quinta-feira, 31 de julho de 2025

Amores Materialistas

 


Título no Brasil: Amores Materialistas 

Título Original: Materialists

País: Estados Unidos

Direção: Celine Song

Roteiro: Celine Song

Elenco: Dakota Johnson, Pedro Pascal, Chris Evans

Nota: 3/5

Por Amanda Gomes

Por mais que eu ame comédias românticas e esteja sempre em busca de uma que me abrace como um cobertor num dia nublado, confesso que fui assistir “Amores Materialista com expectativas altas. O trailer prometia algo leve, até espirituoso, uma versão mais estilosa das boas e velhas histórias de amor em Nova York. Mas, para minha surpresa, o que encontrei foi algo bem mais agridoce do que divertido.

“Amores Materialistas”, da diretora e roteirista Celine Song (a mesma de Vidas Passadas, que eu ainda não tinha visto), parte de uma ideia superinteressante: e se o amor também estivesse completamente inserido na lógica de mercado? E se, no fundo, estivéssemos todos numa espécie de “Bolsa de Valores romântica”, comparando altura, salário, idade, estabilidade emocional e tentando fazer a melhor escolha possível como se fosse um investimento de longo prazo?

A protagonista é Lucy (vivida por Dakota Johnson, mais elegante do que nunca), uma matchmaker de elite em Nova York, que conhece como ninguém as preferências (e exigências) de seus clientes. Ela mesma, no entanto, parece desiludida com a ideia de se apaixonar. Não por falta de oportunidades, mas por entender demais as engrenagens do jogo. E é nesse ponto que o filme começa a cutucar: o quanto deixamos de lado a emoção por conta da razão  e do medo?

Lucy se vê diante de dois caminhos. De um lado, Harry, o homem ideal segundo os critérios do mercado: rico, charmoso, bem-sucedido. De outro, John, o ex-namorado ainda apaixonado, sem grana, mas cheio de boas intenções. Sim, parece clichê, e é um pouco mesmo, mas o roteiro tenta desconstruir esse clichê com pitadas de análise social. O problema? Nem sempre consegue.

Visualmente, o filme é lindíssimo. A Nova York retratada aqui tem uma paleta clara, elegante, quase vintage. Os figurinos são um show à parte, especialmente os de Lucy, que parecem sempre traduzir sua dualidade entre controle e vulnerabilidade. Mas, ainda assim, algo parece faltar.

Apesar de todos os elementos sofisticados, me vi desconectada da história. A química entre os casais simplesmente não acontece. Não consegui torcer nem por Harry, nem por John e menos ainda pela dúvida entre eles. Os diálogos são inteligentes, os temas são pertinentes (especialmente pra quem está nessa fase de equilibrar carreira, relacionamentos e contas a pagar), mas falta centelha. Aquela faísca que faz a gente suspirar e dizer: “Ai, é por isso que eu amo ver romance no cinema.”

Pedro Pascal é carismático como sempre, mas seu personagem soa distante demais, o tipo de homem que parece mais uma ideia do que alguém real. Chris Evans é fofo, mas seu John não tem profundidade suficiente pra fazer a gente acreditar que ele é “o grande amor que ficou pra trás”. E Lucy… apesar de Dakota Johnson fazer um bom trabalho, sua personagem parece presa demais em um rascunho de conceito sem nunca se revelar por completo.

Ainda assim, há momentos bons. A cena da cozinha de madrugada, por exemplo, tem aquela vulnerabilidade que a gente reconhece de um início de relação. E as cenas com os clientes da agência de encontros são engraçadas, cheias de verdades desconfortáveis sobre o que realmente buscamos nas outras pessoas.

No fim das contas, Amores Materialistas tem tudo para ser um filme marcante mas escolhe ser só reflexivo. E talvez esse seja seu maior defeito: ele levanta questões importantes, provoca bons pensamentos, mas não consegue nos fazer sentir. Fica entre o ensaio sociológico e o entretenimento elegante, sem mergulhar de verdade em nenhum dos dois.

Se você, como eu, gosta de filmes que tentam ir além do óbvio, talvez ache válido assistir. Só não espere sair da sala de cinema com o coração batendo mais forte. No máximo, vai sair pensando sobre como o amor, nos dias de hoje, talvez esteja mesmo virando mais uma planilha de custo-benefício.

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