terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Menina que via Filmes: Pacificado [Crítica] [Festival do Rio]


Título Original: Pacificado
Direção: Paxton Winters
Elenco: Bukassa Kabengele, Cassia Gil, Débora Nascimento 
Gênero Drama
Nacionalidades Brasil, EUA
por Cecilia Mouta 

Pacificado conta a história de moradores do Morro dos Prazeres: Jaca (Bukassa Kabengele), que acaba de ser liberado após 14 anos na prisão, Tati (Cassia Gil), uma jovem de 13 anos e Andrea (Débora Nascimento), mãe de Tati. Cada personagem representa um pouco das vivências do morro. A história se passa no fim das Olimpíadas de 2016, quando também acabaria a pacificação nos morros. 
O filme carrega um certo tom de suspense do início ao fim. Primeiro, com a expectativa de Tati pela chegada de um certo alguém, o Jaca, que sua mãe diz ser seu pai. E depois que Jaca retorna à comunidade, o que ele vai fazer, pois era o antigo dono do morro que agora está sob o comando de Nelson (José Loreto). 

Em certos momentos, o filme traz um caráter documental, com câmera na mão, como se estivessem ali para documentar a rotina de moradores. No entanto, essa exposição contínua de vivências que não têm ligação direta com a trama acaba quebrando um pouco o ritmo da história. Em determinados momentos a narrativa fica cansativa, poderiam ter feito alguns cortes.

Os diálogos do filme, que foi escrito e dirigido por Paxton Winters (um norte-americano que morou por anos no Morro dos Prazeres) possuem momentos de destaque que enriquecem a trama. Mas o que mais me chamou a atenção na história, no entanto, não foram os diálogos ou a direção e sim a forma como Paxton resolveu contar a história. Todos nós já vimos filmes que retratam a realidade das comunidades no Rio de Janeiro, e eles tendem a ser violentos. Quem foi assistir Pacificado esperando um Tropa de Elite vai se frustrar. Paxton levou ao pé da letra o título do longa. Mas se engana quem acha que o filme é “da paz” ou que está realmente pacificado. 

A genialidade de Paxton foi colocar a violência nas entrelinhas, nos diálogos muitas vezes tensos, nos conflitos dos personagens, nos seus comportamentos. A violência sangrenta está o tempo inteiro no limiar para sair, de se estourar uma guerra. Mas o que acontece o tempo inteiro é uma guerra silenciosa. Afinal, como o nome do filme diz, o Morro dos Prazeres estava Pacificado. Mas, estava mesmo?


4 comentários:

  1. Como aprendi a olhar com outros olhos o nosso cinema nacional aqui no blog, já fiquei super animada com esse lançamento!
    Um drama bem real né? E um time de atores incrível.
    Com certeza se tiver oportunidade, verei!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Cecília!
    Inteligente a forma como o filme é apresentado, deixando a violência implícita e não escraxada.
    O cinema nacional tem se desenvolvido muito e trazido temas importantes e de certa qualidade.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Achei bem interessante essa forma que o diretor colocou o filme, filmes brasileiros com bastante violência já vimos aos montes, gostei dessa abordagem

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  4. Oiii ❤ Deve ser muito interessante ver a forma como o diretor quis mostrar a realidade do Morro, achei legal ele querer mostra tudo numa perspectiva diferente dos outros filmes que já trataram o mesmo tema.
    Além de que parece um filme com ótimas críticas.
    Adoraria assistir esse filme.
    Beijos ❤

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