domingo, 4 de fevereiro de 2018

Menina que via Filmes: O Insulto [Crítica]

Título Original: The Insult
Título no Brasil: O Insulto
Data de lançamento 8 de fevereiro de 2018 (1h 52min)
Direção: Ziad Doueiri
Elenco: Adel Karam, Rita Hayek, Kamel El Basha mais
Gênero Drama

Nacionalidades França, Líbano
#11










por Bianca Silveira

Este filme é mais um dos que achei que ia ser chato, mas mais uma vez me enganei. O filme se passa em Beirute, no Líbano.  Toni (Adel Karam), um mecânico de 46 anos, está em sua casa na varanda regando suas plantas e, devido a uma falha na instalação da calha, acaba molhando Yasser (Kamel El Basha), um engenheiro de 55 anos mas que está trabalhando como mestre de obras. Yasser tenta conversar com Toni para concertar a calhas, mas este não aceita. Yasser resolve então concertar pelo lado de fora mesmo sem autorização de Toni que quebra todo o trabalho feito. Yasser xinga Toni e é aí que toda a confusão começa. 

Toni exige um pedido de desculpas mas Yasser se recusa a pedir desculpas por considerar que não fez nada de errado. Depois de muito insistir o chefe de Yasser consegue convencer seu funcionário a pedir desculpas. Durante a tentativa de reconciliação Toni ofende Yasser que lhe agride. Toni resolve então denunciar Yasser a polícia e ele vai preso.  

Parece uma briga boba né?  Mas não é tão simples assim. O que acontece é que Toni é um libanês cristão nacionalista e Yasser é um refugiado palestino muçulmano não praticante que mora em campo de refugiados. O Clima entre os libaneses e refugiados é muito tenso e Toni se mostra uma pessoa extremamente agressiva e preconceituoso em relação aos refugiados e não aceita de jeito nenhum ter sido insultado e agredido por um palestino mesmo tendo sido ele o causador de toda a confusão. O grande insulto que fez Yasser perder o controle foi a seguinte frase: “Quisera eu se  Sharon tivesse exterminado todos vocês”, Sharon foi um ex-premier de Israel, um dos maiores inimigos históricos dos palestinos. A briga entre eles foi parar no tribunal e tomou proporção nacional, sendo transmitida em diversas mídias do país e reacendendo antigas feridas e causando diversos enfrentamentos nas ruas. Até o presidente tentou uma reconciliação entre os dois mas não conseguiu.
O filme mostra bem a realidade de um povo que vive em constante tensão, que ambos os lados já sofreram com diversas guerras ao longo dos anos. A atuação de todos é excelente mas Adel Karam, ator que interpreta Toni, merece destaque por mostrar ao longo do filme sua evolução. De um homem agressivo vamos vendo sua transformação ao ter sua vida, e a de todos os envolvidos, expostas e vamos entendendo toda a sua raiva e agressividade.
Segundo o diretor, a inspiração para a criação do roteiro do filme foi uma situação real que aconteceu com o próprio Ziad Doureiri. Em uma discussão com um encanador, o diretor de “O Insulto” usou as mesmas palavras do filme para ofender o trabalhador. Doureiri disse que “o incidente pode ter sido trivial, mas o sentimento no subconsciente não. Quando você diz essas palavras, é porque sentimentos e emoções muito pessoais foram impactadas.” O diretor pediu desculpas ao encanador e quando soube que o homem foi demitido por esta razão, logo entrou em defesa dele. Assim, Ziad Doureiri e Joëlle Touma, co-autora e testemunha ocular da história do diretor, escreveram o roteiro do filme baseado no relato.  
 O filme concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro. É a primeira vez que um filme libanês concorre ao oscar e a indicação foi super merecida. 

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*Cabine de imprensa à convite da distribuidora.





















por Raffa Fustagno

Sei muito pouco do Líbano, tive uma chefe cuja família é de lá e uma amiga que perdi o contato que o pai nasceu lá. Soube por elas que existiam católicos no país, e começo essa crítica com isso porque muito do filme que veremos é sobre diferença de crença e cidadania.
Á Primeira vista o filme que se passa em Beirute pode parecer uma briga por um motivo bobo, mas aos poucos vamos descobrindo que há muito mais por trás do que vemos entre a discussão do mecânico Toni (Adel Karam) e Yasser (Kamel El Basha). O primeiro mora em um apartamento com sua esposa que está gravida, o imóvel fica no primeiro andar, de jeito turrão ele já informa à esposa que não pretende se mudar dali mesmo com chances de morar em um epaço maior. Não espere que por ser um filme árabe ela cubra os cabelos, ela usa roupas de alcinha e tem os cabelos esvoaçantes, lembram que falamos sobre os cristãos? Eles são. O homem é afiliado no partido que luta pelos libaneses e é que é contra a imigração dos palestinos, passa horas ouvindo discursos de ex líderes mais xiitas.
Temos do outro lado dessa briga Yasser, um homem na faixa dos 60 anos que é casado e não tem filhos. Engenheiro em sua terra natal ele agora é refugiado no Líbano onde não pode exercer a profissão e acaba trabalhando como capataz de uma obra. 
Tudo começa quando a calha de Toni vaza na rua, mais precisamente em cima dos operários da obra que Yasser trabalha, ele ainda tenta ser educado e vai até  a casa dele se propondo a consertarem, mas ele se nega e bate  a porta na cara dele.

















Yasser então conserta menos sem o aval dele, pronto, ele acaba quebrando tudo e ouve um xingamento do palestino. Esse é mote para que um não peça desculpas ao outro e vá parar nos tribunais, seria uma besteira se a guerra particular deles não envolvesse muito mais do que uma calha, mas sim uma rixa de anos entre a Palestina e o Líbano, o que faz com que alguns sintam raiva de Yasser mas também há os que odeiam Toni porque ele cita os judeus que também são mal vistos no Líbano.
Atuações excelentes, roteiro perfeito e um final fantástico fazem desse filme por enquanto meu favorito na corrida ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro!

6 comentários:

  1. Realmente a primeira vista, parece uma "briga" tão desnecessária, mas ao ler a resenha a gente entende que não é apenas uma discussão barata,mas sim, toda uma cultura de dois povos que nunca se bicaram.
    E por mais denso e tenso que o enredo pareça, senti muita vontade de ver o filme.
    Até para aprender um pouco mais sobre estes povos.
    Beijo

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  2. Olá!
    Apesar do filme parecer interessante eu não costumo ver o gênero, meu marido adora, mas eu não consigo me interessar de jeito algum acredita?
    Vou passar essa dica pra ele.
    Bjs

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  3. Adoro filmes como este, que além de mostra duas visões diferentes, por causa da cultura, e briga existentes entre os países, achei muito interessante pelo fato de que e baseado em fatos reais e mostra uma realidade que poucos conhecem. Imagino a satisfação de ser o primeiro filme libanês indicado ao oscar.

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  4. Raffa!
    Sabe que até hoje tento entender essa rivalidade tão acirrada entre os libaneses e palestino... Tudo por um pedaço de terr que eles consideram 'santo' e depois vem todo tipo de rixa, até como aqui no filme, por uma bobagem...afffffffe!
    Fato é que me interesso pelo assunto e gostaria de assistir.
    Desejo uma ótima semana e um mês mais que abençoado!!
    “Acredite em si próprio e chegará um dia em que os outros não terão outra escolha senão acreditar com você.” (Cynthia Kersey)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA FEVEREIRO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  5. Fico um pouco perdida com o pano de fundo porque é tanta briga, que nem presto mais atenção no assunto, mas o filme deve ser muito bom, entrou para minha listinha.

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  6. Incrível como uma coisa tão pequena vira uma avalanche. Achei bem interessante esse filme e fiquei com vontade de ver.

    Beijos.

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