terça-feira, 15 de outubro de 2019

Menina que via Filmes: Rogeria - Senhor Astolfo Barroso PInto [Crítica]

Título nacional: Rogéria, Senhor Astolfo Barroso Pinto
Data de lançamento: 31 de outubro de 2019 (1h 22min)
Direção: Pedro Gui
Elenco entrevistado: Bibi Ferreira, Nany People, Betty Faria, Jô Soares, Aguinaldo Silva, Rita Cadillac e mais.
Gênero: Documentário, Biografia  
Nacionalidade: Brasil
por Gabriela Leão



O documentário de Pedro Gui é uma bonita homenagem à uma das mais famosas artistas transformistas do Brasil: Rogéria, ou Senhor Astolfo Barroso Pinto. A partir das entrevistas com amigos, familiares e a própria (gravada em 2016), intercaladas com reconstruções encenando momentos marcantes de sua vida, se constrói a perfeita imagem de quem era Rogéria, e Alfonso Pinto, e como estas duas figuras existiam com toda a paz em um só corpo. 
Há uma sutileza nas encenações que apresentam partes da vista da artista, passando bem ao expectador como era essa presença diferente de Astolfo/Rogéria. 

Iniciando com a infância de Astolfo, e relatos principalmente de seus irmãos, já se encontra traços da personalidade forte e irreverente daquele garoto que não estava nem aí e adorava ser um mariquinha, e se recusava a levar desaforo para casa. Vemos também a importância que teve Dona Eloá, mãe de Astolfo, que fez de tudo para evitar que qualquer pingo de preconceito atingisse seus filhos, e garantiu que Astolfo pudesse aceitar, desde jovem, tanto sua homossexualidade quanto a vontade de interpretar uma mulher. 
Com depoimentos também da própria Rogéria, segue-se com histórias da carreira da artista. Ela conta como, de maquiador da extinta TV Rio, ainda sendo conhecido como Astolfo, acaba por adotar o nome Rogério e, após uma de suas primeiras performances já caracterizada como mulher, é aclamada no palco como Rogéria. Daí, o nome ficou. 

Crescendo como artista em plena Ditadura Militar, vemos a importância que foi essa figura, que ganhou força mesmo em meio a tanta repressão, se tornando um ícone. Se aprendemos algo sobre Rogéria neste documentário, é que ela não se deixava calar nem oprimir, marcando a forte presença onde quer que estivesse. O filme apresenta gravações de variadas apresentações da artista, do canto, à dança, à atuação, com divertidas participações em novelas e peças. 
Assisti o documentário tendo apenas uma imagem na minha mente de quem era Rogéria, sem saber quase nada sobre a artista, e foi emocionante acompanhar o crescimento da protagonista, do espaço cada vez maior que ela, como travesti, conseguiu ocupar na cultura brasileira, e também da confiança e compreensão de si mesmo que Astolfo tem, de quando é Rogéria e quando é Astolfo, quando um sai e outro entra, de se dizer um homem muito macho, e que por isso mesmo uma saia e maquiagem. 
Como a maior parte das informações era nova, em alguns momentos a narrativa em forma de relatos se tornou um pouco confusa, demorando para que eu compreendesse exatamente do que se tratava. A fala sobre um show ou performance um pouco apressada demais, ou a passagem abrupta por um dos mais impactantes acontecimentos na vida de Rogéria, um acidente de carro que deixou uma cicatriz em seu rosto e afetou de forma considerável a imagem que a artista tinha de si mesma, e sua confiança em retornar ao palco. Apesar de uma encenação que bem coloca a sensação do momento para Rogéria, os fatos se passam de forma rasa e rápida, sendo necessário colher pedaços de narrativa apresentada para compreender o ocorrido. 
De toda a forma, o documentário faz uma bela apresentação de diversas passagens da vida da artista, mostrando a emoção que Rogéria desperta nos entrevistados, o carinho que tinham por ela, e a força que emanava. Com um pedaço aqui e outro ali, forma-se um mosaico com a perfeita imagem de quem era Rogéria, e Senhor Astolfo Barroso Pinto. Deixei o filme querendo ter sido sua amiga. 




5 comentários:

  1. Esta é uma pessoa que deixou sua marca em todo o cenário nacional! Uma pessoa incrível,engraçada, humana e que sim, viveu toda a diferença em plenitude, numa das épocas mais complicadas da história.
    Acho que esta sensação de querer ter sido amiga dela, é algo que a gente sentia até quando via ela na tv, sei lá, humana demais???
    Verei!!!!
    Beijo

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  2. Fiquei bem curiosa para assistir, é uma figura que já vimos bastante na tv, mas sobre a qual sei muito pouco tbm e mesmo com os defeitos que tem, parece ser uma obra bem completa sobre a vida da Rogéria.

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  3. Gabriela!
    Sempre fui fã da Rogéria, pela forma irreverente e ao mesmo tempo respeitosa que ele sempre teve com sua homossexualidade.
    Fiquei interessada em poder conhecer um pouco mais sobre ela através do documentário.
    cheirinhos
    Rudy

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  4. Oiii ❤ Esse filme parece ser ótimo e retratar muito bem como foi a vida de Rogéria, já que foram utilizadas entrevistas, encenações e depoimentos para contar a história dela.
    Por um mundo com mais Donas Eloá. Foi fundamental que a mãe dela estivesse sempre apoiando-a e não deixando que Rogéria fosse atingida pelo preconceito.
    Acho fascinante que Rogéria tenha ganhado força, mesmo durante a ditadura, quando a repressão estava presente.
    Gostaria de assistir.
    Beijos ❤

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  5. Olá! ♡ Quero muito assistir esse documentário, sei muito pouco sobre a vida da Rogéria, mas adoraria conhecer mais sobre ela ♡
    De fato, ela se tornou um ícone, pois mesmo durante a repressão, ela se consolidou como uma artista, que não se deixava calar.
    Deve ser bem emocionante acompanhar as histórias da vida de Rogéria, tudo que ela passou, ver seu crescimento ♡
    Muito obrigada pela indicação, com certeza vou querer conferir!
    Beijos! ♡

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