terça-feira, 26 de março de 2019

Menina que via Filmes: Gloria Bell [Crítica]


Título Original: Gloria Bell
Título no Brasil: Gloria Bell
Lançamento no Brasil: 28 de março de 2019
Direção: Sebastián Lelio
Elenco: Julianne Moore, John Turturro, Michael Cera, Jeanne Tripplehorn, Brad Garett, Holland Taylor, Caren Pistorius, Sean Astin.
Distribuidora: Sony Pictures
País: EUA
Ano: 2019
por Larissa Rumiantzeff


Um filme sobre relações humanas
Uma mulher de cinquenta e poucos anos (Julianne Moore), Gloria Bell passa as noites em boates para solteiros de meia-idade, em busca de conexão. Durante o dia, trabalha em uma companhia de seguros, convencendo as pessoas a se manterem na zona de conforto. Divorciada há mais de 10 anos, Gloria tem dois filhos do casamento anterior e uma relação saudável com o ex-marido (Brad Garett) e sua esposa atual. É uma boa colega de trabalho. Nas horas vagas, faz aulas de Ioga e canta como se ninguém estivesse olhando. Mas, além da câmera, as pessoas não parecem valorizá-la. O filho, interpretado por Michael Cera, está envolvido com seus próprios problemas e a filha está apaixonada por um surfista sueco. No fim, Gloria sempre acaba solitária, dormindo sozinha, tentando, em vão, expulsar o gato do vizinho maluco que insiste em aparecer em sua casa. 
Em uma dessas noitadas, Gloria Bell conhece Arnold (John Turturro), um recém divorciado, alguns anos mais velho do que ela. Arnold é um ex-militar, ex obeso, que atualmente possui um parque de diversões com paintball. Gloria pensa ter encontrado o que procurava e não demora muito para mergulhar de cabeça na relação. Mas a paixão avassaladora entre os dois pode acabar revelando mais sobre si mesma do que ela espera.
“Gloria Bell” não é uma comédia romântica, pelo simples fato que não é um filme engraçado, nem romântico. É um remake de Gloria, um drama chileno de 2013, com Paulina García, com roteiro e direção de Sebastián Lelio e forte candidato ao Oscar de 2014. Algumas cenas foram traduzidas quase integralmente de uma versão para a outra, com a exceção de alguns nomes e sobrenomes. 
“Gloria Bell” foca em uma protagonista de uma faixa etária raramente retratada. A história, contada da perspectiva de Glória é crua e incômoda em alguns momentos. E, seja qual for a sua idade, te faz refletir. O romance entre Gloria e Arnold parece tóxico, o que felizmente serve ao propósito do filme. Arnold é carente, mal resolvido e ao mesmo tempo submisso à uma dinâmica de co-dependência com a ex-esposa e as filhas, deixando Gloria na mão sempre que elas chamam. Ele se faz de vítima e não aceita um não. Um verdadeiro boy-lixo de meia-idade. Me vi chamando- o de embuste mais de uma vez, tamanha a imersão e a identificação com a história. A única coisa boa que Arnold faz é promover o crescimento da protagonista ao longo do segundo e do terceiro atos.
Julianne Moore atua com simplicidade, sem grandes dramas e por isso mesmo mostrando mais a força da atuação ao puxar um pelo do rosto no espelho do que sendo presidente de um país, ou fanática religiosa. Suas cenas de nudez e de sexo mostram naturalidade e veracidade, algo com que ela sempre teve facilidade. Gloria tem um corpo de uma mulher de 50 anos. Arnold usa cinta, resquício da cirurgia. John Turturro cumpre bem o papel e me fez sentir antipatia. Sean Astin foi um ator de quem eu esperava uma participação maior, fiquei um pouco decepcionada. Michael Cera não me surpreendeu. Mas também não atuou.
A trilha sonora é um espetáculo à parte. As músicas que Gloria dança nas boates e canta no seu carro não são apenas nostálgicas, mas ajudam a contar a sua história.
“Gloria Bell” é um filme sobre crescimento. Ele começa e termina em pontos parecidos, com uma Gloria modificada, porém vencedora, cantando e dançando a própria música, sozinha, a plenos pulmões. Plena. No final de contas, Gloria Bell é uma história de amor sim, da protagonista consigo mesma. E o resultado não poderia ser melhor.

*Cabine de imprensa à convite da distribuidora
*Nossos colunistas são voluntários, os textos assinados por eles são originais de suas autorias. 

10 comentários:

  1. Larissa!
    Achei bem interessante e não assisti o anterior, mas gosto de filmes que trazerm mulheres fortes e que sabem se reinventar e conseguir superar os dramas que a vida traz.
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Como fã assumida de Julianne, quando este filme foi divulgado,já senti que seria bom. Tá, pode não ser aquilo tudo, mas traz uma personagem já de "idade", vivendo dramas que muitos de nós, aqui fora, vivemos e isso é maravilhoso!
    Com toda a certeza, verei e em breve!
    Beijo

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  3. Adorei a crítica, fiquei com muita vontade de assistir, o amor próprio e o auto conhecimento teria q ser um tema mais recorrente, e numa fase que não é muita retratada nem no cinema e nem nos livros...

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  4. Adoro Julianne Moore. Vou procurar o filme chileno e depois pretendo assistir esse.

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  5. Não conhecia o original e nem está versão. Me interessou bastante. Tentarei ver as 2 versões.
    Beijos 😊

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