terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Menina que via Filmes: Dois Dias, Uma Noite [Crítica]

Título Original: Deux Jours, Une Nuit
Título no Brasil : Dois Dias, Uma Noite
Dirigido por Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Com Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Catherine Salée mais
Gênero Drama

Nacionalidade França , Bélgica , Itália
censura 12 anos
Duração : 1h 35 min







Sandra (Marion Cotillard) perde seu emprego pois outros trabalhadores da fábrica prefiram receber um bônus ao invés de mantê-la na equipe. Ela descobre que alguns de seus colegas foram persuadidos a votar contra ela. Mas Sandra tem uma chance de reconquistá-lo. Ela e o marido (Fabrizio Rongione) têm uma tarefa complicada para o final de semana: eles devem visitar os colegas de trabalho e convencê-los a abrir mão de seus bônus, para que o casal possa manter o seu emprego.


A pergunta central que move esse filme é simples ( ou não!) : Você aceitaria ganhar um bônus de mil euros - ou no nosso dinheiro atual R$ 3.200,00 - mas que para isso fosse necessário demitir um colega seu do trabalho? 
Parece surreal, mas é essa a história do filme Dois Dias, Uma Noite que tem Marion Cotillard no papel de Sandra, uma funcionária de uma fábrica de peças que acabou de ter alta da depressão e quer voltar ao trabalho. No entanto, uma amiga lhe liga e informa que um dos chefes ofereceu um bônus de mil euros para que ela não voltasse mais, afinal viram sem os meses que ela ficou fora em tratamento que o serviço dela poderia ser feito com uma hora  a mais para cada um dos empregados. 
Marion está como sempre impecável no papel da mulher que não tem forças para nada e até pensa em desistir facilmente, mas com o apoio do marido Manu ( Fabrizio Rongione) ela resolve ir atrás de um por um dos colegas do trabalho pedir para que eles voltem atrás e votem a favor dela ficar e assim não receberem o bônus. O chefe lhe dá até segunda para que ocorra uma nova votação e ela tem exatamente o título do filme para reverter esse resultado.

Várias coisas intrigam o espectador . Sandra ainda está visivelmente mal, não dá atenção aos filhos e tem uma animação em falar com as pessoas que irrita. Ela não chora, não implora, ela aceita de bom grado e meio que deseja " tudo de melhor" para quem acabou de lhe dizer que não está nem aí que ela perca o emprego. 
É visível que alguns mal se importam com Sandra, o que importa é o dinheiro. E isso aflige quem assiste. No Brasil, onde essa prática não é utilizada, nos gera estranhamento, primeiro porque eles afirmam que são muito pobres e que sem o salário dela não pagarão mais a casa e terão que ir morar em um alojamento do governo. Não nos parece, eles tem um carro lindo, tudo de moderno dentro de casa e boa parte das pessoas que eles visitam e que dizem precisar muito do dinheiro está melhor que muito pobre brasileiro, fazendo terraço em uma linda casa por exemplo. Mas o filme se passa na Bélgica e os roteiristas e diretores quiseram passar na tela a era do desemprego europeu, que nem de longe se aproxima da pobreza extrema de países como o nosso. Olhando assim, ficamos com mais raiva das pessoas que dizem não poder deixar de receber o dinheiro , a quantia informada não é tão alta assim a ponto de mudar a vida de alguém. Uma coisa seria : " Te dou 300 mil se ela for mandada embora!" Mas três mil e duzentos? É dinheiro para se gastar em um mês pagando contas dessa vida cara que vivemos e que definitivamente não vale deitar  a cabeça no travesseiro sabendo que alguém foi demitido porque você aceitou um bônus . 

Se a cada não recebido por Sandra nos irritamos e temos vontade de socar a cara da pessoa, como informei acima ela diz que entende e que talvez ela mesma fizesse o mesmo. Aí que está, o quanto o dinheiro vale se você para recebê-lo prejudica alguém?
E fiquei pensando que no Brasil seria igual, muita gente diria que ok, mandar embora fulano para receber um dinheiro . E isso é desonesto, é mesquinho e me incomodou o filme todo.
Outro ponto muito bem levantado pelo filme é o da depressão, muitos ainda tratam a doença como frescura, e ela não deve ser tratada assim, casos recentes de famosos que aparentavam ter tudo que podemos ter e mesmo assim não viram mais graça na vida e se mataram chocaram o mundo que se perguntou o porquê. Sandra ao ver de muitos não deveria ter depressão. Tem um bom casamento, filhos saudáveis...e quando teve a doença ela ainda nem estava com esse problema no trabalho. Mas o que o filme mostra é que a depressão é mais forte do que a pessoa, é doença sim, merece ser tratada. Mas como fazer a sociedade entender isso? Aos olhos dos patrões ela falhou e esse é mais um ponto que conta a favor dela ser mandada embora , afinal , os meses que ficou afastada ocasionaram na tal votação. 
Marion concorre ao Oscar de melhor atriz pela interpretação, está como sempre, estupenda atuando. 
Se o filme fosse americano certamente estaria sendo falado no país inteiro, mas por ser belga/ francês só os que curtem cinema europeu pode ser que saibam da sua existência, uma pena, merecia ser visto e conscientizado por muitos. 

6 comentários:

  1. Um filme belga/francês..realmente, nunca é bem divulgado..ou nunca é, de fato. Eu nem fazia ideia da existência deste filme..e até agora não sei ao certo o que pensar.
    Dinheiro a custa do desemprego de alguém? Mas e se alguém for assim, aceitador e diga-se de passagem, mesquinho também?
    É estranho, bem estranho.
    Eu não aceitaria dinheiro, por maior que fosse, para custar a demissão de alguém..mesmo este alguém não merecendo..rs
    Beijo

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  2. Oi, Raffa!
    Gostei do filme... é bom conhecer como funcionam as coisas em outros países. Que bônus horrível hein? Acho que como vc me sentiria mal durante todo o filme... Eu amo a Marion... ela não é apenas linda mas é daquelas que parecem atuar sem esforço.
    Beeeeeeeeeijos

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  3. Provavelmente não verei esse filme no cinema, pois não chega onde moro.
    Eu acho o seguinte se eu aceitasse esse bônus hoje por ajudar uma pessoa a ser demitida amanhã pode ser minha vez. Então, não façamos aquilo que não queira que fizesse com você, portanto, eu não aceitaria.
    A questão da depressão é uma doença sim, e deve ter a sua devida atenção, acho até que as empresas deviam ser proibidas de mandarem funcionários com essa doença. Eles deveriam ter um programa para ajudá-las a superar.

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  4. Você pode me achar mesquinha e egoísta agora, mas R$3.200,00 faria uma diferença e tanto perto do salário mínimo da minha mãe... enfim, entendo sua colocação, as pessoas são egoístas demais e não pensam como podem prejudicar o próximo, e o filme mostra isso. A questão da depressão é interessante, todos os dias vemos pessoas com essa doença e mesmo assim, a maioria continua achando que é frescura.

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  5. Ainda não visto nada desse filme. Embora adoro a atuação da Marion, acho que não verei tão cedo. O tema é interessante e gera reflexões, por mais que não seja aplicável ao Brasil. Gostei a sua colocação.

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  6. Volto do feriado de Carnaval e já tem um tanto de resenha de livros e crítica de filmes <3
    O que dizer dos filmes franceses: lindos, em sua maioria. Sou apaixonada com a língua francesa, e creio que seja este, um toque diferente de todos os filmes franceses para os americanos e etc: o sotaque amável. Mas com relação ao filme, eu não aceitaria esse bônus para fazer isso não. Acima de tudo, é um amigo que estarei demitindo. Fico pensando se eu gostasse se alguém fizesse isso comigo. Acho que não. Este bônus é realmente um "presente de Grego". Achei a história bem diferente do que a gente está acostumado a ver em filmes. Gostei muito. Vou ver se ele está no cinema da minha cidade.
    Beijoooos

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