segunda-feira, 28 de março de 2016

[Resenha] Depois a Louca, sou eu @cialetras

Título: Depois A Louca Sou Eu
Autor: Tati Bernardi
Editora: Companhia das Letras
Edição: 1
Ano: 2015
Idioma: Português
Especificações: Brochura | 144 páginas
ISBN: 978-85-3592-657-6






Quando comecei  a ler o livro de Tati Bernardi, confesso que me bateu uma deprê. O que era para ser um livro divertido, acredito que essa fosse a intenção da autora que é conhecida por livros de humor, na verdade soou como um deja vú em muitos dos casos. Tati sempre sofreu de suas ânsias, síndromes e depressões sendo tratadas com remédios. Se por um lado a autora tem todo um jeito puxado para o riso de falar de nossas dores de delicias, por outro, eu entendo que quem já tenha sofrido algo parecido – como é o meu caso- pode correr o risco de não achar muita graça.
Tati nos envolve em um mundo de manias, de crises de síndrome de pânico, de vícios em remédios tarja preta, de momentos onde para quem nunca sentiu algo parecido podem encarar como frescura mas quem conhece os sintomas de perto, irá se identificar com a autora, e é aí que eu não entendo como rir da própria desgraça.
Um exemplo é quando ela faz de tudo para ser expulsa de um avião, mas a aeromoça vê que ela está mentindo e a mantem no voo mesmo assim. Por conhecimento próprio, sei que síndrome do pânico não é algo simples e é muito difícil de pessoas de fora dos eu ciclo entenderem, eu arrisco dizer que na minha vida inteira somente meu marido, meus pais e minha tia entenderam o como ser depressiva não é fácil e como encarar um mundo onde as pessoas não entendem que é doença sim e precisamos de apoio, não é fácil. 
Lembro quando tive pela primeira vez e definitivamente é a pior coisa do mundo, como explicar ao mundo que você não consegue sentar no meio de duas pessoas? Seja no cinema ou no teatro?
Ou que no avião você entende o porquê as pessoas tem tanto medo, e nem se recorda de quando não sentia medo algum e passava o voo dormindo. Quanto aos tarja preta, você se sente melhor de saber que aquele aperto constante no peito some se ele é ingerido no café da manhã. Parece tão simples, funciona tão bem. 
Uma grande diferença entre o que senti e o que Tati sentiu é que ela era mais “ escandalosa” no que sentia. E eu conseguia ser mais comedida, eu sentia vergonha de ter aquilo. Queria me esconder, queria sair dali e me tornar invisível.

O que Tati escreve é tão real, é tão “ conheço isso” que me assustou, de certa forma entendo que seu jeito fazem diferença no meio de tanta loucura, é aquela velha história de rir da própria desgraça. Eu certamente não encarei com tanto bom humor o que passei ( a última vez que tive o ataque de pânico já tem quase 2 anos) mas entendo que cada um tenha um jeito de encarar seus monstros, Tati escolheu dividi-los e fazer graça deles. 

6 comentários:

  1. Oi Raffa!
    É,pelo tema proposto pela autora ela corre o risco de gerar esse tipo de sentimento que você sentiu ao ler.Entendo que o humor é fundamental na vida,mas tem certas coisas que não dá pra gente levar pelo lado do bom humor,simplesmente porque não tem lado bom e síndrome do pânico é uma dessas coisas.
    A Tati trabalha bem o lado cômico,mas acho que dessa vez ela acabou sendo infeliz na abordagem.Talvez falar de forma mais séria caberia melhor no livro,mesmo que de repente ela saísse um pouco das suas características,
    Beijos!

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  2. Sou apaixonada pelas letras da Tati! Sarcástica fora do comum e de um humor ácido demais que chega a transbordar em tudo que ela escreve.
    Não conheço muito sobre a síndrome do pânico,mas sei que é complicado a quem a tem. E não entrarei nesse mérito de forma alguma. Mas acredito que brincar seja uma forma diferente de tentar amenizar algo tão sério!!
    Lerei se possível!!!
    Beijo

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  3. É um assunto muito delicado e realmente cada um recebe essa leitura da forma que acha melhor...eu sei muito bem o que é ter sindrome do pânico e o turbilhão de coisas que acontecem com a gente num ataque, não sei se tb levaria com bom humor essa leitura, talvez me fizesse lembrar momentos dolorosos que eu procuro esquecer, enfim, não quero ler! Bjão!

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  4. Raffa,hoje eu não leria esse livro.
    Não estou num momento que suportaria esse tipo de leitura.
    Desculpa...Bjão.

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  5. Raffa, bom dia! Também tenho Síndrome do Pânico, adorei a resenha, tô namorando o livro faz tempo... mas me chamou atenção o fato de vc citar que não tem crises ja 2 anos, vc se importaria de dividir sua experiência sobre essa superação? desde já agradeço! beijão

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    Respostas
    1. Olá Amanda :) Claro que posso dividir. Tomei remédios controlados de 2013 a 2015, fiz terapia e acompanhamento e claro vivi um dia de cada vez. Fui diagnosticada como depressiva e como os que entendem do assunto sabem, não te cura posso ter recaídas a qualquer momento. Mas minha última crise aconteceu em 21 de abril de 2014, recém completados 2 anos :) que você supere também. Beijos

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