domingo, 12 de fevereiro de 2017

[Resenha] Todo Mundo Vê Formigas - Todo Mundo tem algo a dizer @gutenberg_ed

Título Original: Everybody see ants
Título no Brasil: Todo mundo vê formigas - Todo mundo tem algo a dizer
Autora: A.S King
Editora Gutenberg
Número de págs: 237
#19






 Lucky Linderman tem 15 anos mas de acordo com esse livro ele é mais maduro do que muito adulto. Sua família foi marcada pelo trágico desaparecimento de seu avô durante a Guerra do Vietnã, seu pai desde então é um homem emocionalmente distante como resultado direto de crescer sem um pai e sua mãe passa seu tempo na piscina em uma clara tentativa de evitar seus problemas conjugais, ela nda todos os dias insanamente.
Além disso, Lucky foi intimidado por seu colega de classe, um menino babaca chamado Nader, desde que ele se entende por gente o garoto implica com ele e manda em tudo e todos e ninguém fará nada a respeito, apesar dos sinais claros de que ele não tem boa índole e sempre que pode ferra com a vida de todos, em uma cena na piscina onde o tal menino é salva-vidas ele quase permite que uma menina se afogue, mas eu ainda não entendi como os adultos não fazem nada a respeito disso. Depois desse  ataque  desagradável de Nader já que ele fica com raiva porque Lucky vai ajudar uma menina que perdeu a parte de cima do biquini, sua mãe o leva para passar algumas semanas com seu irmão e sua esposa no Arizona. É lá que Lucky vai entender um pouco mais sobre a vida e aprender a lidar com seus problemas.Todo Mundo Vê Formigas é um romance  mágico por isso existem elementos muito surreais intercalados com as questões muito realistas acima mencionadas. Durante anos, Lucky tem sonhado com seu avô - nesses sonhos ele é o herói em missões para resgatar seu avô de sua prisão vietnamita. Depois de cada sonho, ele volta ao mundo desperto com uma lembrança muito real. Além disso, após o encontro mais recente com Nader, Lucky começa a ver as formigas e eles funcionam como um coro de entusiasmo apoiando sempre o menino, expressando pensamentos e sentimentos em favor de Lucky.Embora eu tenha estranhado o nome desse livro quando o vi pela primeira vez, ao começar a ler foi se encaixando porque os sonhos que o menino tinha com o avô serviram como um impulso que ele precisava para ter coragem de enfrentar seus maiores medos. As formigas  são até de certa forma engraçadas já que nos são mostradas como  uma pausa bem-vinda da seriedade da história. Tudo é muito tenso na vida dele antes delas aparecerem, até mesmo a parte em que narra a morte da avó é além de delicado um relato forte que faz desse livro uma experiência no início bem chocante e depois para vermos que a vida não é só coisas boas, muitas coisas ruins acontecerão mas temos que encontrar nossa força. Em certas partes o protagonista me lembrou o Connor de Sete Minutos depois da meia-noite que já resenhei mês passado aqui no blog, escrito por Patrick Ness.
Por ser  um romance muito sério e tratar de questões muito graves, não espere que tenha uma reviravolta com um amor e muitos beijos para o protagonista. O bullying que Lucky sofre é horrível e mesmo que ele diga que está ok - tornando-o não exatamente o mais confiável dos narradores - é claro que ele não está ok.  Não há apenas um grau de estresse e medo, mas também de trauma profundo. Há coisas que ele não diz, nem mesmo para si mesmo. Ele repete que não é suicida e o simples fato de que ele repete isso constantemente é bastante revelador. Acima de tudo, há a frustração de Lucky com seus pais e sua incapacidade de perceber que nele há alguém pedindo por ajuda. Embora seus pais, obviamente, acreditam que ele está sendo intimidado, a sua inação ou mesmo o fato de que eles não param para  ouvi-lo e discutir o problema é perturbador. Se ainda não citei Lucky começa esse livro nos contando que tudo foi à tona quando em um trabalho para escola resolveu abordar o tema suicídio, ele não se acha uma vítima em potencial mas o livro inteiro percebemos que ele é sim e está extremamente infeliz. Seus pais não agem porque não o amam ou não se importam com Lucky, eles não agem porque não sabem o que fazer. A autora  explora o fato de que não há respostas fáceis e nenhum manual para ser pai - sua sugestão mais acessível é seguir com a vida e passar por ela até que ela fica melhor. O que nos traz de volta ao próprio Lucky: ele entende perfeitamente a ideia de que algum dia vai melhorar - ele pode ver isso, e ele acredita nisso. O final pode ser um pouco menos perfeito porque se parece com a vida e como já citado nessa mesma resenha a vida é lotade de imperfeições, mas é tão cheio da verdade que  os personagens precisavam que eu curti muito os finais destinados a alguns personagens que odiei o livro todo, como Nader e  arrisco dizer que muito do que fazemos pagamos em vida mesmo. 
Sensível, tocante mas acima de tudo: verdadeiro. A.S King consegue nos fazer se perguntar se de fato resolvemos os problemas que temos ou deixamos o tempo passar para que ele sumam com ele?
 

6 comentários:

  1. Nossa, fiquei com muuuuuita vontade de ler!

    Beijos :)

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  2. Como não conhecia o livro, estou aqui babando na resenha dele. O nome meio que traz uma impressão que não tem nada a ver.
    Mas acredito que tudo é bem colocado dentro da história e o livro já está indo para a lista de desejados.
    Numa época onde essa tal de solidão tem feitos reféns, é sempre bom ler algo assim, que nos toque na alma.
    Beijo

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  3. Nunca tinha ouvido flar desse livro...Adorei!
    Vou anotar na listinha!!
    Bjs!

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  4. Oi Raffa, tudo bem?
    Menina, eu juro que não fazia a menor do ideia sobre o que era abordado no livro. O título é instigante, mas imaginei que fosse algo... Sei lá, não sei o que imaginei, HAHAHA! Mas com certeza não imaginei nada perto da realidade.
    Eu gosto muito de livros que abordam bullying e temas semelhantes, mas confesso também que sou fã das reviravoltas com muitos beijos e afeto para dar e vender, rs.

    Thati Machado;
    http://nemteconto.org

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  5. Raffa!
    Lendo livros assim é que percebemos o quanto nossa mente pode trazer pequenas alucinações que nos impulsionam após o sofrimento.
    Dele ser um ótimo livro e que merece reflexão.
    “O saber é saber que nada se sabe. Este é a definição do verdadeiro conhecimento.” (Confúcio)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de FEVEREIRO, livros + KIT DE MATERIAL ESCOLAR e 3 ganhadores, participem!

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  6. Não conhecia o livro, mas como educadora, td livro que trata do bullying me interessa e mto! Agora... Como assim o "vilão" da história tem o meu sobrenome? Morri.... Mas quero ler assim mesmo! Rs

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