Título Original : Birdman
Título no Brasil : Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância
Dirigido por Alejandro González Iñárritu
Com Michael Keaton, Zach Galifianakis, Edward Norton mais
Gênero Comédia , Drama
Nacionalidade EUA
Censura : 16 anos
Duração : 1h 49 min
No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.

Quando soube que Birdman estava concorrendo em várias categorias do Oscar 2015 me animei muito. Sou fã de Michael Keaton, obviamente por causa do papel em Batman, e sofri junto com ele a cada filme médio que ele optou em fazer, como um Nicolas Cage menos famoso, Keaton apostou em filmes dramáticos como Minha Vida ao lado de Nicole Kidman e recentemente participou do péssimo remake de Robocop . Porque contei tudo isso? Porque tenho certeza que muitos verão em Birdman um filme se pé nem cabeça e nem ousarão entender o como ele é brilhantemente crítico .
Riggan Thomson ( Keaton, fenomenal, valendo a indicação ao Oscar) é um ator que já fez muito sucesso em Hollywood interpretando Birdman, uma espécie de Batman já vivido pelo ator que o faz.
No entanto, já se passaram 20 anos da última atuação como o homem pássaro e ele não conseguiu mais nenhum papel de destaque o que ganhou é de te vivido o personagem e no presente sofre quando as crianças nem sabem quem ele é, somente as mães.
Riggan é um astro em busca do seu reconhecimento, alguém que sente imensa falta do passado de glórias e que precisa ter novamente esse envolvimento com o público . Seria normal se o tal ator não ouvisse a si mesmo como um diabinho lhe dando ideias do que precisa fazer para voltar a ter sucesso, ou seja, o Birdman fica lhe falando o que fazer, em cenas que valem uma salva de palmas para Keaton.
Prestes a estrear uma peça que lhe valeu as últimas economias que possuía, ele ainda tem que lidar com um ator ótimo mas completamente doido ( Edward Norton, outro monstro atuando como sempre no papel de Mike) , uma atriz que sofre com o relacionamento com Mike ( Naomi Watts), e uma filha muito doida ( Emma Stone, que está tão magra e de olhos esbugalhados que achei que tinha vindo de Grandes Olhos) que luta contra o vício de drogas mas que clama por atenção paterna.
Nos bastidores sofremos com ele, é tanta gente louca que o espectador passa a ter pena do ex Birdman.
Para completar também temos Zach Galifianakis ( de Se beber, não case) como o agente que só pensa em se dar bem em cima do ator que tenta ter mais momentos de glória.
De verdadeiro na vida de Riggan sobra somente sue ex esposa que mesmo traída inúmeras vezes é quem sempre está do seu lado quando tudo parece mal.
Os diálogos são interessantes, a maior preocupação do protagonista em um voo que quase caiu era saber que se o avião caísse a manchete do jornal do dia seguinte seria que George Clooney morreu e não ele, é exatamente uma crítica ao mundo de celebridades e busca da fama que temos inclusive em nosso país, onde deixar de ser notícia é sofrido para alguns.
Michael Keaton talvez tenha feito tão bem o papel porque se identificou, em um mundo de aparências onde quando se está lá no alto faturando somos rodeados de falsos amigos e quando não fazemos mais sucesso todos somem, o ator parece entender bem do que se trata o filme e até as ilusões dele parecem reais para gente.
A cena em que ele ganha muita fama e os ingressos da peça se esgotam porque ele sem querer ficou de cueca em plena Times Square é sensacional, como não viralizar um vídeo do You Tube?
Sua filha vibra com as milhões de curtidas e compartilhamentos, e ele agora tem twitter com milhares de seguidores em um dia! Isso é ser atual.
Fica difícil não ter raiva da crítica de teatro que destrói montagens de peça em um único dia e sente prazer nisso, e claro que ele se pergunta o que faz mesmo alguém virar um crítico? A frustração de não ter virado ator ou diretor? O poder de ter influência sobre o que será sucesso ou não?
A cena é sensacional, assim como todo o filme e o final inesperado. Keaton merece cada indicação, está soberbo, e que venham mais filmes com o eterno Batman, aos 63 anos ele tem gás para muito filme bom!