quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

[Resenha] Uma História de Solidão @cialetras

Título Original : A History Of Loneliness
Título no Brasil : Uma História de Solidão
Autor : John Boyne
Editora Companhia das letras
Número de págs: 412











Quando eu acho que John Boyne não tem mais como me impressionar, vejo o quão ingênua sou. Em " Uma HIstória de Solidão" entramos no mundo de um padre, Odran, um irlandês que influenciado pela mãe descobre sua vocação para o celibato. Sua história antes disso consiste em ver seu pai após um histórico de bebedeiras e brigas com palavrões com sua mãe, se matar, afogando-se e levando seu irmão mais novo junto com ele . 
Nem essa história triste fez com que o rapaz perde-se a fé, e uma vez na escola que preparava os rapazes para serem padres, ele conhece seu melhor amigo : Tom Cardle. Diferente do amigo, ele se sentia obrigado a estar naquele lugar e tinha horror do pai, com  o qual tinha um histórico de abusos. 
Na Irlanda extremamente católica, ele vê o poder de sua decisão ser um grande orgulho para a mãe e para as pessoas ao redor, nem tem chances de descobrir se gosta de estar com meninas e ter uma família, pois o padre local já informa que é pecado ter visto os peitos da amiga que queria um algo mais com ele.
Resta a Odran agarrar sua vocação e aceita-la, por mais que em alguns raros momentos ele se pergunte se está no lugar certo, ao contrário de seu amigo que tem certeza que não leva o menor jeito para padre mas não tem coragem de mudar sua vida e tomar uma atitude contra o que a família espera dele.
Com idas e vindas na história, conhecemos um Odran jovem cheio de expectativas em se tornar padre querendo ajudar a todos e sua amizade com Tom, que o tempo todo questiona porque os padres não podem se casar se Papas já foram casados? Também é comum que seu colega de quarto se masturbe muitas vezes . Existe entre os rapazes um elo entre a amizade e entre o que se é certo e errado para cada um. O problema aparece quando Odran passa a ser testemunha de muitas coisas que prefere fingir que não estão acontecendo, como quando um menino fura os pneus do carro de Tom com muita raiva, ou quando um rapaz que também está na escola é expulso por ter quase sido estuprado e Tom ter hematomas no mesmo dia. O silêncio de Odran é o que o faz ser cúmplice do que o amigo apronta , afinal , como pode alguém que sofreu abusos fazer o mesmo contra inocentes?
No presente vemos Odran reatando laços com sua irmão Hannah que após a morte do marido tem esquecido de muitas coisas, e também com seus sobrinhos : Jonas, o famoso escritor homossexual que adora o tio e Aidan que foi morar na Noruega e que tem horror do tio por motivos que envolvem algo com o padre pedófilo Tom.
A cada descoberta, ou melhor comprovação de que seu amigo é exatamente o que ele suspeitava, Odran se sente culpado e tenta relembrar de todas as vezes que poderia ter evitado algo e não o fez. Com isso ao ser chamado para substituir o amigo em uma paróquia a desconfiança de que ele nunca parou de abusar de crianças cresce afinal, Tom foi realocado mais de 20 vezes!
Boyne nos coloca no mundo dos que sofreram o abuso, na cabeça de quem não quer acreditar que aquilo exista, e nos pensamentos de uma sociedade revoltada que antes via os padres como amigos e hoje os vê como seres que abusam de crianças. Isso é óbvio e muito bem retratado quando Odran em sua inocência tenta ajudar uma criança perdida. 
Para os católicos é um livro soco no estômago, é como se a gente julgasse internamente quem é inocente ou não pelo simples fato de usar uma batina,  claro que há o questionamento se os padres realmente não deveriam se casar, e meu pensamento sobre isso é que somente se justificaria se esses padres se envolvessem com mulheres na busca pelo prazer. O que ocorre é que são seres doentes que tem prazer com crianças, e isso não os impediria de abusarem deles os fazendo casarem com mulheres  que são adultas. 

Como ler esse livro e não ficar com a frase final na cabeça , martelando como um sino da igreja que toca ao meio-dia? 

5 comentários:

  1. Gostei da resenha. Também gosto muito de John Boyne. Esse livro já estava na minha lista de leitura e agora vou correr para começar a ler.

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  2. Parece ser bem impactante, ao mesmo tempo que quero ler, não quero ler.
    Acho que preciso de um pouco mais de tempo para ler livros assim.
    Também concordo que fazendo um padre se casar com uma mulher não evitaria que ele abusasse de crianças.

    Beijos ^_^

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  3. Sabe quando você lê uma resenha e seu coração fica batendo na garganta?
    Foi bem isso que aconteceu comigo. Essa "lama" que fica escondida nas igrejas, não só na católica, apesar de achar que é a que mais fere o ser humano, por na maioria, trazer a história de crianças abusadas que se tornam adultos abusadores.
    Preciso desse livro para ontem...para também mergulhar nessa solidão...e terminar assim, sem palavras.
    Beijo

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  4. Gosto de livros deste jeito, que tenham temas polêmicos, acho que leria esse livro em um dia de tanta curiosidade, gostei desta dica, parabéns!

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  5. Depois de O menino do pijama listrado, qualquer livro do John Boyne eu quero ler! Fiquei impressionada com essa historia, é forte, impactante e é por isso que preciso desse livro...ótima resenha!

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