quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Ladrões [Crítica]

 


Título Original: Caught Stealing

Título no Brasil: Ladrões

Ano: 2025

País: Estados Unidos

Direção: Darren Aronofsky  

Roteiro: Charlie Huston

Elenco: Austin Butler, Regina King, Zoë Kravitz

Nota: 3,5/5.0

Por Amanda Gomes 

É curioso pensar em Darren Aronofsky, o diretor de obras intensas e famosas, assinando um filme que, à primeira vista, se encaixa no molde de um thriller urbano de ação. Mas foi exatamente isso que encontrei em “Ladrões”, adaptação do livro de Charlie Huston. E confesso que saí da sessão com a sensação de ter vivido uma mistura de caos, adrenalina e charme inesperado.

A trama acompanha Hank, um ex-jogador de beisebol que teve sua carreira interrompida após um acidente de carro. Agora, ele sobrevive como barman em Nova York, entre telefonemas para a mãe e um relacionamento instável com a namorada Yvonne. Tudo muda quando ele acaba envolvido numa trama criminosa que gira em torno de uma grande soma de dinheiro. Perseguido por mafiosos, policiais corruptos e gângsteres de diferentes origens, Hank precisa encontrar forças para resistir, mesmo quando tudo ao redor parece implodir.

Não há nada de muito novo na estrutura: é a clássica história do homem comum arrastado para o submundo, enfrentando inimigos maiores do que ele. O roteiro aposta em arquétipos bem conhecidos: os russos brutais, os punks caricatos, os irmãos hassídicos, os latinos violentos. Por vezes, isso soa simplista e até reducionista. Mas há uma energia em como Aronofsky organiza esse universo caótico, quase como se tivesse bebido da fonte de Guy Ritchie e Scorsese para criar um espetáculo urbano de perseguições, tiros e traições.

O maior trunfo, no entanto, é Austin Butler. Se em “Elvis” ele provou ser um camaleão e em “Duna: Parte 2” ganhou espaço numa superprodução, aqui ele se firma como estrela. Há um magnetismo difícil de explicar: não é só beleza, é presença. Butler consegue fazer de Hank um personagem vulnerável e resiliente, alguém por quem torcemos mesmo diante de escolhas equivocadas. Ele carrega o filme com um carisma que me lembrou astros de outra época, como James Dean ou Leonardo DiCaprio em seus primeiros anos.

Visualmente, “Ladrões” também impressiona. A Nova York dos anos 90 é retratada como um espaço sujo, opressivo e sufocante, quase uma personagem à parte. A sensação é de calor e claustrofobia, como estar num quarto fechado sem ar-condicionado no auge do verão. Essa atmosfera, reforçada por perseguições intensas e pela relação turbulenta de Hank com Yvonne, dá corpo ao filme e mantém a tensão em alta.

Ainda assim, não posso deixar de notar os tropeços. O roteiro exagera na caricatura de grupos marginalizados, e algumas situações são tão inconsequentes que beiram o absurdo. Além disso, personagens secundários fortes, como Regina King e David Dastmalchian, são pouco aproveitados. Mas mesmo nessas falhas, há uma estranha vitalidade no ritmo que impede o longa de se perder totalmente.

No fim, “Ladrões” é um filme contraditório: é caótico, violento, cheio de clichês e mesmo assim, é divertido. Aronofsky pode ter feito sua obra mais “comercial”, mas o resultado é cativante pela intensidade, pela atmosfera urbana sufocante e, acima de tudo, por Austin Butler em um papel que consolida sua ascensão como uma verdadeira estrela de Hollywood. Não é um Aronofsky clássico, mas é uma experiência que vale ser vivida no cinema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para mim! Me diga o que achou dessa postagem e se quiser que eu visite seu blog, informe o abaixo de sua assinatura ;)