quinta-feira, 19 de junho de 2025

Extermínio 3 - A Evolução [Critica]

 


Título Original: 28 Years Laters

Título no Brasil: Extermínio 3 - A Evolução

Ano: 2025 

País: Estados Unidos

Direção: Danny Boyle 

Roteiro: Alex Garland

Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Jodie Comer, Alfie Williams

Nota: 3,5/5.0

Por Amanda Gomes 

É curioso entrar em uma sala de cinema para assistir ao terceiro filme de uma franquia sem ter assistido aos dois anteriores. Talvez por isso mesmo, “Extermínio – A Evolução” tenha sido, para mim, uma experiência surpreendente e bastante única. Sem carregar as memórias afetivas, ou as expectativas, que os fãs de longa data certamente trazem, pude mergulhar nesse universo pós-apocalíptico com olhos novos e confesso: saí da sessão inquieta, emocionada e, de certo modo, tocada.

A trama nos leva a uma ilha isolada, 28 anos após um surto viral devastar o Reino Unido. Ali, uma pequena comunidade sobrevive em alerta constante. Conhecemos Jamie, sua esposa Isla e o filho do casal, Spike, um pré-adolescente prestes a enfrentar sua primeira expedição até o continente. É com ele que embarcamos nessa jornada, e é pelos seus olhos que vemos um mundo que, mesmo hostil e brutal, ainda guarda nuances de beleza e humanidade.

O mais intrigante, ao menos para mim que não estava familiarizada com a proposta dos filmes anteriores, foi perceber que o foco aqui não são exatamente os infectados (apesar de eles estarem lá, e serem bastante assustadores). O filme parece mais interessado em explorar o que restou da humanidade, nos vínculos, nos conflitos familiares, na luta por um tipo de esperança em meio ao caos. É um olhar menos sobre o apocalipse e mais sobre o que sobrevive depois dele.

A direção de Danny Boyle é ousada e instável, no melhor e no pior sentido. Há momentos de puro impacto visual, como a abertura psicodélica e opressora que já nos joga direto no desconforto. A fotografia ora aposta em tons sombrios, ora mergulha em azuis saturados e verdes desbotados, o que pode ser cansativo, mas também ajuda a marcar as rupturas emocionais dos personagens.

Entre os destaques do elenco, Alfie Williams como Spike é simplesmente arrebatador. Sua vulnerabilidade e coragem dão forma ao coração do filme. Acompanhá-lo é quase como relembrar a nós mesmos em uma fase da vida em que tudo ainda está sendo descoberto, mesmo que, nesse caso, o cenário envolva infectados violentos e cidades fantasmas. Jodie Comer, como Isla, é outro grande acerto: intensa, sensível e, em muitas cenas, a força emocional que sustenta a narrativa.

A presença de Ralph Fiennes como Dr. Kelson também adiciona camadas ao enredo. Seu personagem traz uma perspectiva mais cultural e afetiva para a história, quase como se nos lembrasse que, em meio a tanta destruição, o afeto ainda pode ser uma forma de resistência.


Claro que, como espectadora de primeira viagem nesse universo, senti falta de contexto em alguns momentos. É evidente que há referências e desdobramentos que talvez impactem mais quem acompanhou os dois filmes anteriores. Ainda assim, “Extermínio – A Evolução” funciona como uma obra independente. É possível se conectar, se emocionar e refletir mesmo sem conhecer toda a mitologia por trás.

No fim das contas, o que me impressionou foi justamente a escolha de não colocar os zumbis no centro da narrativa. Em vez disso, o filme fala sobre amadurecimento, sacrifícios familiares, reconstrução e perda. Há sim momentos de tensão, há sim imagens fortes, mas elas servem a algo maior: a ideia de que mesmo em um mundo devastado, ainda é possível encontrar sentido e afeto.

Para quem, como eu, nunca havia visto Extermínio ou Extermínio 2, essa nova entrada na franquia pode ser o ponto de partida perfeito. Um filme que desafia o gênero, provoca emoções reais e nos convida a refletir sobre o que significa sobreviver — física e emocionalmente.

Com o anúncio de uma nova trilogia, me pego agora curiosa para voltar no tempo e conhecer os filmes anteriores. Porque “Extermínio – A Evolução” me deixou com aquela sensação rara de estar diante de uma história que, mesmo rodeada de horror, consegue ser profundamente humana.


Confira em vídeo


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