, cita algumas bandas e canta Roxette, em um inglês certinho, em uma voz afinada. 
Alguns rapazes são entrevistados, mas eles perdem das meninas, muito mais interessantes, muito mais verdadeiras e adultas. Uma delas que não recordo o nome confessa que sua mãe sustentou a ela e aos irmãos sendo garota de programa. Mas que largou a vida para viver com uma esposa que a menina chama de padrasta. O carinho que ela tem por ele/ ela é incrível e emociona.
Entre o choque da realidade, sistemas de cotas e vida real Coutinho nos arranca risos e lágrimas. 
No final ele entrevista uma menina linda, Luiza de apenas 6 anos, a conversa é uma delícia e serve para fechar bem um dos melhores documentários que já vi. Pena que foram mesmo, por causa do filho dele, as últimas conversas desse gênio. 

5 comentários:

  1. Puxa, eu me recordo do crime, mas não fazia ideia de quem era a pessoa(ao menos, não até começar a ler a crítica acima)
    Engraçado como a mente da gente sempre nos prega peças.
    Mas o que mais me impressiona é o destino agindo. Você iria perder um documentário assim e não teria a chance de nos dizer o quanto foi e é bom!
    Verei com certeza, para me emocionar também e porque não, curtir ao máximo o último ato do fera!!!!
    Amei muito tudo que li acima!
    Beijo

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  2. Tanto o documentário parece ser emocionante quanto saber que esse foi o último trabalho dele. Ainda bem que você assistiu e recomendou, senão eu provavelmente não anotaria aqui para assistir. Adorei o que escreveu sobre ele.
    Beijos.

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  3. Eu me recordo do acontecido (o filho que matou o pai) e ainda não vejo lógica nisso, infelizmente existem monstros na vida real.
    Eu não vejo muitos documentários mas deu vontade de assistir esse irei procurar.
    Obrigada pela dica. Beijos

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  4. oi adorei a matéria !! Só tem uma coisisnha eu não nasci na Bahia sou Paulistana . e valeu pelo o inglês certinho!!

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    Respostas
    1. Oi Pamela! Fiquei MUITO feliz com seu comentário, já corrigi na postagem a informação! Beijos e sucesso!

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