quinta-feira, 26 de outubro de 2017

[Resenha] O ódio que você semeia @galerarecord

Título Original: The Hate U Give
Título no Brasil: O ódio que você semeia
Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
Número de págs: 378


Resenha por Bianca Silveira
*Livro cedido na visita ao Grupo Editorial Record pela Aliança de Blogueiros do RJ















O livro mostra a vida de Starr, uma adolescente americana de 16 anos, negra que vive no gueto. Starr é uma adolescente como qualquer outra, mas apesar da pouca idade já passou por dois grandes traumas. Perdeu seus dois melhores amigos por armas de fogo. A primeira amiga, morreu aos dez anos com um tiro bem na sua frente, o segundo, Kalil, era seu amigo de infância e foi morto pela polícia. Starr pela segunda vez presenciou tudo.
Desde pequena ela aprendeu na marra o que é ser negra e morar no gueto sofrendo todo tipo de preconceitos. Seus pais, na intenção de oferecer melhores estudos e também segurança matricularam seus filhos em uma escola de elite, em um bairro predominantemente branco, onde Starr, por ser negra, automaticamente era considerada, como ela mesma diz, descolada. Suas duas melhores amigas são brancas, seu namorado também é branco. Starr o tempo todo se controla na forma de falar, de agir para não mostrar seu lado “menina do gueto” com medo de afastar seus amigos. Ela tentou juntar suas amigas do gueto com suas amigas brancas, mas diante do visível desconforto de suas amigas brancas Starr entendeu que precisaria manter seus dois mundos separados

Com uma linguagem jovem o tema não poderia ser mais atual pois mostra como é a vida de quem sofre com o racismo todos os dias. Cheio de diálogos bem explicados o livro mostra como os negros são desde jovens ensinados a conviver com a repressão, aprendem desde cedo a se protegerem de abordagens policiais. Em uma passagem do livro Starr relembra quando seu pai a chamou para conversar e ensinar como ela deveria se “comportar” quando um policial a parasse. Não deveria fazer movimentos bruscos, sempre manter as mãos a vista do policial para não levar um tiro. Ensinamentos que parecem estranhos para quem não é negro, mas que para eles é instinto de sobrevivência. Foi exatamente por não seguir essas “recomendações” que seu melhor amigo morreu. Ele foi morto apenas por ser negro.
Com medo de sofrer represálias Starr não quis se manifestar sobre o que aconteceu. Mas diante de várias tentativas de justificarem a morte de seu amigo, Starr se viu obrigada a defender sua honra e contar para todos o que realmente aconteceu naquela noite. O policial responsável pelo assassinato inventou que ele achava que Kalil estaria armado, o que não era verdade. A polícia e a imprensa reviraram a vida dele e sempre usavam o fato dele ser traficante de drogas como justificativa para a morte dele. Porém ele não estava armado, ele não reagiu e não estava com drogas no carro. Ou seja, nada justificaria a morte de Kalil.
Em paralelo a esses acontecimentos Starr tenta levar a vida de uma adolescente normal, mas depois do assassinato Starr ficou mais sensível e percebe como uma de suas amigas é racista, principalmente ao defender o policial assassino e em outras falas em relação aos negros e outras etnias também. Diante disso Starr começa a mudar sua postura em relação ao racismo de todo dia, ela percebe o quanto o racismo está naturalizado na sociedade e reflete: ”Nós deixamos as pessoas dizerem as coisas, e elas dizem tanto que se torna uma coisa natural para elas e normal para nós. Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos momentos que não deveria?”
O nome do livro foi inspirado em uma música de Tupac, um rapper americano que fez sucesso nas décadas de 80 e 90. A música éThug life (vida bandida) e em um diálogo do livro Khalil explica a Starr que Thug life é a abreviação de “The hate u give little infants fucks everybody”, ou “O ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo”, ou seja, nas palavras de Kalil “O ódio que a sociedade nos dá quando somos pequenos morde a bunda dela quando crescemos e ficamos doidos”
Depois de tanto sofrer, ver injustiças com seu amigo morto e os responsáveis não serem punidos Star finalmente conclui “Eles me trouxeram o ódio, agora eu quero foder com todo mundo…” 

2 comentários:

  1. Raffa!
    Tremendo absurdo tanto preconceito em pleno século XXI, não admito.
    O mais importante é que o livro traz anális de fatos reais e imagino o quanto deve mesmo chocar, principalmente através dos detalhes.
    Fiquei bem interessada em poder ler.
    Desejo uma semana maravilhosa e florida!
    “Para saber uma verdade qualquer a meu respeito, é preciso que eu passe pelo outro.” (Jean-Paul Sartre)
    Cheirinhos
    Rudy

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  2. Não sabia sobre o que era o livro, fiquei muito interessada em ler.

    Beijos :)

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